Maior porta-aviões do mundo se aproxima da Venezuela
11 de novembro de 2025
USS Gerald R. Ford reforça contingente dos EUA na região e aumenta tensões com Caracas. Maduro reage com mobilização de forças, e Rússia condena ataques americanos em águas internacionais.
USS Gerald R. Ford comporta mais de 75 aviões e tem mais de 5 mil homens a bordoFoto: Gerard Bottino/SOPA Images/ZUMA/picture alliance
O USS Gerald R. Ford entrou na área de responsabilidade do Comando Sul das Forças Navais dos EUA, que abrange a América Latina e o Caribe, disse o comando militar americano em nota. O destacamento do porta-aviões foi ordenado há quase três semanas sob o argumento de ajudar no combate ao narcotráfico na região.
Com mais de 5 mil homens a bordo, a embarcação tem um reator nuclear próprio e um arsenal de mísseis de médio alcance e terra-ar, além de radares sofisticados que podem ajudar a controlar o tráfego aéreo e marítimo.
EUA afirmam agir contra o narcotráfico
Sob a justificativa oficial de deter o envio de drogas aos EUA, o governo do presidente Donald Trump mobiliza desde agosto tropas no mar do Caribe, próximo à costa da Venezuela.
A mobilização inclui destróieres com mísseis guiados, caças F-35B, drones MQ-9 Reaper, um grupo de assalto anfíbio com 4,5 mil militares (sendo cerca de 2,2 mil fuzileiros navais), um submarino de propulsão nuclear e um navio de apoio a operações de guerra especial. Isso representa 8% de toda a frota global americana de navios de guerra.
A presença do porta-aviões "reforçará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e interromper atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território dos Estados Unidos e nossa segurança no Hemisfério Ocidental", afirmou o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell.
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Trump: Maduro está com os "dias contados"
O governo venezuelano teme que o destacamento do poderio militar americano seja uma conspiração disfarçada para pôr fim ao regime do presidente Nicolás Maduro, cujas duas últimas reeleições foram consideradas fraudulentas por Washington e dezenas de outros países. Caracas, por sua vez, acusa o governo Trump de tentar "fabricar uma guerra".
Em agosto, Washington dobrou a recompensa por informações que levassem à prisão de Maduro para 50 milhões de dólares (R$ 263 milhões), acusando o ditador venezuelano de ligações com o narcotráfico e grupos criminosos, o que Maduro nega.
Em 2 de novembro, Trump minimizou a possibilidade de entrar em guerra com a Venezuela, mas disse que os dias de Maduro estavam contados.
As forças americanas realizaram desde o início de setembro ataques contra pelo menos 20 embarcações no Caribe e na costa do Pacífico da América Latina, matando pelo menos 76 pessoas, segundo dados dos EUA.
Rússia denunciou os ataques dos EUA contra embarcações da Venezuela como ilegais e "inaceitáveis"Foto: US President Donald Trump's TRUTH Social account/AFP
O governo Trump afirmou, em um comunicado ao Congresso, que os Estados Unidos estão envolvidos em "conflito armado" com cartéis de drogas latino-americanos, os quais descreve como grupos terroristas.
Washington, no entanto, não apresentou nenhuma prova de que as embarcações foram usadas para contrabandear drogas. Especialistas em direitos humanos afirmam que os ataques equivalem a execuções extrajudiciais e são ilegais, mesmo que tenham como alvo traficantes.
Venezuela anuncia mobilização
A Venezuela anunciou nesta terça-feira o que chamou de uma grande mobilização militar em todo o país para se contrapor à presença naval dos EUA em sua costa.
O Ministério da Defesa venezuelano se referiu a um "desdobramento maciço" de forças terrestres, navais, aéreas, fluviais e de mísseis, bem como milícias civis, para combater o que chamou de "ameaças imperialistas".
A emissora estatal VTV transmitiu imagens de líderes militares discursando em vários estados, algo que se tornou comum no país recentemente, mas que nem sempre resultou em desdobramentos militares visíveis.
Especialistas afirmam que a Venezuela estaria em séria desvantagem em um confronto militar com os Estados Unidos, com uma força de combate indisciplinada e um arsenal obsoleto.
Moscou condena ataques a embarcações
Nesta terça-feira, a Rússia denunciou os ataques dos EUA contra embarcações da Venezuela como ilegais e "inaceitáveis". "É assim que, em geral, agem os países sem lei, assim como aqueles que se consideram acima da lei", disse o Ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, questionando o que descreveu como um "pretexto para combater as drogas".
Maduro depende fortemente do Kremlin para apoio político e econômico.
As relações entre EUA e Rússia azedaram nas últimas semanas, com Trump expressando frustração com Moscou pela falta de uma solução para a guerra na Ucrânia.
rc/ra (AFP, Reuters)
O mês de novembro em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Mauro Pimentel/AFP
Abertura oficial do carnaval alemão em Colônia
Milhares de pessoas saíram às ruas em várias cidades do oeste alemão, como Colônia, Düsseldorf, Mainz e Koblenz, para celebrar o início da temporada de carnaval na região, que vai até fevereiro. Pessoas se reúnem nas praças, em geral em frente às prefeituras, já de manhã cedo e esperam até as 11h11 para começar a folia. (11/11)
Foto: Martin Meissner/AP Photo/picture alliance
Lula discursa na abertura da COP30 em Belém
Presidente Lula criticou "obscurantistas" e pediu que o evento imponha "nova derrota aos negacionistas". "Se os homens que fazem guerra estivessem aqui nessa COP iam perceber que é muito mais barato colocar 1,3 trilhão de dólares para acabar com um problema que mata, do que 2,7 trilhões para fazer guerra, como fizeram no ano passado", disse o brasileiro. (10/11)
Foto: Fernando Llano/AP Photo
Presidente alemão alerta contra "forças de extrema direita"
Em um momento que o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) desponta nas pesquisas, Frank-Walter Steinmeier diz que não pode haver cooperação política com extremistas e defende discutir proibição de legendas. Segundo ele, que discursou em evento comemorativo da queda do Muro de Berlim, a democracia enfrenta seu maior teste desde a Reunificação Alemã. (09/11)
Foto: Maryam Majd/POOL/AFP/Getty Images
Paz assume na Bolívia e promete "capitalismo para todos"
Rodrigo Paz assume após quase duas décadas de governos de esquerda no país. O mandatário prometeu cortar subsídios estatais e encaminhar a Bolívia gradualmente para uma economia de mercado, estreitando relações com os EUA e outros parceiros comerciais. Entre os desafios que enfrentará estão uma grave crise econômica e o estabelecimento de alianças no Legislativo. (08/11)
Foto: Claudia Morales/REUTERS
Tornado destrói 90% de cidade no Paraná e deixa 6 mortos
Ao menos seis pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas com a passagem de um tornado pelo Centro-Sul do Paraná. O município mais atingido foi Rio Bonito do Iguaçu, que tem 14 mil habitantes e fica a 380 quilômetros de Curitiba, com cinco mortos.. Segundo o governo paranaense, 90% da cidade foi destruída e há mais de mil desabrigados. (07/11)
Foto: Jonathan Campos/AEN
Lula abre cúpula de líderes da COP30 com apelo por fundo climático
O Brasil deu início à cúpula de líderes que precede a COP30 e reúne mais de 50 chefes de governo. As discussões dão o tom das negociações que acontecerão a partir do dia 10, em Belém. Lula lançou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que remunera países que protegem suas florestas tropicais. Até o momento, 5 nações confirmaram US$ 5,5 bi em investimentos, metade do previsto para o ano. (06/11)
Foto: Ricardo Stuckert/Brazilian Presidency/AFP
Sob protestos, Shein inaugura primeira loja física em Paris
Ícone da ultra fast fashion, a varejista chinesa enfrenta críticas por modelo de baixo custo, que concorrentes chamam de "vantagem injusta". Enquanto isso, o governo francês iniciou procedimentos para suspender o site da loja por vender bonecas sexuais de aparência infantil. A Shein têm uma média de 27,3 milhões de consumidores virtuais por mês. (05/11)
Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERS
Morre Dick Cheney, arquiteto da "guerra ao terror"
Considerado um dos vice-presidentes mais poderosos dos EUA, Dick Cheney morreu aos 84 anos de complicações de uma pneumonia e doenças cardíacas. Discreto, porém incisivo, Cheney serviu a dois presidentes, George H.W. Bush e George W. Bush, pai e filho. No poder, foi o estrategista da invasão desastrosa do Iraque e autorizou uso de técnicas de tortura em suspeitos de terrorismo. (04/11)
Morre o músico Lô Borges, cofundador do Clube da Esquina
Morre o compositor Lô Borges, um dos principais nomes da MPB e coautor do icônico álbum Clube da Esquina (1972) com Milton Nascimento. Ele estava internado desde 17 de outubro devido a uma intoxicação medicamentosa. Borges tinha 73 anos. De acordo com o boletim médico divulgado nesta segunda-feira, ele sofreu falência múltipla de órgãos. (03/11)
Foto: Joao Diniz/Wikimedia Commons
Rússia mira rede de energia e deixa milhares sem eletricidade na Ucrânia
A Rússia lançou uma onda de drones e mísseis contra a Ucrânia durante a madrugada, matando ao menos seis pessoas e cortando a energia de 58 mil residências da região de Donetsk. Impactos também foram registrados em Odessa. A Ucrânia respondeu com ofensivas de retaliação contra a infraestrutura de petróleo e gás russos, atingindo um navio petroleiro no Mar Negro. (02/11)
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Milhares protestam na Sérvia em atos contra o governo
Dezenas de milhares de pessoas se reuniram em Novi Sad para homenagear as 16 vítimas de um desabamento na estação de trem da cidade ocorrido há um ano. A tragédia desencadeou o movimento de protesto mais intenso da história recente do país, majoritariamente liderado por estudantes. Os participantes acusam o governo do presidente Aleksandar Vucic de negligência e pedem eleições antecipadas.(1º/11)