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Maioria é contra pontos-chave do pacote anticrime de Moro

11 de abril de 2019

Pesquisa revela que parte significativa da população rejeita medidas como a flexibilização da liberdade de atirar e a posse de arma para autodefesa, itens essenciais das propostas do governo Bolsonaro.

Proposta de flexibilizar liberdade para os policiais abrirem fogo contra suspeitos apresentou grande rejeição
Proposta de flexibilizar liberdade para os policiais abrirem fogo contra suspeitos apresentou grande rejeiçãoFoto: Reuters/U. Marcelino

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (11/04) pelo Datafolha revelou que uma parte significativa das propostas que integram o pacote anticrime, elaborado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, não são bem vistas pela população.

Segundo o levantamento, 64% dos brasileiros afirmam que a posse de armas deve ser proibida, enquanto 72% dizem que a sociedade não fica mais segura com pessoas armadas.

Sobre a polícia, 51% dos entrevistados disseram ter mais medo do que confiança na instituição, enquanto 47% afirmaram ter mais confiança do que medo.

A proposta de flexibilizar a liberdade para os policiais abrirem fogo contra suspeitos apresentou grande rejeição. Dos entrevistados, 81% disseram que a rejeitam porque inocentes poderão sair feridos; 82% disseram acreditar que quem atira em alguém por se sentir muito nervoso deve ser punido; e 79% opinaram que os policiais que atirarem devem ser investigados.

Uma das primeiras medidas do governo do presidente Jair Bolsonaro foi viabilizar, através de decreto, a facilitação do porte de armas, além da "retaguarda jurídica" para o combate à criminalidade.

O pacote anticrime prevê que policiais que abrirem fogo em decorrência de "medo, surpresa ou violenta emoção" poderão ter suas penas reduzidas pela metade ou até mesmo não serem penalizados. Somente 16% dos entrevistados pelo Datafolha concordam com esse argumento.

Sobre a posse de armas, 64% acreditam que deve ser proibida por representar uma ameaça à vida de terceiros, enquanto 34% defendem que possuir uma arma é um direito do cidadão. A rejeição á posse é particularmente alta entre as mulheres (74%), jovens de idade entre 16 e 24 anos (69%) e pessoas com renda de até 2 salários mínimos.

Já os que defendem a posse de armas em razão do direito se defender são na maioria homens (47%), pessoas de cor branca (44%), com nível superior (40%) e com renda maior que 10 salários mínimos (81%).

Um sinal claro da rejeição dessas medidas do pacote anticrime foi a constatação de que 72% dos brasileiros não concordam com a afirmação: "a sociedade brasileira seria mais segura se as pessoas andassem armadas para se proteger da violência". Apenas 26% concordaram com a frase.

Outro indício da falta de apoio é que 81% dos entrevistados acham que a polícia não deveria ter liberdade para atirar em suspeitos sob o risco de atingir pessoas inocentes, enquanto apenas 17% defendem que sim.

Segundo lembra o Datafolha, os dados contrariam opiniões defendidas por políticos como os governadores de São Paulo, João Dória, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, além do próprio Bolsonaro.

De acordo com a pesquisa, a porcentagem dos que defendem o extermínio de criminosos como política de segurança é de 29%.

Casos como os 80 tiros disparados por soldados do Exército contra um veículo no Rio de Janeiro, resultando na morte de um músico, aumentam a oscilação entre a confiança e o medo na relação da população com as autoridades.

O Datafolha entrevistou 2.086 pessoas maiores de 16 anos em 130 municípios durante os dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95% do levantamento.

RC/ots

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