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Maioria alemã apoia ambientalismo, mas critica protestos

Elizabeth Schumacher md
12 de outubro de 2019

Muitos são contra alunos matarem aula e tráfego ser interrompido em manifestações pelo clima, aponta sondagem. Entretanto maior parte se dispõe a sofrer restrições por medidas de combate à mudança climática.

Acampamento de ativistas em gramado em Berlim
Ambientalistas acampam no centro de BerlimFoto: imago images/A. Friedrichs

A maioria dos alemães não apoia que crianças faltem à aula para participar nas sextas-feiras dos protestos do movimento Greve pelo Futuro (Fridays for Future) ou atos semelhantes contra mudanças climáticas – é o que indica uma sondagem da série Deutschlandtrend, divulgada nesta quinta-feira (10/10) pela agência de demoscopia Infratest Dimap.

Dias depois de o movimento ambiental Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção) iniciar uma série de protestos pelo mundo  pedindo a países e empresas que façam mais pela proteção ambiental, 63% dos alemães não consideram justificável permitir que jovens percam um dia de aula para participar de manifestações. Uma parcela ainda maior, de 76%, se diz contra a interrupção do tráfego e da indústria.

No entanto, a maioria dos eleitores quer que o próprio governo alemão faça mais a respeito das mudanças climáticas. A maioria dos eleitores de todos os partidos, exceto o populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), considera não ser arrojado o suficiente o novo pacote climático

 de medidas contra o aquecimento global, lançado pelo governo da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Para 83% dos eleitores do Partido Verde, a Lei de Proteção ao Clima – que introduzirá um imposto mínimo sobre carbono, impostos mais altos para viagens aéreas e um subsídio maior para a compra de carros elétricos – não é suficiente para combater as mudanças climáticas.

Cerca de 55% por cento dos eleitores do Partido Social-Democrata (SPD) também concordam que o pacote não vai longe o suficiente, enquanto 35% dos que votam nos democratas-cristãos de Merkel são da mesma opinião.

Num país em que muitos dependem do trem para viajar, a nova medida para reduzir os preços das passagens ferroviárias de longa distância recebeu apoio de 92% dos consultados. Taxas mais altas para decolagens em aeroportos alemães, o lançamento de um prêmio para a substituição de aquecedores a óleo antigos, e um imposto mais alto para quem viaje de carro foram vistos favoravelmente pela maioria, mas não o aumento do subsídio governamental para compra de carros elétricos, recebendo apenas 43% de apoio.

Os alemães parecem acreditar ser mais importante proteger o meio ambiente do que se importar com os efeitos das medidas de proteção climática no dia a dia. Para 57% dos entrevistados, o governo tem o direito de proibir ações de pessoas físicas e jurídicas que poluam e promovam mudanças climáticas, enquanto apenas 38% se dizem preocupados com eventuais "restrições" a suas vidas em decorrência desses regulamentos.

A favor da distribuição de refugiados

A pesquisa também mostrou que a maioria dos alemães apoia a proposta do ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, de ajudar mais diretamente países como Itália, Espanha e Grécia, recebendo uma porcentagem específica de refugiados resgatados no Mar Mediterrâneo. Cerca de 58% dos participantes se disseram a favor da ideia, e a maioria dos apoiadores dos principais partidos políticos – exceto a AfD – concorda com o plano.

A ideia também parece ter contribuído para aumentar a popularidade de Seehofer, que vem se recuperando lentamente desde que quase provocou a derrubada do governo de Merkel, devido a seu desejo de uma política de imigração mais rígida do que a da chanceler federal.

A popularidade pessoal de Seehofer aumentou mais do que a de qualquer outro político alemão em setembro, chegando a 39%, num incremento de nove pontos percentuais, segundo a pesquisa.

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