Maioria dos alemães defende refugiados de volta à África
15 de agosto de 2017
Segundo pesquisa, quase 70% dos cidadãos da Alemanha defendem repatriação de migrantes à Líbia após chegarem à Europa. Entre simpatizantes de partido populista de direita, apoio chega a quase 100%.
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Uma pesquisa encomendada pelo jornal Die Welt aponta que 69,8% dos alemães são a favor de que refugiados que chegaram à Europa pelo Mar Mediterrâneo sejam enviados de volta à Líbia.
De acordo com a pesquisa, realizada pelo instituto Civey e divulgada nesta segunda-feira (14/08), somente 20% são contra essa prática. Outros 10,2% se disseram indecisos – um percentual elevado quando comparado ao de outras pesquisas, segundo o Civey.
Sobretudo alemães com 65 anos de idade ou mais querem que os refugiados sejam levados de volta ao norte da África, mesmo que já tenham alcançado o continente europeu. Quase três quartos das pessoas nessa faixa etária se manifestaram a favor da prática.
A mesma opinião também foi verificada entre mais de 75% dos habitantes de regiões pouco povoadas. Em relação aos moradores de áreas densamente povoadas, constatou-se uma diferença de dez pontos percentuais.
A pesquisa também aponta que cidadãos do leste da Alemanha são mais favoráveis à repatriação dos refugiados (74,4%) do que os do oeste do país (68,5%). A diferença entre os que se manifestaram contrários ao reenvio dos migrantes é ainda maior: 14,2% no leste, e 21,6% no oeste.
Entre os partidos políticos, os que mais se manifestaram a favor da condução dos refugiados de volta à Líbia foram os simpatizantes da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Destes, 98,8% disseram defender a ideia. O único grupo de eleitores cuja maioria se manifestou contra a repatriação (48,8% contra e 34,7% a favor, os demais não opinaram) foi o do Partido Verde.
A Líbia é ponto de partida de milhares de migrantes africanos que querem chegar à União Europeia (UE). Eles se arriscam na travessia do Mediterrâneo em embarcações precárias, resultando em muitas mortes. Em torno de 2.230 migrantes morreram este ano durante a viagem.
A Guarda Costeira líbia vem aumentando sua presença no Mediterrâneo – supostamente por pressão da UE e da Itália, porta de entrada para os migrantes do continente –, o que teria desencorajado traficantes de pessoas. Assim, o número de migrantes que completaram a travessia em julho caiu pela metade em relação a junho, para 10.160, segundo a Frontex, agência europeia de proteção de fronteiras externas e costas.
LPF/dpa/ots
Os maiores medos dos alemães
Criminalidade, novas guerras, desemprego, pobreza na velhice, refugiados, atentados terroristas, mudanças climáticas. Entre esses temas, pesquisa quis saber quais dão mais medo nos alemães.
Foto: Reuters/S.Zhumatov
7° lugar: Desemprego
O instituto Emnid entrevistou os alemães quanto a seus receios diante de sete temas, que vão da criminalidade ao desemprego. Em média, somente 33% dos entrevistados disseram ter medo de perder o emprego. Entre as mulheres, essa cifra é maior (40%), como também entre os cidadãos do Leste alemão (37%). Mesmo assim, o desemprego é lanterninha entre os temores dos alemães.
Foto: Imago/mm images/Neudert
6° lugar: Refugiados
Afluxo de refugiados ocupa somente penúltimo lugar entre medos dos alemães: em média, 45% dos entrevistados mencionaram preocupação com entrada de migrantes. Entre as mulheres, esse temor é mais elevado (49%). A surpresa ficou por conta do Leste alemão: em média, só 43%. Há também diferenças de orientação política: o tema é o que mais preocupa eleitores da legenda populista de direita AfD (90%).
Foto: picture alliance/dpa/NurPhoto/C. Marquardt
5° lugar: Pobreza na velhice
Entre os sete temas apresentados, a pobreza na velhice preocupa em média 59% dos alemães. Nos estados do Leste, o receio é um pouco menor (57%). Essa cifra, no entanto, eleva-se entre as mulheres: 64%. Já quanto às diferenças de orientação política dos entrevistados: 71% dos eleitores do partido A Esquerda responderam que tinham medo de envelhecer pobres.
Foto: picture-alliance/dpa
4° lugar: Criminalidade
Em média 62% dos mil entrevistados pelo instituto de pesquisa de opinião Emnid expressaram receios em torno da segurança, o que faz com que a criminalidade ocupe o quarto lugar entre os temas sugeridos. Entre as mulheres (65%), no Leste alemão (68%) e entre os eleitores da legenda populista de direita AfD (84%), o tema gera mais preocupações.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Rumpenhorst
3° lugar: Atentados terroristas
O medo de ataques terroristas na Alemanha, um tema que também gira em torno de segurança, ocupa a terceira posição entre os medos dos entrevistados pelo Emnid. Em média, 63% disseram se preocupar com possíveis atentados no país. Mais uma vez, entre as mulheres (70%), nos estados do Leste alemão (72%) e entre eleitores da AfD (72%), esse temor é mais acentuado.
Foto: picture-alliance/Geisler-Fotopress
2° lugar: Novas guerras
Guerra na Síria e no leste ucraniano, tensões na Península da Coreia: o mundo parece estar mais complexo e mais violento. Isso explica, possivelmente, por que em média 65% dos cidadãos alemães entrevistados disseram temer a eclosão de novas guerras. Novamente, esse temor é mais acentuado entre as mulheres (70%). Já nos estados da antiga Alemanha Oriental, essa média permaneceu inalterada.
Foto: picture alliance/AP Photo
1° lugar: Mudanças climáticas
Em vez da entrada de refugiados ou da perda de emprego, o grande medo dos alemães são as mudanças climáticas – em média, 71% deles disseram temê-las. Entre as mulheres e nos estados do Leste alemão, o tema preocupa até mesmo 76% dos entrevistados. O tópico, no entanto, é menos amedrontador para eleitores de A Esquerda (58%) ou da ultradireitista AfD (57%).