Alemães não culpam política de refugiados por atentado
28 de dezembro de 2016
Para 68% dos entrevistados não há relação direta entre política acolhedora de refugiados e ataque a mercado natalino em Berlim. Tema deverá dominar campanha eleitoral de 2017.
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A maioria dos alemães não vê uma relação direta entre o atentado a um mercado natalino em Berlim e a política de refugiados da chanceler federal Angela Merkel, indica uma pesquisa de opinião divulgada nesta quarta-feira (28/12) pela revista Stern.
Segundo a pesquisa do instituto Forsa, apenas 28% dos entrevistados disseram que a política de refugiados do governo é culpada pelo ataque, que deixou 12 mortos e mais de 50 feridos. Outros 68% não veem essa relação.
A pesquisa avaliou ainda como o ataque poderá influenciar as eleições parlamentares de 2017 na Alemanha. Dos entrevistados, 76% disseram acreditar que o tema terrorismo e segurança terá um papel de destaque na campanha eleitoral. Para 67%, o debate do tema segurança interna vai prejudicar Merkel. Apenas 17% acreditam que ela sairá ganhando com a discussão.
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Uma outra pesquisa da Stern e da emissora RTL mostrou um ligeiro aumento na intenção de voto para o partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), e para a sua legenda-irmã, a União Social Cristã (CSU), depois do ataque em Berlim. Juntas, elas somaram 38%, uma alta de dois pontos e o maior percentual do ano, igual ao de janeiro.
Segundo a mesma pesquisa, o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que critica duramente a política de refugiados de Merkel, subiu um ponto percentual na intenção de votos, chegando a 12%.
O atentado ao mercado de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, deixou 12 mortos e mais de 50 feridos na segunda-feira passada. O suspeito de ser o autor do ataque, o tunisiano Anis Amri, foi morto pela polícia italiana na cidade de Sesto San Giovanni, nos arredores de Milão, na sexta-feira.
CN/dpa/ots
O que se sabe sobre a tragédia em Berlim
Reunimos os principais fatos sobre o ataque com um caminhão à feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O local
Por volta das 20h (hora local) de segunda-feira (19/12), um caminhão avançou contra uma feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim. A praça diante da Igreja Memorial do Imperador Guilherme é um destino turístico conhecido. Próximos dali ficam a Estação Zoo e a famosa avenida Kurfürstendamm.
Foto: Google Earth
O que ocorreu
O caminhão invadiu a calçada e avançou cerca de 80 metros sobre a feira de Natal, atropelando pessoas e destruindo barracas. As autoridades dizem não haver dúvidas de que se trata de um atentado e partem do princípio de que seja um ato terrorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
As vítimas
Ao menos 12 pessoas morreram e outras 56 ficaram feridas, 30 das quais em estado grave. Oito dos mortos foram identificados como alemães, um homem é polonês, uma mulher é israelense, uma segunda é italiana e um outra é da República Tcheca.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
A vítima polonesa
A primeira vítima do atentado foi o polonês Lukasz U., de 37 anos, motorista do caminhão sequestrado pelo autor do ataque. Segundo investigadores, o polonês foi esfaqueado diversas vezes, sugerindo que teria tentado reassumir o volante do veículo. Após a autópsia, contudo, constatou-se que Lukasz fora fuzilado horas antes do ataque. A polícia encontrou o corpo do polonês na cabine do veículo.
Foto: picture alliance/AP Photo/Str
As investigações
As investigações foram encaminhadas à Procuradoria Federal, responsável por casos de terrorismo. Os motivos do atentado ainda são desconhecidos, mas ele é investigado como sendo um atentado terrorista. Investigadores falam que várias pessoas podem estar envolvidas. Uma operação de busca foi realizada pela polícia num abrigo de refugiados de Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O primeiro suspeito
O refugiado paquistanês detido por suposto envolvimento no ataque foi solto pelas autoridades. A Procuradoria Federal comunicou que não foi expedido nenhum mandado de prisão contra o jovem de 23 anos, que entrou no país como refugiado em 31 de dezembro de 2015. As investigações não conseguiram provar que ele esteve na cabine do caminhão. Não havia, por exemplo, manchas de sangue na roupa dele.
Foto: Reuters/H. Hanschke
O segundo suspeito
Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, é o principal suspeito. Ele foi morto por policiais italianos quatro dias depois do ataque. Amri chegou à Alemanha em 2015 e teve pedido de refúgio negado em junho de 2016. Como não pôde ser deportado por questão burocrática, passou a ser "tolerado". Ele circulava entre Berlim e o estado da Renânia do Norte-Vestfália. Um documento dele foi encontrado na cabine.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeskriminalamt
Os responsáveis
O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, é o suspeito de ser o condutor do caminhão. Ele foi morto por policiais italianos na madrugada desta sexta-feira. Um documento dele, de "refugiado tolerado" na Alemanha, foi encontrado na cabine do caminhão. O "Estado Islâmico" assumiu a autoria do ataque.