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Maioria rejeita bandeiras pró-armas de Bolsonaro

11 de julho de 2022

Em maio, Datafolha apontou que 71% discordam que "sociedade seria mais segura se pessoas andassem armadas". Sete em cada dez também rejeitam facilitar acesso às armas e ideia de que "povo armado jamais será escravizado".

Arma de fogo
Foto: picture-alliance/dpa/ZUMAPRESS

O assassinato em Foz do Iguaçu (PR) do dirigente municipal do PT Marcelo Arruda por um bolsonarista durante uma festa de aniversário com temática pró-Lula, no sábado (09/07), trouxe à tona o receio de novos episódios de violência armada durante a campanha eleitoral deste ano.

Críticos de Jair Bolsonaro o acusaram de estimular "ódio político" e "fanatismo inconsequente", e lembraram das diversas vezes em que o presidente de extrema direita estimulou o armamento da população. 

No crime em questão, tanto o perpetrador como a vítima exerciam profissões associadas ao porte de arma – Arruda era guarda municipal e o bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, que está hospitalizado e teve sua prisão preventiva decretada, é agente penitenciário federal. 

Mesmo assim, diversos indicadores apontam para o aumento do número de armas em circulação no país. O número de pessoas com certificado de registro de armas de fogo cresceu 474% no governo Bolsonaro, segundo o Anuário de Segurança Pública, com base em informações do Exército. Até 1º de julho de 2022, eram 674 mil registros ativos do tipo, que consideram apenas as atividades de caçador, atirador desportivo e colecionar (CAC). Em 2018, eram 117 mil registros ativos.

7 em cada 10 discordam que armas trazem mais segurança

Apesar das iniciativas e falas de Bolsonaro a respeito, a maioria dos brasileiros rejeita as principais bandeiras pró-armas do presidente. Pesquisa Datafolha realizada no final de maio apontou que sete em cada dez brasileiros discordam da ideia de que armas trazem mais segurança para a população.

O levantamento do Datafolha envolveu três perguntas, que abordam diretamente ideias defendidas pelo presidente de extrema direita. Questionados sobre a frase "a sociedade seria mais segura se as pessoas andassem armadas para se proteger da violência", 72% dos entrevistados discordaram. Apenas 26% concordaram com a ideia. Ainda na campanha eleitoral, Bolsonaro defendeu flexibilizar o acesso a armas de fogo para que, segundo ele, a população pudesse "se defender".

Segundo o Datafolha, o percentual de rejeição às armas é maior entre mulheres (78%), entre pessoas que se autodeclaram pretas (78%) e entre aquelas que recebem até dois salários mínimos (75%). A ideia de que "armas trazem mais segurança", porém, encontra mais aceitação entre brasileiros do sexo masculino (32%), da região Norte (33%) e com renda familiar superior a dez salários mínimos (37%).

Os entrevistados também foram confrontados com a frase "é preciso facilitar o acesso às armas". Neste caso, 71% discordaram e apenas 28% concordaram.

Por fim, o Datafolha submeteu um dos bordões do presidente Bolsonaro: "o povo armado jamais será escravizado", que o presidente já repetiu em várias ocasiões. Mais uma vez, essa bandeira do presidente também é rejeitada pela maioria dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 69% rejeitam a afirmação. A discordância é novamente maior entre mulheres (73%) e entre pessoas autodeclaradas pretas (73%).

Apenas 28% dos brasileiros concordam com o presidente nesta questão. O  percentual é maior na região Norte (40%) e entre pessoas com renda superior a dez salários mínimos (41%).

Em dezembro de 2019, antes mesmo da posse de Bolsonaro, o Datafolha já havia apontado que seis em cada dez brasileiros afirmavam que a posse de armas deveria ser totalmente proibida, pois "representa ameaça à vida das pessoas".

Jair Bolsonaro em 2019 ao lado de aliados fazendo gestos de "arminha" com as mãos, durante assinatura de um decreto para facilitar o acesso a armas de fogoFoto: Getty ImagesAFP/E. Sa

Em seu governo, Bolsonaro publicou uma série de medidas para facilitar o acesso a armas de fogo, mesmo com a oposição da maioria dos brasileiros.

Alguns dos projetos iniciais do presidente previam até mesmo o acesso facilitado a fuzis de assalto pela população, tal como ocorre nos EUA, país que Bolsonaro já se referiu várias vezes como "um exemplo" em relação a armas de fogo - ignorando que o número de homicídios por arma de fogo na sociedade americana é colossalmente superior ao de outras nações desenvolvidas.

jps/bl (ots)

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