Maioria reprova gestão de Bolsonaro contra pandemia
9 de julho de 2021
Pesquisa Datafolha também aponta que 46% dos brasileiros consideram que presidente é o principal culpado pela situação da pandemia, que já deixou mais de 530 mil mortos no país.
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A avaliação dos brasileiros em relação a gestão de Jair Bolsonaro piorou, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (09/07). Ainda segundo o instituto, quase metade dos brasileiros apontam o presidente como o principal culpado pela situação sanitária do país, que acumula mais de 530 mil mortes notificadas por covid-19.
Segundo o Datafolha, a gestão de Bolsonaro em relação ao coronavírus é ruim ou péssima para 56% dos entrevistados. É um crescimento de cinco pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada em maio, quando 51% reprovaram a gestão.
A avaliação de Bolsonaro na gestão da pandemia:
Ruim/péssimo: 56%
Regular: 21%
Bom/ótimo: 22%
Não sabe: 1%
O levantamento ainda perguntou aos entrevistados quem eles consideram como o principal culpado pela situação sanitária do país. Bolsonaro foi apontado por 46% dos entrevistados. Na pesquisa anterior, em maio, 39% tinham essa avaliação.
Ao longo da pandemia, Bolsonaro minimizou frequentemente os riscos do coronavírus, além de promover curas sem eficácia e tentar sabotar iniciativas de vacinação e combate à doença lançadas por governadores em resposta à inércia do seu governo na área. No momento, o presidente também é um alvo de uma CPI, que investiga a má gestão do Planalto e suspeitas de corrupção na compra de vacinas.
O principal responsável pela situação atual da pandemia no Brasil
Presidente: 46%
Governadores: 18%
Prefeitos: 10%
Todos: 7%
Nenhum: 9%
Outros: 4%
Não sabe: 6%
A pesquisa Datafolha ouviu 2.074 pessoas em 7 e 8 de julho em 146 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Mais cedo, o Datafolha divulgou que 59% dos eleitores brasileiros não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum em 2022. É a maior rejeição entre todos os nomes incluídos na pesquisa. Lula e Doria, por exemplo, aparecem com 37% cada. Ciro Gomes, 31%. O instituto também mostrou que Lula ampliou sua vantagem sobre Bolsonaro em 2022 e que o petista pode ganhar o pleito ainda no primeiro turno.
Na quinta-feira, o Datafolha apontou ainda que a reprovação ao governo Jair Bolsonaro atingiu a marca de 51%, o índice mais alto entre todos os levantamentos realizados pelo instituto desde a posse, em janeiro de 2019. Outra etapa da pesquisa indicou que a maioria dos brasileiros considera Bolsonaro desonesto, incompetente, despreparado, indeciso, falso e autoritário.
jps (ots)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.