Maioria dos brasileiros se opõe a privatização de estatais
26 de dezembro de 2017
Resistência à transferência de empresas públicas para o setor privado é marcada até entre adeptos de partidos pró-redução do Estado. Apoio majoritário só se registra entre os que ganham mais de dez salários mínimos.
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Segundo levantamento publicado pelo jornal Folha de São Paulo nesta terça-feira (26/12), 70% dos brasileiros se opõem à privatização das companhias estatais. O rechaço predomina em quase todos os segmentos, independente de religião, gênero, escolaridade ou preferência política.
Entre os opositores da transferência de empresas públicas para o setor privado estão até mesmo eleitores de partidos que historicamente fizeram da redução do aparato estatal o eixo central de sua plataforma política – como, por exemplo, 55% dos simpatizantes do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), a legenda de centro-direita executou uma ampla agenda de privatizações.
O estudo, que tem margem de erro de mais ou menos dois pontos percentuais, foi realizado pelo instituto de pesquisa Datafolha com 2.765 indivíduos. Ele mostra que o apoio às privatizações só é majoritário (55%) entre os entrevistados cujo salário mensal excede dez salários mínimos (937 reais).
A aceitação cai em proporção direta aos vencimentos, chegando a 13% entre os que ganham dois salários mínimos por mês ou menos. No total, 67% dos participantes veem mais prejuízos do que benefícios na venda de firmas nacionais a grupos estrangeiros.
Em agosto último, o governo Michel Temer anunciou um pacote de privatizações, com o qual pretende arrecadar 20 bilhões de dólares. O programa governamental inclui 57 projetos de privatização de estatais e concessões de empresas públicas com o objetivo de aquecer a economia do país atualmente em crise. Na mesma época, o Ministério da Fazenda anunciou um déficit fiscal de 51 bilhões de dólares para os anos de 2017 e 2018.
AV/dpa,ots
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Brasil como esperança para refugiados venezuelanos
Despotismo estatal, crise de abastecimento, violência: esses são apenas alguns dos motivos por que milhares de venezuelanos abandonam seu país. Para muitos, o vizinho Brasil significa o começo de uma nova vida.
Foto: Reuters/N. Doce
Boa Vista: abrigos emergenciais em barracas
Muitos refugiados da Venezuela primeiro encontram abrigo no Brasil em barracas. As desta foto foram armadas pela Defesa Civil da cidade de Boa Vista, em Roraima. Em plena região amazônica, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, os refugiados recebem alojamento improvisado. A Igreja Evangélica local distribui refeições aos necessitados.
Foto: Reuters/N. Doce
Próxima parada: ginásio poliesportivo
O primeiro teto sobre a cabeça de muitos refugiados é o de um ginásio poliesportivo. Para o Brasil, que também enfrenta uma crise econômica, o acolhimento dos refugiados é tarefa complicada. Inúmeras cidades brasileiras já anunciaram a falta dos recursos necessários. Manaus, capital do Amazonas, já declarou estado de calamidade social.
Foto: Reuters/N. Doce
Aparência digna, mesmo na necessidade
Um cabeleireiro se ocupa de outro refugiado ao ar livre. Muitos jovens venezuelanos tentam a sorte no lado brasileiro da fronteira ou em outros países. Estima-se que cerca de 34 mil abandonaram a Venezuela em 2016. Em 2018, são esperados mais de 2 milhões de refugiados.
Foto: Reuters/N. Doce
Dar à luz no Brasil
Esta venezuelana deu à luz seu bebê no Brasil e recebe assistência no hospital. Em seu país, a assistência médica é extremamente restrita. Em situação econômica desoladora, o Estado venezuelano está incapacitado de adquirir os medicamentos e tecnologia médica necessários para assistir a população.
Foto: Reuters/N. Doce
Trabalho a todo custo
Nem bem chegam ao Brasil, os refugiados buscam alguma oportunidade de trabalho. As poucas economias que trazem consigo, em bolívares, não têm valor algum no Brasil. Por não encontrarem com facilidade empregos correspondentes a sua qualificação, mesmo venezuelanos com boa formação acadêmica têm que aceitar trabalhos informais.
Foto: Reuters/N. Doce
Vendedores ambulantes
Como a situação econômica no Brasil também é tensa, os refugiados concorrem com os vendedores ambulantes locais. Este homem portando uma mochila com as cores da bandeira nacional da Venezuela vende na rua pequenos acessórios para automóveis, como limpadores de para-brisa, protetores solares para vidros e sets de limpeza.
Foto: Reuters/N. Doce
Abrigos nas ruas
Atrás de um ginásio poliesportivo onde refugiados venezuelanos estão abrigados, esta família descansa em redes montadas na rua. Em muitos países sul-americanos, as redes são o lugar preferido para se dormir. A presença desses refugiados em Boa Vista, Roraima, vem gerando fortes sentimentos xenófobos entre a população local.
Foto: Reuters/N. Doce
Na mira das autoridades
Policiais de Boa Vista, Roraima, controlam regularmente os lugares onde vivem e se reúnem os refugiados venezuelanos. Sua situação de vida complicada acaba empurrando-os para a ilegalidade. A fim de melhorar suas condições financeiras, alguns se tornam criminosos, outros se prostituem – um desafio para forças de segurança e sociedade locais.