Maioria dos jovens da Venezuela quer deixar o país
6 de março de 2018
Crise econômica e política impulsiona desejo de migração entre venezuelanos. Segundo pesquisa, Colômbia, Estados Unidos e Chile são os destinos mais visados por aqueles que querem emigrar.
Anúncio
Diante da grave crise econômica e política que atinge a Venezuela, 53% dos venezuelanos com idade entre 15 e 29 anos gostariam de deixar o país, apontou uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (06/03).
O estudo do instituto americano Gallup indicou ainda que 41% dos venezuelanos em geral desejavam sair do país no ano passado, seis pontos percentuais a mais que em 2016 e quase o dobro da proporção registrada em 2015, que foi de 22%.
Dois terços dos venezuelanos disseram que gostariam de se mudar para algum país da América Latina. Entre os países de destino, 20% dos entrevistados afirmaram que gostariam de viver na vizinha Colômbia. Em segundo lugar na preferência dos venezuelanos ficaram os Estados Unidos (17%), seguidos de Chile (12%) e Panamá (8%).
Para a pesquisa, foram entrevistados mais de mil venezuelanos entre os meses de agosto e novembro do ano passado.
A violência e a escassez de alimentos e produtos básicos são os principais fatores que impulsionam o desejo dos venezuelanos de abandonar o país. Uma pesquisa recente mostrou que nove em cada dez venezuelanos vivem abaixo da linha da pobreza, e mais da metade deles estão no patamar da pobreza extrema. Seis em cada dez admitem já terem ido dormir com fome por falta de comida.
A grave crise já levou milhares de venezuelanos a deixar o país. A onda migratória atingiu especialmente a Colômbia e o Brasil.
Somente na Colômbia, o número de venezuelanos que se instalaram definitivamente no país aumentou 62% desde meados de 2017. Estima-se que mais de 550 mil venezuelanos estejam vivendo na Colômbia atualmente. Mas segundo associações de exílio da Venezuela e autoridades de cidades na fronteira, esse número pode ser bem maior.
No Brasil, mais de 17 mil venezuelanos pediram refúgio em 2017. Estima-se ainda que 40 mil venezuelanos atravessaram a fronteira e atualmente estão vivendo nas cidades de Boa Vista e Pacaraima.
CN/ots
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
Brasil como esperança para refugiados venezuelanos
Despotismo estatal, crise de abastecimento, violência: esses são apenas alguns dos motivos por que milhares de venezuelanos abandonam seu país. Para muitos, o vizinho Brasil significa o começo de uma nova vida.
Foto: Reuters/N. Doce
Boa Vista: abrigos emergenciais em barracas
Muitos refugiados da Venezuela primeiro encontram abrigo no Brasil em barracas. As desta foto foram armadas pela Defesa Civil da cidade de Boa Vista, em Roraima. Em plena região amazônica, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, os refugiados recebem alojamento improvisado. A Igreja Evangélica local distribui refeições aos necessitados.
Foto: Reuters/N. Doce
Próxima parada: ginásio poliesportivo
O primeiro teto sobre a cabeça de muitos refugiados é o de um ginásio poliesportivo. Para o Brasil, que também enfrenta uma crise econômica, o acolhimento dos refugiados é tarefa complicada. Inúmeras cidades brasileiras já anunciaram a falta dos recursos necessários. Manaus, capital do Amazonas, já declarou estado de calamidade social.
Foto: Reuters/N. Doce
Aparência digna, mesmo na necessidade
Um cabeleireiro se ocupa de outro refugiado ao ar livre. Muitos jovens venezuelanos tentam a sorte no lado brasileiro da fronteira ou em outros países. Estima-se que cerca de 34 mil abandonaram a Venezuela em 2016. Em 2018, são esperados mais de 2 milhões de refugiados.
Foto: Reuters/N. Doce
Dar à luz no Brasil
Esta venezuelana deu à luz seu bebê no Brasil e recebe assistência no hospital. Em seu país, a assistência médica é extremamente restrita. Em situação econômica desoladora, o Estado venezuelano está incapacitado de adquirir os medicamentos e tecnologia médica necessários para assistir a população.
Foto: Reuters/N. Doce
Trabalho a todo custo
Nem bem chegam ao Brasil, os refugiados buscam alguma oportunidade de trabalho. As poucas economias que trazem consigo, em bolívares, não têm valor algum no Brasil. Por não encontrarem com facilidade empregos correspondentes a sua qualificação, mesmo venezuelanos com boa formação acadêmica têm que aceitar trabalhos informais.
Foto: Reuters/N. Doce
Vendedores ambulantes
Como a situação econômica no Brasil também é tensa, os refugiados concorrem com os vendedores ambulantes locais. Este homem portando uma mochila com as cores da bandeira nacional da Venezuela vende na rua pequenos acessórios para automóveis, como limpadores de para-brisa, protetores solares para vidros e sets de limpeza.
Foto: Reuters/N. Doce
Abrigos nas ruas
Atrás de um ginásio poliesportivo onde refugiados venezuelanos estão abrigados, esta família descansa em redes montadas na rua. Em muitos países sul-americanos, as redes são o lugar preferido para se dormir. A presença desses refugiados em Boa Vista, Roraima, vem gerando fortes sentimentos xenófobos entre a população local.
Foto: Reuters/N. Doce
Na mira das autoridades
Policiais de Boa Vista, Roraima, controlam regularmente os lugares onde vivem e se reúnem os refugiados venezuelanos. Sua situação de vida complicada acaba empurrando-os para a ilegalidade. A fim de melhorar suas condições financeiras, alguns se tornam criminosos, outros se prostituem – um desafio para forças de segurança e sociedade locais.