Maioria na Alemanha quer novas eleições, diz pesquisa
1 de novembro de 2024
Segundo sondagem ARD-Deutschlandtrend, 54% apoiam a antecipação do pleito, marcado para 28 de setembro. Coalizão governista liderada por Scholz atingiu seu nível mais baixo de popularidade e é aprovada por 14%.
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Os alemães parecem ter perdido a paciência com a crise permanente de seu governo – uma coalizão liderada pelo chanceler federal e social-democrata Olaf Scholz, ao lado de verdes e liberais, e que nos últimos meses se notabilizou mais por suas fraturas internas que pela convergência sobre quais rumos o país deve tomar.
Pela primeira vez desde a ascensão de Scholz ao posto, em dezembro de 2021, uma maioria de 54% dos eleitores afirma querer antecipar as eleições para o Parlamento, marcadas para daqui a 11 meses.
Entre os eleitores da principal força de oposição, os conservadores da aliança CDU/CSU, o índice chegou a 69%.
Os números são de pesquisa ARD-Deutschlandtrend divulgada nesta quinta-feira (31/10).
Popularidade em queda livre
O atual governo de coalizão nunca foi tão impopular: tem 14% de aprovação, cinco pontos percentuais a menos que no início de outubro.
Os que desaprovam ou estão pouco satisfeitos com o governo somam 85%, sendo que a desaprovação sozinha aumentou oito pontos percentuais em relação à última pesquisa.
O eleitorado se diz insatisfeito com a política orçamentária e econômica do governo (83%) – o ministro da Economia é o verde Robert Habeck, enquanto o Ministério das Finanças é tocado pelo liberal Christian Lindner.
O índice de aprovação do próprio Scholz é de 19% – igual ao de Lindner e muito próximo de Habeck, que caiu oito pontos percentuais e foi a 20%.
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Sistema prevê novas eleições em caso de impasse político
A Alemanha tem um sistema parlamentarista de governo e, por isso, em casos de sério impasse político, é possível convocar novas eleições para reequilibrar a correlação de forças no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, e nomear um novo chanceler federal.
Foi o que aconteceu em 2005 no governo de Gerhard Schröder, uma coalizão entre social-democratas e verdes que chegou a 11% de aprovação, e que foi dissolvida um ano antes do previsto.
A julgar pelos resultados da pesquisa, porém, parece improvável que a atual crise possa ser resolvida com novas eleições.
O cenário político está fragmentado, o que dificulta a formação de maiorias no Parlamento. Outro elemento complicador é o sucesso cada vez maior da AfD, com quem os demais partidos, até agora, têm se recusado a se aliar no nível federal.
A pesquisa aponta o favoritismo da aliança conservadora CDU/CSU, que governou o país por 16 anos antes de Scholz, com 34% das intenções de voto. A AfD tem 17% e o SPD, dos social-democratas, 16%. Logo atrás vêm os verdes, com 11%, e a BSW, com 6%. Os liberais do FDP, com 4%, não superariam a cláusula de barreira. Outras siglas nanicas somam 12%.
A pesquisa ouviu 1.333 eleitores entre os dias 28 e 30 de outubro.
ra (dpa, ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.