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Maioria quer votar para presidente

ef8 de março de 2004

Processo de escolha do candidato da oposição à Presidência da Alemanha, Horst Köhler, fez aumentar o número dos defensores de eleição direta e pesquisa revela que 78% dos alemães gostariam de votar para presidente.

O atual presidente alemão Johannes Rau também foi eleito por colégio eleitoralFoto: dpa

A forma como a oposição escolheu o seu candidato comum à Presidência da Alemanha, o ex-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, levou a um aumento do número dos que defendem eleição direta para o cargo. Uma pesquisa feita pelo instituto Infratest revelou, ao mesmo tempo, que 78% dos alemães gostariam de votar para presidente.

Mas isto requer uma reforma da Constituição, por maioria de dois terços tanto na câmara baixa do Legislativo (Bundestag), quanto na alta (Bundesrat). E os dirigentes partidários parecem indecisos ou não interessados numa reforma desta natureza.

O processo de escolha dos candidatos deixou a sensação de uma grande manobra política detrás dos bastidores.Não era do interesse da presidente da União Democrata Cristã (CDU), Angela Merkel, que a oposição tivesse uma candidata à presidência. Isso atrapalharia suas chances de ser candidata a chanceler nas próximas eleições. A escolha de Köhler juntamente com o Partido Liberal deu a impressão de que Merkel "vingou-se" do seu rival interno na oposição conservadora, o presidente da União Social Cristã, Edmund Stoiber. Governador da Baviera, Stoiber foi o candidato dos partidos irmãos CDU/CSU na eleição anterior, perdendo para Gerhard Schröder.

Mas as posições contra e a favor de eleição direta para a chefia do Estado alemão têm cor partidária. O atual processo de escolha indireta do presidente da Alemanha, por um colégio eleitoral, tem defensores e críticos tanto na oposição de centro-direita quanto na coalizão de governo de centro-esquerda.

Entre os que defendem uma introdução da eleição direta para o cargo máximo do Estado destacam-se, por exemplo, o ex-presidente Richard von Weizäcker e a secretária-geral do Partido Liberal (FDP), de oposição, Cornelia Pieper. A presidenta do Partido Verde, Angelika Beer, ao contrário, rejeita uma escolha do presidente diretamente pelo povo.

Solução boa, mas improvável

– Weizäcker foi presidente durante a coalizão de governo de Helmut Kohl, formada pela União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU) e o Partido Liberal. Estas legendas estão atualmente na oposição, mas dispõem de maioria no colégio eleitoral que vai eleger o novo presidente da República, no dia 23 de maio.

O ex-presidente exigiu eleições diretas, mas, ao mesmo tempo, considerou isto improvável. "Eu sempre fui de opinião que a escolha direta do presidente pelo povo seria uma boa solução, mas nós temos que continuar esperando inutilmente que os partidos aprovem uma reforma constitucional desta natureza.

Presidentes do FDP, Guido Westerwelle (esq.), da CDU, Angela Merkel (centro), e da CSU, Edmund StoiberFoto: AP

Para a dirigente dos verdes, Beer, porém, uma tarefa ainda mais importante para os políticos seria renunciar à proporção partidária. Ela pensa com isso num consenso suprapartidário que favorecesse a candidata da coalizão governamental, Gesine Schwan, no colégio eleitoral, em detrimento do seu concorrente Köhler, apoiado pelas legendas com clara maioria no colégio eleitoral.

Wilhelm Schmidt, encarregado dos negócios do Partido Social Democrata (SPD), do chanceler federal Gerhard Schröder, pronunciou-se por mudanças nas regras. "Depois do procedimento ridículo na CDU, CSU e FDP", uma mudança se torna urgente, segundo ele. Os três partidos discutiram, de forma acirrada, durante vários dias, sobre um candidato comum. O nome do ex-presidente da CDU, Wolfgang Schäuble, chegou a ser divulgado como candidato de consenso, mas esbarrou na resistência dos liberais.

Pedido por carta

– Após o lançamento do candidato de consenso da oposição, Köhler, a secretária-geral do FDP, Cornelia Pieper, escreveu uma carta aos dirigentes partidários propondo uma iniciativa de eleição direta do presidente da República, logo depois da posse do sucessor do presidente social-democrata Johannes Rau . Foi exatamente o FDP que proporcionou a maioria da oposição no colégio eleitoral com o seu apoio oficial ao candidato da CDU e CSU, Horst Köhler.

Ex-presidentes Karl Carstens (esq.) e Richard von WeizsäckerFoto: AP

A presidente da CDU, Angela Merkel, revelou-se indecisa sobre uma eventual reforma, alegando que é preciso ponderar os prós e contras de uma eleição direta. Além do mais, segundo ela, "a Alemanha sempre teve sorte até agora com os seus presidentes, embora eleitos indiretamente". O vice de Merkel, Jürgen Rüttgers, ao contrário, não esconde sua simpatia por uma escolha do presidente alemão diretamente nas urnas. "Seria bom se existisse uma maioria para a necessária reforma constitucional", afirmou.

O dirigente da CSU, Edmund Stoiber, considerou uma eleição direta "não realista". O governador da Baviera argumentou que o cargo de presidente da República da Alemanha é representativo e não se cogita ampliar as suas atribuições.

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