Destruição ambiental causada pela ação humana impulsiona o risco de desaparecimento de espécies, afirma IUCN. Atualmente, mais de 28 mil animais e plantas fazem parte da Lista Vermelha da organização.
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Mais de 7 mil espécies de animais e plantas foram acrescentadas nesta quinta-feira (18/07) à Lista Vermelha de espécies ameaçadas divulgada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A organização afirmou que a destruição da natureza causada pela ação humana é a principal responsável pela ameaça sem precedentes de extinção de espécies.
A organização analisou a vulnerabilidade de 105.732 espécies em todo o mundo. Destas, 28.338 correm o risco de extinção. Segundo a IUCN, espécies icônicas de primatas, raias, peixes e árvores entraram agora para a lista como criticamente ameaçadas.
Embora cada grupo de organismos enfrente ameaças específicas, o comportamento humano, incluindo pesca predatória e desmatamento, foi o maior causador da queda nas populações de animais e plantas.
"Essa atualização mostra claramente como os humanos superexploram a fauna e a flora selvagem. Precisamos acordar para o fato de que conservar a diversidade da natureza é de nosso interesse", afirmou Grethel Aguilar, diretora-geral interina da IUCN.
A atualização da Lista Vermelha confirma um relatório divulgado pelas Nações Unidas em maio sobre o estado do meio ambiente. O documento revelou que mais de um milhão de espécies enfrentam a ameaça da extinção devido às atividades humanas. O relatório citou ainda que mais de 90% das espécies marinhas de peixes são pescadas além ou até o limite da sustentabilidade.
A IUCN destacou uma série de peixes, marinhos e de água doce, que agora entraram na categoria de criticamente ameaçados, estando à beira da extinção. Duas espécies de raias são as que mais correm risco iminente de extinção entre os animais marinhos.
Já, no Japão e no México, mais da metade e mais de um terço, respectivamente, de peixes de água doce estão ameaçados.
A nova lista revelou ainda que sete espécies de primatas, seis na África e um no Peru, estão mais perto de desaparecerem, incluindo o macaco Cercopithecus roloway, que habita a Costa do Marfim e Gana. Há menos de 2 mil indivíduos selvagens restante. A caça e a destruição do habitat são os principais responsáveis por essa ameaça.
Segundo a IUCN, 40% de todos os primatas da África Central e Ocidental estão ameaçadas de extinção. "Espécies alvos de humanos para a alimentação tendem a se tornar ameaçadas muito rapidamente. Espécies em ambientes muito desmatados para a agricultura também acabam sendo impactadas", afirmou Craig Hilton-Tylor, diretor da Lista Vermelha.
Na França, uma em cada cinco espécie está ameaçada devido às mudanças climáticas e às atividades humanas. Na Lista Vermelha, também foram incluídas árvores e cogumelos que correm o risco de desaparecer.
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.