Mais da metade dos alemães vê democracia sob ameaça
12 de setembro de 2019
Pesquisa revela que 53% dos cidadãos acreditam que o sistema democrático está em perigo na Alemanha. Quase metade aponta a extrema direita como maior ameaça. Para eleitores da AfD, por outro lado, são os migrantes.
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Mais da metade dos alemães acredita que a democracia está em perigo no país, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12/09) pelo instituto YouGov. A ascensão da extrema direita é a principal causa dessas preocupações.
Dos entrevistados, 53% concordam que a democracia está sob ameaça na Alemanha. Para 79%, a democracia é a melhor forma de governo, embora apenas 54% considerem satisfatório o atual regime democrático no país. A ideia geral de democracia é vista por 83% dos alemães como algo positivo. Entretanto, um em cada dez cidadãos a vê negativamente.
Os extremistas de direita encabeçam a lista de principais ameaças à democracia, tendo sido apontados por 47% dos entrevistados como causa de preocupação. Os populistas de direita e os migrantes aparecem empatados em segundo lugar, com 27% cada.
Do outro lado do espectro político, o extremismo de esquerda foi apontado por 22% dos participantes, mesmo percentual dos que veem os Estados Unidos como um perigo ao sistema democrático alemão. Os entrevistados puderam selecionar até três ameaças a partir de uma lista.
Cerca de dois terços dos alemães (65%) acreditam que há pouca participação da população no processo democrático. Um terço (34%) sente que seu voto tem pouco efeito.
Entre os partidos políticos, são os apoiadores do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) os que mais temem pela democracia: 79% desse grupo disseram que o sistema democrático está ameaçado.
Cada grupo de eleitores percebe ameaças diferentes: para os apoiadores da AfD, migrantes (54%), o governo federal (37%) e extremistas de esquerda (33%) são os maiores perigos.
Para os eleitores do Partido Verde, por outro lado, cuja popularidade vem aumentando com a maior conscientização ambiental entre os jovens, as principais ameaças são justamente os extremistas de direita (66%), os populistas de direita (49%) e os Estados Unidos (21%).
O YouGov entrevistou 2.020 pessoas entre 22 de agosto e 1º de setembro e divulgou os resultados pouco antes do Dia da Internacional da Democracia, celebrado no dia 15 deste mês.
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.