Mais da metade dos venezuelanos não quer ficar no Brasil
28 de abril de 2018
Estudo da ONU revela que maioria dos migrantes da Venezuela que entraram no país nos últimos meses deseja ir para Argentina ou Chile. Roraima e Amazonas são os destinos preferidos daqueles que querem ficar no Brasil.
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Um estudo da ONU revelou nesta sexta-feira (27/04) que 52% dos migrantes venezuelanos que entraram no Brasil nos últimos meses desejam viver em outros países, principalmente na Argentina e no Chile.
Segundo o estudo realizado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), com base em entrevistas feitas em Roraima, a maioria dos 48% dos venezuelanos que desejam permanecer no Brasil gostariam de ficar onde estão ou seguir para o Amazonas.
A pesquisa mostrou ainda que 71% dos venezuelanos que entraram no Brasil tem entre 25 e 49 anos. A maioria deles, 58%, é homem. A crise econômica, o desemprego e a escassez de alimentos e medicamentos são os principais motivos que levaram os entrevistados a deixar a Venezuela.
O estudo revelou também que 57% dos venezuelanos não têm emprego no Brasil e a maioria dos que têm, 82%, estão no mercado informal. Dos que trabalham 76% enviam remessas para suas famílias na Venezuela.
A pesquisa apontou que 28% dos entrevistados sofreram violência verbal, física ou sexual no Brasil. A maioria dos entrevistados afirmou ainda ter acesso a serviços básicos, com exceção da educação.
"Esses resultados proporcionam aos tomadores de decisão dados confiáveis sobre os nacionais da Venezuela e suas necessidades em mudança no estado de Roraima", disse o chefe de missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux.
O estudo foi elaborado em parceria com Ministério de Direitos Humanos e visava fornecer dados para a compreensão deste fluxo migratório e desenvolver políticas públicas para atender os migrantes.
A entrada em massa de venezuelanos em Roraima, que chegam pela cidade de Pacaraima, começou em 2015. Pelo menos 50 mil venezuelanos entraram por via terrestre em Roraima - número que alcança 10% da população do Estado.
A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica e política, que levou milhares de venezuelanos a deixar o país. A onda migratória atingiu especialmente países que fazem fronteira com a Venezuela, como a Colômbia e o Brasil.
CN/efe/ots
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Brasil como esperança para refugiados venezuelanos
Despotismo estatal, crise de abastecimento, violência: esses são apenas alguns dos motivos por que milhares de venezuelanos abandonam seu país. Para muitos, o vizinho Brasil significa o começo de uma nova vida.
Foto: Reuters/N. Doce
Boa Vista: abrigos emergenciais em barracas
Muitos refugiados da Venezuela primeiro encontram abrigo no Brasil em barracas. As desta foto foram armadas pela Defesa Civil da cidade de Boa Vista, em Roraima. Em plena região amazônica, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, os refugiados recebem alojamento improvisado. A Igreja Evangélica local distribui refeições aos necessitados.
Foto: Reuters/N. Doce
Próxima parada: ginásio poliesportivo
O primeiro teto sobre a cabeça de muitos refugiados é o de um ginásio poliesportivo. Para o Brasil, que também enfrenta uma crise econômica, o acolhimento dos refugiados é tarefa complicada. Inúmeras cidades brasileiras já anunciaram a falta dos recursos necessários. Manaus, capital do Amazonas, já declarou estado de calamidade social.
Foto: Reuters/N. Doce
Aparência digna, mesmo na necessidade
Um cabeleireiro se ocupa de outro refugiado ao ar livre. Muitos jovens venezuelanos tentam a sorte no lado brasileiro da fronteira ou em outros países. Estima-se que cerca de 34 mil abandonaram a Venezuela em 2016. Em 2018, são esperados mais de 2 milhões de refugiados.
Foto: Reuters/N. Doce
Dar à luz no Brasil
Esta venezuelana deu à luz seu bebê no Brasil e recebe assistência no hospital. Em seu país, a assistência médica é extremamente restrita. Em situação econômica desoladora, o Estado venezuelano está incapacitado de adquirir os medicamentos e tecnologia médica necessários para assistir a população.
Foto: Reuters/N. Doce
Trabalho a todo custo
Nem bem chegam ao Brasil, os refugiados buscam alguma oportunidade de trabalho. As poucas economias que trazem consigo, em bolívares, não têm valor algum no Brasil. Por não encontrarem com facilidade empregos correspondentes a sua qualificação, mesmo venezuelanos com boa formação acadêmica têm que aceitar trabalhos informais.
Foto: Reuters/N. Doce
Vendedores ambulantes
Como a situação econômica no Brasil também é tensa, os refugiados concorrem com os vendedores ambulantes locais. Este homem portando uma mochila com as cores da bandeira nacional da Venezuela vende na rua pequenos acessórios para automóveis, como limpadores de para-brisa, protetores solares para vidros e sets de limpeza.
Foto: Reuters/N. Doce
Abrigos nas ruas
Atrás de um ginásio poliesportivo onde refugiados venezuelanos estão abrigados, esta família descansa em redes montadas na rua. Em muitos países sul-americanos, as redes são o lugar preferido para se dormir. A presença desses refugiados em Boa Vista, Roraima, vem gerando fortes sentimentos xenófobos entre a população local.
Foto: Reuters/N. Doce
Na mira das autoridades
Policiais de Boa Vista, Roraima, controlam regularmente os lugares onde vivem e se reúnem os refugiados venezuelanos. Sua situação de vida complicada acaba empurrando-os para a ilegalidade. A fim de melhorar suas condições financeiras, alguns se tornam criminosos, outros se prostituem – um desafio para forças de segurança e sociedade locais.