Mais de 100 corpos são encontrados na costa da Líbia
3 de junho de 2016
Autoridades afirmam que migrantes estavam em embarcação que naufragou durante a travessia do Mediterrâneo em direção à Europa. Maioria das vítimas é de mulheres.
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Ao menos 117 corpos de migrantes, a maioria mulheres, foram encontrados na costa da Líbia, próximo à Zuara, depois que o barco onde estavam afundou no mar Mediterrâneo, afirmou nesta sexta-feira (03/06) o Crescente Vermelho.
Segundo o porta-voz da organização Mohammed al-Mosrati, entre os mortos há 75 mulheres, seis crianças e 36 homens. Os corpos foram resgatados do mar na quinta-feira. As autoridades não sabem exatamente quantas pessoas estavam na embarcação no momento da tragédia, por isso, o número de vítimas ainda pode aumentar.
Mosrati disse que os corpos não estavam em estado de decomposição e os afogamentos ocorreram, provavelmente, 48 horas antes de serem localizados. A guarda costeira líbia encontrou um barco vazio à deriva na quinta-feira e acredita que a embarcação pode ter naufragado no dia anterior.
O porta-voz do Crescente Vermelho disse que a embarcação à deriva localizada pelas autoridades pode ter levado as vítimas, mas é difícil determinar a localização da tragédia devido à correnteza. A polícia foi informada pela população de Zuara sobre a presença dos corpos no mar.
Traficantes de pessoas se aproveitaram do caos gerado na Líbia depois da deposição do ditador Muammar Kadafi, há cinco anos, para expandir a travessia ilegal de migrantes a partir da costa do país.
Naufrágio na Grécia
Outro barco carregando migrantes naufragou nesta sexta-feira em águas internacionais, no sul de Creta. Autoridades gregas disseram que 340 pessoas e nove corpos foram resgatados do mar. A operação de busca contou ainda com navios mercantes e helicópteros.
Os sobreviventes foram levados para a Itália, Egito, Turquia e Malta. A operação continua procurando por possíveis desaparecidos. "A informação sobre o número de pessoas a bordo é incerta. Ouvimos dos sobreviventes algo entre 400 e 500, mas não podemos confirmar esse número", disse o porta-voz da guarda costeira, Nikos Lagadianos.
O aumento das temperaturas e o mar calmo levaram ao aumento no número de migrantes que tentavam fazer a travessia do mar Mediterrâneo em direção à Europa. Somente na última semana, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de mil pessoas morreram tentando chegar à União Europeia (UE) através dessa rota.
De acordo com a agência da ONU para Refugiados (Acnur), aproximadamente 200 mil migrantes alcançaram a União Europeia via Mediterrâneo neste ano. Entre eles, quase 47 mil desembarcaram na Itália.
CN/rtr/lusa/afp/ap
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.