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Mais de 11 mil fogem para o Chade após ataques do Boko Haram

14 de janeiro de 2015

ONU diz que mais da metade dos que atravessaram a fronteira do norte da Nigéria com o país vizinho são mulheres e crianças. Em Camarões, exército local afirma ter matado 143 jihadistas, após ataque a uma base militar.

Foto: Reuters/S. Ini

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou nesta terça-feira (13/01) que, devido à última onda de ataques terroristas do grupo extremista Boko Haram, no nordeste da Nigéria, mais de 11.300 pessoas fugiram para o país vizinho Chade.

A fuga em massa ocorreu em questão de poucos dias. Os jihadistas haviam invadido a cidade de Baga, em 3 de janeiro, e, na sequência, destruíram ao menos outros 16 assentamentos na região. Embora até agora ser impossível uma verificação independente das informações sobre a chacina, a ONU teme que o ataque tenha sido o pior massacre desde o início da insurgência do Boko Haram, em 2009. Testemunhas haviam alegado que 2 mil pessoas foram mortas. O Exército nigeriano desmentiu a informação e relatou a morte de 150, incluindo alguns dos terroristas.

Em coletiva de imprensa, realizada em Genebra, na Suíça, o porta-voz da agência de refugiados da ONU (Acnur), William Spindler, disse que aproximadamente 20 mil pessoas deixaram suas casas na área de Baga, no estado de Borno, localizada à beira do lago Chade, próximo às fronteiras com Níger, Camarões e Chade. Dos mais de 11 mil refugiados que cruzaram a fronteira com o Chade, mais da metade são mulheres e crianças. Segundo Spindler, 84 jovens atravessaram sozinhos.

"Utilizar uma criança para detonar uma bomba é repugnante"

"Nós profundamente lamentamos os cruéis, impiedosos ataques contra civis", disse a porta-voz da agência de direitos humanos da ONU, Ravina Shamdasani, em referência ao massacre de Baga e ao atentado num mercado em Maiduguri, cometido no último sábado, que matou 19 pessoas e teria sido realizado por uma menina de 10 anos.

"A utilização de uma criança para detonar uma bomba não é apenas moralmente repugnante, como constitui uma forma de exploração infantil, de acordo com a lei internacional", disse, pedindo ao governo da Nigéria para "agir rapidamente para restaurar a lei e a ordem".

Exército camaronês afirma ter matado 143 jihadistas do Boko Haram em operação perto da fronteira com a NigériaFoto: Reinnier Kaze/AFP/Getty Images

Exército camaronês reage ao Boko Haram

Também nesta terça-feira, o porta-voz do governo de Camarões, Tchiroma Bakary, divulgou que o Exército camaronês matou 143 militantes do Boko Haram em uma ofensiva militar em Kolofata, no norte do país e próximo à fronteira com a Nigéria. O Boko Haram tentou tomar uma base militar. Um soldado camaronês também teria morrido. O número de mortos na remota região não podem ser verificados de forma independente.

Ainda segundo Bakary, a operação durou aproximadamente cinco horas e as Forças Armadas de Camarões também teriam apreendido equipamentos militares, incluindo armas automáticas, munições de diversos os calibres e equipamentos de rádio.

O Boko Haram, que luta desde 2009 para instaurar um estado islâmico no norte da Nigéria, majoritariamente muçulmano, ao contrário do sul, de maioria cristã, causou cerca de 13.000 mortos e 1,5 milhões de refugiados nos últimos cinco anos.

PV/dpa/afp/rtr/epd

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