Mais de 160 migrantes morreram afogados em dois naufrágios na costa da Líbia na semana passada, informou nesta terça-feira (21/12) a Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU.
Segundo a porta-voz da OIM, Safa Msehli, pelo menos 102 migrantes morreram na sexta-feira, após o barco de madeira em que viajavam ter virado perto da costa líbia. Outras oito pessoas foram resgatadas com vida e levadas para terra.
O segundo naufrágio aconteceu no sábado. A guarda costeira da Líbia recuperou pelo menos 62 corpos.
No mesmo dia, uma terceira embarcação foi interceptada, com pelo menos 210 migrantes a bordo.
Travesseia mortal
Com as mais recentes vítimas, subiu para cerca de 1.5000 as mortes na rota do Mediterrâneo Central somente em 2021, segundo Safa Msehli. A travessia é considerada uma das mais mortais do mundo. Mesmo assim, os migrantes se arriscam e partem da Líbia, da Argélia e da Tunísia em direção aos territórios da Itália e de Malta, em busca de um futuro melhor.
Nos últimos meses, foi registrado um aumento súbito de travessias e de tentativas, muitas delas frustradas, de partir da Líbia rumo à Europa, à medida que as autoridades líbias aumentaram a repressão contra migrantes, sobretudo na capital, Tripoli.
Cerca de 31.500 migrantes foram interceptados e voltaram para a Líbia em 2021, o que significa um crescimento de 164% em relação aos 11.900 migrantes do ano anterior, de acordo com a OIM.
Em 2020, cerca de 980 migrantes foram mortos ou presumivelmente mortos, informou a agência da ONU.
Tráfico de pessoas
A Líbia emergiu como um ponto de passagem dominante para os migrantes que fogem da guerra e da pobreza na África e no Oriente Médio.
O país, rico em petróleo, mergulhou em um caos securitário após a queda do regime do ditador Muammar Kadafi, em 2011.
Redes organizadas têm aproveitado o caos no país para traficar migrantes, colocando, muitas vezes, estas pessoas em risco de vida.
Os migrantes interceptados são levados de volta à Líbia, país que não é considerado um porto seguro, e colocados em centros de detenção superlotados, onde ficam expostos, segundo denúncias de organizações internacionais, a abusos, trabalhos forçados, espancamentos, violações ou tortura.
Investigadores da ONU defenderam, em outubro, que os abusos e os maus-tratos infligidos aos migrantes na Líbia devem ser considerados como crimes contra a Humanidade.
le (lusa, ots)
Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
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