Mais de 2 milhões de ingleses tiveram covid-19 longa
24 de junho de 2021
Pesquisa do Imperial College aponta que mais de um terço dos adultos com covid-19 sintomática teve pelo menos um sintoma que durou mais de 12 semanas. Consequências de longo prazo da doença são preocupantes, diz autor.
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Mais de 2 milhões de pessoas na Inglaterra sofreram efeitos da chamada covid-19 longa, segundo apontou nesta quinta-feira (24/06) um dos maiores estudos de monitoramento da pandemia de coronavírus, financiado pelo governo do Reino Unido.
A pesquisa React-2, liderada pelo Imperial College de Londres, descobriu que 37,7% dos ingleses que relataram ter tido covid-19 sintomática apresentaram pelo menos um sintoma com duração de 12 semanas ou mais – o equivalente a 2 milhões de pacientes. Enquanto isso, 14,8% relataram três ou mais sintomas que duraram o mesmo período.
"Nossas descobertas pintam um quadro preocupante das consequências de saúde de longo prazo da covid-19, que precisam ser contabilizadas na política e no planejamento", afirmou Paul Elliott, diretor do programa React no Imperial College.
O estudo usou como base informações fornecidas por 508.707 adultos, que foram questionados sobre a presença e duração de 29 sintomas entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021.
Os sintomas variam de cansaço e dores musculares a dificuldade de respiração e dor no peito. Os autores alertam, contudo, que o estudo pode superestimar a prevalência da covid-19 longa uma vez que tais sintomas são comuns e nem sempre estão relacionados à doença causada pelo coronavírus.
Os resultados da pesquisa mostraram que idosos são mais propensos a sofrer os efeitos da covid-19 longa, com um aumento de 3,5% na probabilidade a cada década de vida.
Houve também maior prevalência de sintomas duradouros entre mulheres, fumantes, obesos, pessoas que vivem em áreas carentes e pacientes que foram internados em hospitais. Por outro lado, foram menos comuns entre pessoas de etnia asiática.
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Estudo anterior
Em maio, o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico (ONS, na sigla em inglês) estimou que 1 milhão de pessoas no Reino Unido tenham sofrido os efeitos da covid-19 longa. Uma diferença fundamental é que o React-2 não perguntou aos entrevistados se eles tinham a doença há muito tempo, mas os questionou sobre sintomas persistentes.
"Muitas pessoas podem não achar que têm covid-19 longa, só uma leve e persistente falta de ar, ou que a perda de paladar persiste por muitos e muitos meses", explicou Helen Ward, professora de saúde pública do Imperial College, que coliderou o estudo.
Além disso, a pesquisa do ONS estimou o número de pessoas que tiveram sintomas duradouros de covid-19 em uma data específica, 2 de maio, enquanto o estudo do React-2 foi mais abrangente, com dados de setembro de 2020 a fevereiro de 2021.
"A covid-19 longa pode ter um impacto duradouro e debilitante sobre as vidas das pessoas afetadas", disse o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock. "Estudos como este nos ajudam a construir rapidamente nosso entendimento do impacto da condição, e estamos usando essas descobertas e outras novas pesquisas para desenvolver apoio e tratamentos."
ek (Reuters, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine