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SaúdeDinamarca

Mutação do coronavírus infecta mais de 200 na Dinamarca

6 de novembro de 2020

Identificada em visons, mutação coloca em risco eficácia de vacinas em desenvolvimento. País decreta lockdown e fecha divisas da região afetada para evitar propagação.

Grupo com roupas de proteção conversa durante inspeção em criadouro de vison no norte da Dinamarca
Autoridades de saúde da Dinamarca fazem inspeção em criadouro de visons no norte do paísFoto: Henning Bagger/Ritzau Scanpix/picture alliance

Uma mutação do coronavírus Sars-Cov-2 originada em visons infectou 214 pessoas na Dinamarca, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (06/11) pelo Statens Serum Institut (SSI), centro de referência para doenças infecciosas no país. Essa mutação representa um risco para a eficácia das vacinas que estão sendo desenvolvidas contra a covid-19.

"A infecção entre as fazendas de visons está aumentando em número e extensão geográfica, sem que as medidas preventivas tenham funcionado", apontou o SSI. "Foram vistas novas variações de visons com covid-19, que mostram uma sensibilidade reduzida aos anticorpos de várias pessoas com infecções anteriores. Isso é grave, já que pode significar que uma futura vacina será menos eficaz, por causa dessas variantes", indica o órgão.

O Statens Serum Institut ainda destaca que infecções foram identificadas entre pessoas que trabalham nas fazendas de visons, mas também entre a população local.

Para tentar conter o avanço da mutação, o governo da Dinamarca anunciou um lockdown de quatro semanas que afeta os cerca de 280 mil habitantes da região da Jutlândia do Norte, que abriga mais de 1.100 criadouros de visons e onde a maioria dos casos foi detectada. Além de fechar as divisas da região, moradores estão impedidos de trafegar entre diferentes cidades, o transporte público foi suspenso, e atividades culturais e esportivas foram proibidas.

"Precisamos acabar com essa mutação do vírus", afirmou o ministro da Saúde dinamarquês, Magnus Heunicke.

Dinamarca é o maior produtor global de visonsFoto: Mads Claus Rasmussen/AP Photo/picture-alliance

O governo também pediu que todos os moradores da região façam o teste de covid-19. Na quarta-feira, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, anunciou que até 17 milhões de visons serão sacrificados no país como precaução. Maior produtor global de visons, cuja pele é usada para fazer casacos, a Dinamarca já havia abatido animais de fazendas anteriormente por causa de infecções pelo vírus, mas os surtos persistiram.

De acordo com o Statens Serum Institut, já foram detectadas cinco variações do Sars-Cov-2 no pequeno mamífero, e uma delas "exibe uma menor suscetibilidade aos anticorpos de múltiplos indivíduos com infecções passadas, em relação ao vírus não mutado". Essa variação, conforme indica o instituto, foi encontrada, especificamente, em cinco fazendas de visons e em 12 amostras de infecções em humanos, ao longo de agosto e setembro.

OMS em alerta

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está em contato com as autoridades da Dinamarca e acompanhando a situação. A agência da ONU está também analisando a biossegurança dos criadouros de visons ao redor do mundo para prevenir novos surtos.

A líder técnica para covid-19 da OMS, Maria van Kerkhove, disse que a transmissão do vírus entre animais e humanos é "preocupante", mas afirmou que mutações são comuns e estão sendo observadas no novo coronavírus desde que ele foi identificado no fim do ano passado.

A OMS indicou ainda ser precipitado avaliar as consequências do caso, por não haver evidência de impacto na propagação do patógeno ou na gravidade da infecção.

"É muito cedo para tirar conclusões sobre as implicações que têm essa mutação específica, seja na transmissão, na severidade ou para a resposta imunitária e a potencial eficácia de uma vacina", disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.

A OMS lidera um grupo científico formado por biólogos evolucionistas e biotecnólogos, que seguem de forma permanente todas as mudanças do patógeno no planeta.

O diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, acrescentou ainda que a agência está preparando uma avaliação de risco sobre o incidente na Dinamarca que deverá ser divulgada em breve.

"Isso é preocupante porque espécies de mamíferos como os visons são hospedeiros muito bons, e o vírus pode evoluir dentro dessas espécies, especialmente se há uma concentração grande de animais num espaço pequeno", afirmou Ryan.

Acredita-se que o novo coronavírus tenha sido transmitido de animais para humanos num mercado na cidade chinesa de Wuhan, onde ele foi identificado pela primeira vez. Além de morcegos, outros mamíferos podem ser infectados, como gatos.

CN/efe/lusa/rtr/ap/dpa

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