Mais de 340 migrantes morrem no Mediterrâneo em três dias
17 de novembro de 2016
Quatro naufrágios fazem número de mortos na arriscada travessia entre África e Europa em 2016 subir para mais de 4,5 mil. Ano já é o mais trágico de que se tem registro.
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Mais de 340 migrantes morreram nos últimos três dias em quatro naufrágios no Mar Mediterrâneo, informou nesta quinta-feira (17/11) a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Com isso, sobe para mais de 4,5 mil o saldo de mortos e desaparecidos tentando fazer a travessia no Mar Mediterrâneo somente em 2016 – o ano mais trágico que se tem registro.
A notícia foi divulgada pelo porta-voz da OIM em Roma, Flavio Di Giacomo: "Mais um naufrágio na noite passada", escreveu no Twitter. "[A equipe] do Argos resgatou 27 migrantes. Provavelmente 103 vítimas. Mais de 340 migrantes mortos nos mares apenas nos últimos dois dias."
Segundo reportagem da agência de notícias AP, o último resgate foi feito durante a noite pelos Médicos Sem Fronteiras. A equipe teria sido informada pelos 27 sobreviventes que outras 130 pessoas estavam a bordo do bote quando este afundou. Sete corpos foram recuperados.
Em entrevista à agência DPA, Di Giacomo detalhou outros três casos recentes. O primeiro naufrágio teve 15 sobreviventes e 35 desaparecidos; seguido por outro com 23 pessoas salvas e 99 não encontradas. No terceiro, 114 pessoas sobreviveram, um corpo foi recuperado e há cinco desaparecidos.
Di Giacomo disse ainda que a cifra de mortos tem aumentado, sobretudo porque os traficantes na Líbia estão forçando embarques apesar de más condições climáticas, aumentando as chances de acidente. "Sobreviventes nos disseram que eles foram forçados a entrar no barco mesmo relutantes por causa do mau tempo", afirmou.
IP/dpa/afp
De onde vêm os refugiados africanos?
Em 2015 mais de 200 mil pessoas entraram ilegalmente na Europa cruzando o mar Mediterrâneo. Listamos os principais países de origem dos refugiados africanos e os motivos pelos quais eles eles deixam seus lares.
Foto: AFP/Getty Images/C. Lomodong
1° Eritreia
Segundo a ONU, pelo menos 357 mil pessoas – 5% da população – fugiram da Eritreia em 2014. O país, considerado a "Coreia do Norte da África", enfrenta péssimas condições econômicas e humanitárias como pobreza, tortura e prisões arbitrárias. A maioria dos refugiados são jovens que querem fugir do Exército. O serviço militar oficial dura 18 meses, mas na prática é prorrogado indefinidamente.
Foto: Reuters/B. Ratner
2° Somália
A Somália é considerada um "estado falido", sem um governo central há 20 anos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), 14% da população – mais de um milhão de pessoas – vive no exílio. Dentro do país a população vive aterrorizada pelo grupo extremista islâmico Al Shabaab. Cerca de 7mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo só no primeiro semestre de 2015.
Foto: Getty Images/AFP/M. Abdiwahab
3° Nigéria
Os ataques do grupo terrorista Boko Haram contra a população do norte da Nigéria têm provocado uma catástrofe humanitária. Além disso, segundo a Anistia Internacional, a situação na Líbia também obriga os nigerianos que haviam encontrado emprego e proteção no país a fugir mais uma vez. Cerca de 8 mil nigerianos chegaram à Itália no primeiro semestre de 2015.
Foto: Reuters/A. Sotunde
4° Gâmbia
Com apenas 1,8 milhão de habitantes, Gâmbia é um dos menores países da África. Ainda assim, 4 mil pessoas pediram asilo na Europa só no primeiro semestre de 2015. A situação se assemelha à da Eritreia: há mais de 20 anos o governo impõe um regime de opressão. Mais da metade dos gambianos vive abaixo da linha de pobreza, e cerca de 60% da população é analfabeta.
Foto: STR/AFP/Getty Images
5° Sudão
O governo Sudão está em uma longa guerra contra grupos rebeldes. Só na província de Darfur mais de 300 mil pessoas já morreram. Os ataques contra a população civil e as perseguições às minorias étnicas obrigam os sudaneses a fugir. O país também acolhe refugiados de outras regiões: cerca de 167 mil pessoas da Eritrea, Etiópia, Chade e Congo se unem aos milhões de deslocados internos do Sudão.