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Mais de 4 milhões já deixaram a Ucrânia, aponta ONU

30 de março de 2022

A velocidade e a consequente escalada do êxodo ucraniano não acontecia na Europa desde a Segunda Guerra. Cerca de 90% do total é formado por mulheres, crianças e idosos.

Uma mulher carrega duas malas e uma mochila. Ela está de costas na imagem e se dirige a uma estação de Varsóvia, capital da Polônia.
Maioria absoluta de refugiados é formada por mulheres, crianças e idosos que rumam para a PolôniaFoto: Str/NurPhoto/picture alliance

A Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o número de refugiados que deixaram a Ucrânia devido à invasão russa ultrapassou a marca de 4 milhões. A maioria absoluta, com estimativa de 90% do total, é formada por mulheres, crianças e idosos, uma vez que homens entre 18 e 60 anos não podem deixar o país.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informa que 4.019.287 pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, que começou dia 24 de fevereiro. Deste montante, mais de 2,3 milhões foram para a Polônia, o maior país-membro da União Europeia que faz fronteira com o território ucraniano – os outros são Romênia, Hungria e Eslováquia.

A estatística indica, portanto, que praticamente seis em cada dez ucranianos deixaram o país rumo à Polônia. Mais de 600 mil refugiados se dirigiram para a Romênia, grande parte atravessando a Moldávia, que também faz fronteira com a Ucrânia, mas não pertence à União Europeia. Em torno de 365 mil foram para a Hungria, e 280 mil, para a Eslováquia. A Rússia teria recebido 350 mil ucranianos, e Belarus, pouco mais de 10 mil.

A velocidade e a consequente escalada do êxodo ucraniano não acontecia na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os dados divulgados nesta quarta-feira superam inclusive uma estimativa feita pela própria ONU antes do início do conflito: a organização havia previsto que a guerra poderia acarretar justamente em torno de 4 milhões de refugiados.

"Os refugiados da Ucrânia são agora 4 milhões, cinco semanas após o início dos ataques russos", escreveu o chefe da Acnur, Filippo Grandi, no Twitter. "Acabo de chegar à Ucrânia. Em Lviv, vou discutir com as autoridades, a ONU e outros parceiros formas de aumentar nosso apoio às pessoas afetadas e deslocadas por esta guerra sem sentido", acrescentou Grandi.

Somando os refugiados que foram para o exterior e os deslocados dentro do próprio país, mais de um quarto da população total da Ucrânia – pouco mais de 44 milhões –, que vivia em áreas controladas pelo governo, foi forçada a sair de casa. Estima-se, portanto, que pelo menos 6,5 milhões de pessoas tiveram de fugir para outras regiões dentro da Ucrânia.

Além dos ucranianos, a ONU indica que pelo menos 200 mil pessoas de outras nacionalidades que viviam, trabalhavam ou estudavam na Ucrânia também tiveram de fugir do conflito.

Total de crianças que deixaram a Ucrânia rumo a outros países da União Europeia chega a 1,8 milhãoFoto: Yomiuri Shimbun/AP/picture alliance

Quase metade dos refugiados são crianças

De acordo com dados divulgados pela Unicef, a agência da ONU para as crianças, em torno de metade de um total de 7,5 milhões de crianças foram deslocadas na Ucrânia até o momento. Estima-se que 2,5 milhões movimentaram-se dentro do próprio país, enquanto 1,8 milhão fugiram com familiares para o exterior. Esse número aponta que quase metade do total de refugiados (cerca de 4 milhões até o momento) é de crianças.

"A situação dentro da Ucrânia está em espiral. Como o número de crianças que fogem de suas casas continua subindo, devemos lembrar que cada uma delas precisa de proteção, educação, segurança e apoio", disse a diretora-executiva da Unicef, Catherine Russell.

O coordenador de emergência da Acnur, Alex Mundt, afirmou que a situação dos refugiados na Europa é "um marco trágico. Isso significa que em cerca de um mês, 4 milhões de pessoas foram retiradas de suas casas, de suas famílias, de suas comunidades, no mais brusco êxodo da história recente".

"É encorajador ver a onda de apoio oferecida aos refugiados pelas nações vizinhas e também outros países", disse a chefe dos direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, que também reforçou que os países de destino devem proporcionar "proteção especial às mulheres e às crianças, muitas das quais enfrentam riscos de tráfico humano, inclusive exploração sexual e profissional".

Generosidade dos vizinhos europeus

Enquanto a Ucrânia sofre com a guerra, a União Europeia trabalha e se solidariza para receber os refugiados, que chegam todos os dias de carro, a pé ou em trens abarrotados. A solidariedade, no entanto, é apenas o início de um caminho traumático, rumo a um futuro completamente desconhecido.

Mais do que atos de amparo e proteção, e ciente da pressão sobre a Polônia, a UE busca uma maneira de distribuir os refugiados de maneira eficaz dentro dos demais países do bloco.

Ylva Johansson, comissária europeia para assuntos internos, disse nesta segunda-feira que a UE deveria "incentivar" os refugiados que estão na Polônia a continuar se deslocando para o oeste, "porque de outra forma a situação se tornaria insustentável".

No dia 4 de março, a UE ativou a chamada Diretiva de Proteção Temporária, uma lei nunca antes utilizada que dá proteção temporária aos ucranianos no território do bloco, permitindo-lhes viver, trabalhar, estudar e ter acesso ao bem-estar social em qualquer um dos 27 estados-membros da UE. Até o momento, cerca de 800 mil refugiados solicitaram o status.

gb (AFP, AP)

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