Mais de 50 mortos após traficantes lançarem migrantes ao mar
10 de agosto de 2017
Agência de migrações da ONU denuncia que 300 pessoas vindas da Somália e da Etiópia foram forçadas a abandonar embarcações em apenas 24 horas perto da costa iemenita.
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A Organização Internacional para as Migrações (OIM) denunciou nesta quinta-feira (10/08) que cerca de 300 migrantes foram lançados ao mar por traficantes perto da costa do Iêmen nas últimas 24 horas. Mais de 50 morreram e dezenas estão desaparecidos.
As vítimas são migrantes vindos da Etiópia e da Somália, a maioria adolescentes, que buscam melhores condições de vida em países do Golfo Pérsico e que têm o Iêmen como ponto de entrada.
O segundo caso conhecido ocorreu nesta quinta-feira perto da costa da província de Shabwa, no sul do Iêmen. Segundo a agência da ONU, 180 migrantes tiveram que abandonar uma embarcação clandestina. Seis deles morreram e 16 estão desaparecidos, segundo relatou uma funcionária da OIM à agência de notícias Efe.
"Enviamos nossas equipes para o local. Vinte e cinco passageiros que estavam na embarcação estão sendo tratados na costa do Iêmen", afirmou uma porta-voz da OIM à agência de notícias AFP.
Na quarta-feira, um primeiro grupo de 120 pessoas, a maioria adolescentes, também foi atirado ao mar. Sobreviventes relataram que o traficante os forçou a se jogar depois de avistar autoridades na costa. A média de idade das pessoas que estavam no barco era de 16 anos.
A organização estima que 50 pessoas tenham morrido nesse incidente. Segundo o chefe da missão da OIM, Laurent de Boeck, sobreviventes disseram que os traficantes voltaram à Somália "para continuar com o tráfico e trazer mais imigrantes para o Iêmen".
A OIM informou que está trabalhando em estreita colaboração com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha para conseguir sepultar as vítimas e dar apoio aos sobreviventes.
"O desprezo desses traficantes pela vida humana é nada menos do que imoral", declarou o diretor-geral da OIM, William Lacy Swing. "Há algo fundamentalmente errado nesse mundo se incontáveis números de crianças podem ser afogadas no oceano de forma deliberada."
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que está "inconsolável por essa tragédia".
Desde janeiro de 2017, a OIM estima que 55 mil migrantes saíram do Chifre da África em direção ao Iêmen, a maioria com o objetivo de encontrar melhores oportunidades nos países do Golfo Pérsico.
KG/dpa/lusa/ots
As imagens que marcaram a crise migratória
Fotos impressionantes do enorme fluxo de migrantes para a Europa em 2015 e 2016 circularam pelo mundo. No Dia Mundial do Refugiado, vale lembrar a perseverança dos que foram forçadas a deixar seus países.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A meta: sobreviver
Uma jornada combinada com sofrimento e perigo para corpo e alma: para fugir da guerra e da miséria, centenas de milhares de pessoas, principalmente da Síria, viajaram pela Turquia para a Grécia em 2015 e 2016. Ainda há cerca de 10 mil pessoas nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. De janeiro a maio deste ano, chegaram mais de 6 mil novos refugiados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A pé até a Europa
Em 2015 e 2016, milhões de pessoas tentaram, a pé, chegar à Europa Ocidental através da Turquia ou da Grécia até a Macedônia, Sérvia e Hungria. Este fluxo não parou mesmo depois de a chamada rota dos Bálcãs ter sido fechada e muitos países terem bloqueado suas fronteiras. Hoje, a maioria dos refugiados vai para a Europa usando a perigosa rota pelo Mediterrâneo através da Líbia.
Foto: Getty Images/J. Mitchell
Consternação mundial
Esta foto chocou o mundo em setembro de 2015: numa praia da Turquia foi encontrado o corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos. A imagem se espalhou rapidamente pelas redes sociais e se tornou um símbolo da crise dos refugiados. Depois dela, a Europa não podia mais se omitir.
Foto: picture-alliance/AP Photo/DHA
Caos e desespero
Sabendo que a rota de fuga para a Europa seria fechada, milhares de refugiados tentaram desesperadamente entrar em trens e ônibus na Croácia. Alguns dias depois, em outubro de 2015, a Hungria fechou a fronteira e criou campos com contêineres, onde os refugiados seriam mantidos durante a análise de seu pedido de asilo político.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Hostilidades
A indignação foi grande quando uma repórter cinematográfica húngara deu uma rasteira num refugiado sírio que corria com um menino no colo. Ele tentava passar por uma barreira policial na fronteira húngara em setembro de 2015. No auge da crise de refugiados aumentavam as hostilidades contra imigrantes, com ataques xenófobos a abrigos de refugiados também na Alemanha.
Foto: Reuters/M. Djurica
Fronteiras fechadas
O fechamento oficial da rota dos Bálcãs, em março de 2016, gerou tumultos nos postos de fronteira, onde milhares de migrantes não puderam mais avançar e houve relatos de violência policial. Muitos, como estes refugiados, tentaram contornar os postos de fronteira entre a Grécia e a Macedônia.
Uma criança ensanguentada coberta de poeira: a fotografia de Omran, de 5 anos, chocou o público em 2016 e se tornou um símbolo dos horrores da guerra civil da Síria e do sofrimento de seu povo. Um ano mais tarde, novas imagens mostrando o menino bem mais feliz circularam na internet. Apoiadores do presidente sírio afirmam que a primeira imagem foi usada para fins de propaganda.
Foto: picture-alliance/dpa/Aleppo Media Center
Em busca de segurança
Um sírio carrega a filha na chuva em Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia. Ele procura abrigo na Europa. Segundo o Regulamento de Dublin, o asilo político precisa ser solicitado no primeiro país da União Europeia a que o refugiado chegou. Por isso, muitos que prosseguem viagem são mandados de volta. Por sua localização fronteiriça, Itália e Grécia são os países onde mais chegam refugiados.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Esperança
A Alemanha continua sendo o principal destino dos migrantes, embora a política de refugiados e de asilo do país tenha se tornado mais restritiva após o grande afluxo no final de 2015. Nenhum outro país europeu acolheu tantos refugiados como a Alemanha, que recebeu 1,2 milhão de pessoas desde 2015. A chanceler federal Angela Merkel foi um ícone para muitos dos recém-chegados.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Miséria nos campos de refugiados
No norte da França, um enorme campo de refugiados, a chamada "Selva de Calais", foi fechado. Durante a evacuação, em outubro de 2016, houve um incêndio no acampamento. Cerca de 6.500 moradores foram removidos para outros abrigos na França. Meio ano depois, organizações de ajuda relataram sobre muitos refugiados menores de idade que vivem como sem-teto em volta da cidade de Calais.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Laurent
Afogamentos no Mediterrâneo
ONGs e guardas costeiras estão constantemente à procura de barcos de migrantes em perigo. Eles preferem atravessar o mar em embarcações precárias superlotadas a viver sem perspectivas na pobreza ou em meio à guerra civil. Só em 2017, a travessia já custou 1.800 vidas. Em 2016 foram registrados 5 mil mortos.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
Milhares esperam na Líbia
Centenas de milhares de refugiados da África Subsaariana e do Oriente Médio esperam em campos líbios para atravessar o Mar Mediterrâneo. Muitos estão nas mãos de contrabandistas humanos e traficantes de pessoas. As condições nesses locais são catastróficas, dizem ONGs. Testemunhas relatam casos de escravidão e prostituição forçada. Ainda assim, continua vivo o sonho de chegar à Europa.
Foto: Narciso Contreras, courtesy by Fondation Carmignac