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Mais de 60 milhões de pessoas em fuga

18 de dezembro de 2015

ONU alerta para recorde de refugiados em 2015. Uma em cada 122 pessoas no mundo precisou deixar sua casa para fugir de guerras, violência e perseguição, número que supera a marca inédita do ano passado.

Griechenland Rettung Flüchtlingsboot Lesbos
Foto: Reuters/Y. Behrakis

Um relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) nesta sexta-feira (18/12) evidencia um salto no número de pessoas que estiveram na condição de refugiados, requerentes de asilo ou que tiveram de ser deslocadas dentro de seus próprios países durante o primeiro semestre de 2015.

Os dados da primeira metade do ano indicam um aumento devastador em relação ao recorde anterior, de 2014, quando foram registrados 60 milhões de pessoas em fuga de guerras, perseguições ou da violência.

Até o fim de junho, 20,2 milhões de pessoas em todo o mundo viviam na condição de refugiados ou requerentes de asilo, o que significa um salto de 45% em relação a 2011. A maior causa disso é o conflito na Síria, que até junho havia obrigado 4,2 milhões de pessoas a fugir em busca de refúgio.

O Acnur alerta que a crise migratória da Europa – a pior desde a Segunda Guerra Mundial – aparece apenas parcialmente nesses números, já que a chegada de migrantes ao continente europeu aumentou em proporções dramáticas no segundo semestre de 2015.

"Com quase um milhão de pessoas que cruzaram o Mediterrâneo na condição de refugiados e migrantes neste ano e com os conflitos na Síria e em outras regiões que continuam a gerar números alarmantes de sofrimento humano, o ano de 2015 deverá superar todos os registros anteriores de deslocamento forçado em escala global", diz o relatório.

"O deslocamento forçado afeta profundamente os nossos tempos", afirmou o chefe do Acnur, Antonio Guterres. "A necessidade de tolerância, compaixão e solidariedade para com as pessoas que perderam tudo nunca foi tão grande." Os pedidos de asilo em todo o mundo aumentaram 78% na primeira metade do ano, chegando a quase um milhão.

Apesar da atenção dada àqueles que buscam refúgio na Europa ou na América do Norte, são os países fronteiriços das zonas de conflito que arcam com a maior parte dos refugiados, diz o relatório, que alerta também para o aumento do "uso político" do problema.

A Alemanha foi o país que mais acolheu requerentes de asilo, chegando a 159 mil no primeiro semestre – número que se aproxima do total do ano anterior. Desde então, com o agravamento da crise, o país espera receber em torno de um milhão de pessoas até o fim do ano.

Deslocamento interno aumenta

O total de pessoas que se deslocaram internamente em seus países, subtraindo aqueles que retornaram a seus locais de origem, aumentou em dois milhões no período avaliado, chegando a 34 milhões. Apenas no Iêmen, esses números chegaram a quase um milhão, enquanto a Ucrânia e República Democrática do Congo registraram quase 600 mil pessoas deslocadas internamente.

A quantidade de pessoas que retornam voluntariamente a seus locais de origem é a mais baixa em três décadas. Segundo a Acnur, apenas 84 mil retornaram em segurança até a metade de 2015, contra 107 mil no mesmo período do ano anterior.

RC/rtr/afp

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