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Refugiados rejeitados pela Itália chegam à Espanha

17 de junho de 2018

Barcos atracam em Valência após Madri oferecer acolhida para "evitar tragédia humanitária". Resgatados do mar mas repelidos por Roma, migrantes protagonizam drama que expõe política migratória do novo governo italiano.

Aquarius, da ONG francesa SOS Méditerranée, chega a porto de Valência
Aquarius, da ONG francesa SOS Méditerranée, chega a porto de ValênciaFoto: Getty Images/AFP/J. Jordan

O navio Aquarius chegou neste domingo (17/06) no porto espanhol de Valência, uma semana depois que o governo da Itália impediu que a embarcação atracasse no país com 629 refugiados a bordo – incluindo mulheres grávidas e crianças –, que haviam sido resgatados na costa da Líbia.

O novo chefe de governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, ofereceu acolhida ao navio, que foi obrigado a percorrer cerca de 1.500 quilômetros em oito dias, após parte da tripulação ter sido distribuída com dois outros barcos, pertencentes à Guarda Costeira italiana.

O Aquarius chegou em Valência com 106 migrantes, pouco depois de o barco Dattilo, da Guarda Costeira italiana, ter atracado na cidade com 247 refugiados. O píer de cruzeiros 2 do Porto de Valência foi preparado para receber a chegada escalonada dos 629 migrantes. A última embarcação a entrar no porto espanhol foi a Orione, trazendo os refugiados restantes.

Quando o Aquarius se aproximava do porto, as pessoas a bordo dançaram e cantaram animadamente, alegria que foi capturada em vídeo divulgado no Twitter pela ONG humanitária francesa SOS Méditerranée que opera o barco, em cooperação com a Médicos sem Fronteiras (MSF). O Aquarius levou à Espanha os refugiados considerados mais vulneráveis, como grávidas, crianças e pessoas com queimaduras.

Após o Dattilo atracar, profissionais de saúde entraram na embarcação para uma primeira triagem das pessoas a bordo, das quais 182 são homens, 32 mulheres (uma delas grávida) e 60 crianças não acompanhadas (52 meninas e oito meninos), antes de os passageiros desembarcarem em grupos de 20. Os migrantes, em maioria africanos, receberam as boas-vindas por uma equipe de mais d e2 mil pessoas, incluindo 470 intérpretes e mil voluntários da Cruz Vermelha, que distribuíram itens como lençóis, roupas e kits de higiene. Os doentes ou feridos foram transportados ao hospital, juntamente com as grávidas.

O Aquarius resgatou os migrantes da costa da Líbia no último final de semana, mas o novo governo populista da Itália e Malta se recusaram a deixá-lo atracar, acusando-se mutuamente de não cumprimento dos compromissos humanitários e da UE.

A Espanha acabou intervindo, concordando em receber os refugiados como um "gesto político" para "obrigar a Europa a forjar uma política comum para um problema comum", segundo o ministro espanhol do Exterior, Josep Borrell.

Madri disse neste sábado que aceitou uma oferta da França – que irritou Roma ao acusar o governo italiano de irresponsável – de receber os imigrantes da Aquarius que "atendem aos critérios para concessão de asilo". Os dois países vão "trabalhar juntos" para lidar com a chegada, disse a vice-primeira-ministra da Espanha, Carmen Calvo.

O premiê espanhol, Pedro Sánchez, agradeceu ao presidente francês, Emmanuel Macron, por seu gesto, dizendo que isso é "exatamente o tipo de cooperação que a Europa precisa" a essa hora. 

Um drama envolvendo o Aquarius expôs a forma como o novo governo populista da Itália deve tratar a questão da imigração e do grande número de refugiados que chegam ao país através das perigosas travessias do Mediterrâneo.   

MD/efe/afp/rtr

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