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Mais de 7 mil venezuelanos entraram no Brasil em 2016

18 de abril de 2017

ONG Human Rights Watch denuncia que população venezuelana é vítima de uma crise humanitária gerada pelo governo Maduro: "Muitos vivem em condições precárias nas ruas de Roraima."

Em Pacaraima, venezuelanos vivem nas ruas
Em Pacaraima, venezuelanos vivem nas ruasFoto: DW/K. Andrade

Mais de 7,1 mil venezuelanos imigraram para o Brasil nos primeiros 11 meses de 2016, mais do que os cinco mil que o fizeram nos dois anos anteriores. O número é o exemplo de como a crise humanitária na Venezuela ultrapassa suas fronteiras, afirma a ONG de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

"O Brasil está tentando atender as necessidades urgentes dos venezuelanos que são vítimas de uma crise humanitária da qual o governo de Nicolás Maduro é o principal responsável", afirmou José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da HRW.

A migração afeta principalmente o estado de Roraima, uma das principais portas de entrada dos venezuelanos no país. O relatório destaca que o governo venezuelano nega a existência da crise e não está dando uma resposta adequada, fazendo com que  milhares de venezuelanos emigrem. Os que não têm condições financeiras para comprar uma passagem de avião, optam por atravessar a fronteira com o Brasil.

"Muitos venezuelanos vivem em condições precárias nas ruas e num centro de amparo em Boa Vista, capital de Roraima", diz o estudo. Os venezuelanos entrevistados pela organização em fevereiro, no entanto, afirmaram que, apesar das duras condições, vivem melhor no Brasil do que no seu país natal.

Alguns dos venezuelanos que chegaram ao Brasil tentam ser acolhidos como refugiados, outros buscam emprego temporário e também há um grupo que viaja para obter assistência médica de emergência.

A migração em massa gerou um impacto no sistema público de saúde de Roraima. Vários profissionais de saúde brasileiros explicaram à organização que, em geral, os venezuelanos chegam aos hospitais em situação de maior gravidade do que os pacientes locais "por não terem recebido tratamento adequado em seu país".

Muitos são atendidos por complicações de doenças como aids, pneumonia, tuberculose e malária que não tinham sido tratadas na Venezuela devido à escassez de medicamentos. No hospital de Pacaraima, cidade brasileira na fronteira, 80% dos pacientes vieram do país vizinho.

A HRW diz que a chegada em dos venezuelanos contribui também para o colapso do sistema brasileiro de processamento de solicitações de asilo.

Houve um aumento significado no número de venezuelanos que solicitaram asilo no Brasil, passando de 54 em 2013 para 2.595 nos primeiros onze meses de 2016, segundo a HRW.

Vivanco pediu aos governos da América Latina que "coloquem a crise da Venezuela como assunto prioritário", porque "já está tendo consequências além de suas fronteiras" e, "cedo ou tarde, terão que pressionar Maduro para que deixe de negá-la e tome medidas".

O relatório foi apresentado ao secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

CN/efe/dpa

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