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PolíticaJapão

Mais de 80% dos japoneses não querem Jogos Olímpicos

17 de maio de 2021

Evento está confirmado para julho em Tóquio. Mas com pandemia avançando e vacinação lenta, ampla maioria da população diz que seria melhor adiar - ou cancelar totalmente.

Protesto em Tóquio contra os Jogos Olímpicos
Protesto em Tóquio contra os Jogos OlímpicosFoto: Kyodo/REUTERS

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (17/05) mostrou que mais de 80% dos japoneses se opõem à realização dos Jogos Olímpicos neste ano. A sondagem confirma a crescente antipatia no país com o evento em Tóquio, confirmado, em meio à pandemia, para daqui a dez semanas.

Atualmente, o Japão tenta conter uma quarta onda de casos de covid-19. Na sexta-feira, o país ampliou o estado de emergência, e o sistema de saúde está sob pressão, com profissionais constantemente alertando sobre exaustão e riscos de escassez de leitos e medicamentos.

Segundo a pesquisa do diário Asahi Shimbun, neste contexto de pandemia, 43% dos japoneses querem o cancelamento definitivo dos Jogos de 2020, e 40% defendem um novo adiamento.

O resultado mostra um aumento significativo na rejeição ao evento. Apenas um mês atrás, 35% defendiam o cancelamento, e 34%, um novo adiamento.

"É tão difícil adiar?"

"Eu sou um dos que estão nos 80%. Penso que os Jogos deveriam ser adiados. É tão difícil assim adiar?", questiona Sumiko Usui, de 74 anos, à agência de notícias AFP em Tóquio.

Takahiro Yoshida, de 53 anos, também expressa dúvidas sobre o evento, que envolve milhares de atletas, autoridades e jornalistas do exterior.

"Na minha sincera opinião, será difícil realizar os Jogos. Os atletas do exterior também devem estar preocupados, porque a situação do coronavírus do Japão é ruim", diz. "Eu quero ver o adiamento acontecer, mas provavelmente será difícil quando se pensa no panorama geral."

De acordo com a pesquisa, apenas 14% dos entrevistados declararam apoiar a realização dos Jogos neste verão. O evento está marcado para começar em 23 de julho.

Se os Jogos forem adiante, 59% dos entrevistados disseram que não querem espectadores, 33% defenderam torcida reduzida, enquanto apenas 3% declararam apoio a uma capacidade normal nas arquibancadas durante a competição.

Os organizadores olímpicos dizem que medidas duras contra o coronavírus, como testes regulares de atletas e uma proibição de torcedores estrangeiros, vão garantir uma realização segura do evento.

Outra pesquisa, da agência Kyodo, mostrou que 87,7% dos entrevistados se preocupam com a possibilidade de que um fluxo de atletas e funcionários de fora espalhe o vírus no Japão, onde apenas 2% da população já foi totalmente vacinada.

Governo defende realização

Na sexta-feira, o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, reiterou que é possível realizar "Jogos seguros". Suga fez a declaração durante uma coletiva de imprensa para anunciar uma nova extensão do estado de emergência sanitária, que englobará três outras províncias além das seis onde esta medida excepcional já se encontra em vigor, incluindo Tóquio.

O estado de emergência sanitária implica em maiores restrições para tentar conter o vírus e cobre as regiões mais populosas do país, que sofrem com uma quarta onda de infecções que está saturando seus sistemas de saúde.

Nesse sentido, quando questionado sobre a viabilidade do evento esportivo, Suga disse que é "responsabilidade" do Japão tomar as medidas necessárias para garantir a segurança dos atletas e dos cidadãos japoneses depois de o Comitê Olímpico Internacional "ter decidido realizar os Jogos Olímpicos em julho".

"Acredito que é possível realizar os Jogos em segurança, tomando estas medidas para proteger a vida e a saúde do povo, razão pela qual continuaremos realizando os preparativos", acrescentou o premiê japonês.

Os casos de covid-19 têm aumentado em todo o Japão nas últimas semanas. O número de doentes graves que necessitam de cuidados respiratórios é recorde (supera 1.200). Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com a propagação de novas variantes do vírus, o que levou o Japão a reforçar ainda mais suas restrições fronteiriças.

rpr/lf (AFP, AP)