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ConflitosIsrael

Mais de 800 mil já fugiram de Rafah, diz agência da ONU

19 de maio de 2024

UNRWA alerta para situação precária. Em Israel, ministro do gabinete de guerra dá ultimato a Netanyahu por plano para Gaza: "Se você escolher o caminho dos fanáticos, seremos forçados a deixar o governo."

Crianças sentadas sobre uma pilha de malas e sacolas; ao fundo, prédios bombardeados
Crianças palestinas buscam abrigo em Khan YounisFoto: AFP/Getty Images

O número de palestinos que foram "obrigados a fugir" de Rafah na esteira da operação militar israelense chegou a 800 mil pessoas, afirmou neste sábado (18/05) o diretor da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini.

Rafah, que fica no sul da Faixa de Gaza, é alvo das forças israelenses desde 6 de maio. A cidade na fronteira com o Egito era o único ponto que não havia sido adentrado por tropas terrestres em sete meses de conflito, e abrigava por isso mais da metade dos 2,4 milhões de moradores de Gaza.

Israel alega que Rafah é o último bastião do grupo radical islâmico Hamas.

"Mais uma vez, quase metade da população de Rafah, 800 mil pessoas, estão na estrada, tendo sido obrigadas a fugir", afirmou o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, na rede social X. "Em resposta a ordens de evacuação que exigem das pessoas que fujam para as ditas zonas seguras, as pessoas foram principalmente às áreas centrais [do enclave] e a Khan Younis, incluindo prédios destruídos."

Segundo Lazzarini, as pessoas estão fugindo para áreas sem abastecimento de água nem saneamento adequado.

O chefe da UNRWA disse que, desde o início da guerra, "palestinos foram forçados a fugir diversas vezes em busca de uma segurança que nunca encontraram, nem em abrigos da UNRWA". "A cada vez, eles são obrigados a deixar para trás os poucos pertences que possuem (...). A cada vez, eles têm que começar do zero, tudo de novo", acrescentou.

A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos – principal aliado de Israel –, tem se mostrado preocupada com uma invasão de Rafah.

No início de maio, as tropas israelenses assumiram o controle do posto fronteiriço de Rafah com o Egito, que até então era a principal porta de entrada de ajuda humanitária. No lado israelense, dificuldades logísticas, fogo cruzado e protestos têm dificultado a entrega de mantimentos essenciais aos palestinos.

Neste sábado, Israel anunciou a chegada da primeira carga humanitária a Gaza por meio de um porto flutuante construído pelos Estados Unidos.

Caminhões transitam por porto flutuante construído pelos Estados Unidos para levar ajuda humanitária à Faixa de GazaFoto: Kelby Sanders/US Navy/Imago

Ministro do gabinete de guerra israelense dá ultimato a Netanyahu

Ministro do gabinete de guerra israelense, Benny Gantz deu ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prazo até 8 de junho para aprovar um plano para definir o destino da Faixa de Gaza depois que o conflito com o Hamas for encerrado.

Do contrário, Gantz, que é um político centrista adversário de Netanyahu, disse que renunciará ao cargo – algo que deixaria o governo dele ainda mais dependente de radicais de ultradireita que defendem uma linha dura nas negociações para um cessar fogo e que pregam a reconstrução de assentamentos israelenses em Gaza.

"Se você escolher o caminho dos fanáticos e liderar a nação inteira para o abismo, seremos forçados a desembarcar do governo", advertiu Gantz.

Segundo Gantz, o plano para Gaza precisa contemplar a deposição do Hamas do governo, o controle israelense de segurança sobre o enclave, o retorno dos reféns mantidos em Gaza e a criação de uma administração civil tripartite partilhada entre árabes, europeus e palestinos.

ra (AFP, Reuters, DW)