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EUA separaram 911 menores migrantes dos pais em um ano

31 de julho de 2019

Prática, que visava inibir imigração ilegal, continua sendo aplicada mesmo após ordem judicial. Segundo União Americana pelas Liberdades Civis, uma em cada cinco crianças nesta situação tem menos de cinco anos.

Crianças em abrigo no Texas, próximo à fronteira com o México
No auge da política de "tolerância zero" no início de junho, todas as crianças eram levadas para abrigosFoto: Reuters/M. Blake

A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) afirmou nesta terça-feira (30/07) que 911 crianças migrantes foram separadas de suas famílias na fronteira dos Estados Unidos com o México entre o fim de junho de 2018 e 29 de junho deste ano, apesar da ordem judicial para que o governo americano interrompesse a prática que causou polêmica.

Cerca de uma em cada cinco crianças nesta situação tem menos de cinco anos, de acordo com a ACLU. Há inclusive casos de bebês.

Segundo o grupo, a grande maioria das separações teria sido baseada em supostos crimes cometidos pelos pais. Muitas das violações alegadas são judicialmente equivalentes a infrações de trânsito. Outros motivos para a separação incluem preocupação com a segurança da criança, relação familiar não identificada e doença dos pais.

"O governo continua separando crianças dos pais sob o disfarce de estar protegendo essas crianças de seus próprios pais, embora o alegado histórico criminal deles esteja errado ou é chocantemente menor", afirmou Lee Gelernt, do projeto de direitos dos imigrantes da ACLU.

A separação de famílias começou na primavera de 2018. Em pouco tempo, mais de 2.600 menores foram separados dos seus pais sob a política de "tolerância zero" do governo de Donald Trump, que exigia o processamento penal de todos os imigrantes adultos que fossem detidos depois de tentar atravessar a fronteira sul do país.

Todas as crianças eram colocadas em abrigos ou acolhidas em casas de família. Não eram raros os casos de famílias migrantes que acabaram separadas por milhares de quilômetros durante semanas. A política do então procurador-geral, Jeff Sessions, criou muito mal-estar na sociedade americana e fez com que o presidente a cancelasse três meses depois da sua implementação.

Depois do cancelamento, o juiz Dana Sabraw, de San Diego, ordenou que o governo reunisse as crianças que já haviam sido separadas e determinou que a separação de famílias na fronteira ocorresse apenas em casos excepcionais de risco para a segurança da criança. 

De acordo com Gelernt, após a ordem judicial, a prática foi reduzida, mas recentemente os casos voltaram a aumentar.

Com os novos números, a ACLU pediu ao juiz Dana Sabraw que esclareça a norma para a separação, garantido que ela só ocorra quando os pais representarem um perigo real para as crianças.

A separação das famílias foi uma das políticas fundamentais de Trump para desencorajar migrantes a entrar nos Estados Unidos. As chegadas diminuíram enquanto a prática esteve em vigor, mas voltaram a aumentar ao longo dos últimos meses.

CN/ap/ots

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