Mais espaço para o Reno
31 de dezembro de 2003Na tentativa de devolver ao Reno um pouco de suas características, pesquisadores estudam a possibilidade de fazer com que antigas minas de extração de cascalho – hoje convertidas em lagos – cumpram a função originalmente reservada às várzeas. Eles pretendem interligar os lagos entre si e com o Reno. O objetivo seria dar aos peixes que vivem no rio um espaço para a desova, o que só pode ser feito em águas tranqüilas.
A partir de 1820, o Reno teve seu curso alterado por sucessivas intervenções, que tinham por objetivo transformá-lo em uma das principais hidrovias para transporte de cargas da Alemanha. O engenheiro Johann Gottfried Tulla teve êxito na sua tentativa de encurtar o curso do rio em 83 quilômetros entre a cidade alemã de Bingen e a de Basiléia, na Suíça, mas não sem conseqüências.
Para espanto de Tulla, as águas do Reno penetraram até 10 metros para o subsolo em alguns pontos e o nível do rio diminuiu. À retificação do rio no Alto Reno também se atribui as freqüentes enchentes na região do Baixo Reno.
Hoje o Reno é mais um canal de navegação do que um rio. Estes costumam alterar seu curso de tempos em tempos, avançando sobre as margens, se dividindo ou perdendo velhos “braços”, e é essa dinâmica que garante a existência das regiões de várzea. Por conta da retificação, este fenômeno praticamente não ocorre mais ao longo do Reno.
Minas de cascalho
O biólogo Jost Borcherding, da Universidade de Colônia, explica que, em uma faixa de 30 quilômetros de extensão e oito de largura à margem direita do rio, há vários lagos formados em antigas minas a céu aberto que poderiam ser interligados e ligados ao Reno. Para ele, além de trazer mais vida para o rio, a iniciativa também permitiria o uso desses locais para a prática do canoísmo.
“Esses locais deveriam ser interligados e com isso finalmente cumprir a função de uma várzea mais larga. Hoje restam muito poucas ao longo do rio. Nós precisamos de outros locais para conservar a funcionalidade do Reno”, afirma, lembrando que muitos peixes apenas se procriam em águas tranqüilas.
As antigas minas de cascalho cumpririam essa função. Mas antes disso há outros pontos a resolver. Ulrich Werneke, do Centro de Proteção Ambiental de Kleve, fala das dificuldades enfrentadas para conseguir que uma antiga mina não seja mais utilizada como depósito de entulho e terra dragada.
“Levamos oito anos para parar com essa prática aqui e apenas no último ano tivemos sucesso. Só depois disso é que preparamos a estrutura do terreno para que ele possa cumprir a sua função como várzea”, explica.