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Mais que uma onda: alemães apreciam literatura hispano-americana

bg / lk8 de outubro de 2002

Editoras e comércio livreiro registram queda no faturamento, mas a produção de livros não pára de crescer. Predominam os livros traduzidos, muitos deles do espanhol.

Os livros da chilena Isabel Allende vendem bem na AlemanhaFoto: AP

O setor livreiro ainda resiste ao desaquecimento geral da conjuntura. Tendo lançado 89.986 títulos no mercado, em 2001, a Alemanha é um dos países líderes do setor, logo após o Reino Unido e a China, segundo levantamentos da Associação do Comércio Livreiro. O mercado é dominado por obras de autores anglo-saxões: 74,2% dos livros traduzidos para o alemão têm original inglês. A demanda por livros franceses e do Leste Europeu é relativamente modesta, enquanto o interesse pelos hispano-americanos se consolidou. A maioria das obras traduzidas são de ficção.

Gostos mudaram

Thomas Überhoff, diretor do programa de livros de ficção da Editora Rowohlt, confirma à DW-WORLD que o gosto dos leitores mudou: "O pessoal enjoou das erotômanas francesas. O que sempre faz muito sucesso são os romances sociais americanos".

Entre os lançamentos do segundo semestre, a editora está apostando principalmente na tradução de The Corrections, romance de Jonathan Franzen que foi um best-seller nos EUA. A imprensa alemã vem entoando hinos de louvor a este drama de família norte-americano, mesmo antes de seu lançamento.

Interesse constante

A recepção de alguns autores latino-americanos comprova que o interesse dos leitores alemães pela literatura hispano-americana vem se mantendo constante. O mexicano Carlos Fuentes, por exemplo, foi festejado no ano passado pela imprensa e pelo público, com seus romances Os Anos com Laura Diaz e Instinto de Inez. Um sucesso de vendas é a chilena Isabel Allende, desde que se projetou em 1994 com A Casa dos Espíritos. Neste segundo semestre, está sendo lançado na Alemanha seu novo livro, A Cidade dos Deuses Selvagens, já traduzido também em Portugal.

Grande expectativa reina também em torno do lançamento da autobiografia do Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, Viver para Contar. A editora já registrou um grande número de encomendas do comércio e de jornalistas.

Nome é garantia de sucesso

"O sucesso dos autores latino-americanos depende de quanto eles são conhecidos. Eles só vendem bem se já têm nome na praça", relata à DW-WORLD Christiane Schmidt, responsável pelo setor de ficção da editora DVA.

A presença literária da América Latina no mercado livreiro alemão deve ser reforçada agora graças a uma iniciativa conjunta do Instituto Ibero-Americano de Berlim, da direção da Feira do Livro de Frankfurt e dos embaixadores latino-americanos na Alemanha. Em Frankfurt, 500 editores latino-americanos e caribenhos estarão pela primeira vez presentes num estande coletivo. O dia 9 de outubro, quando começa a programação do Centro Internacional da Feira, será totalmente dedicado à América latina e ao Caribe. "O objetivo do evento é patrocinar novas cooperações entre editoras e preparar o caminho para apresentar no futuro esta região como ênfase da Feira do Livro", esclarece Günter Maihold, diretor do Instituto Ibero-Americano, à DW-WORLD.

Antonio Skármeta, atual embaixador do Chile na Alemanha, conta também com grande número de leitores alemães. "Não se pode comparar a recepção da literatura latino-americana com os enormes sucessos de venda de romances americanos. Ainda assim, alguns autores já se consolidaram por aqui e marcam presença nas livrarias, universidades e escolas", afirma Skármeta. A tradução alemã de seu último livro, A Menina do Trombone, está para sair estes dias. Trata-se da história de uma garota que tem um sonho: emigrar para a América com seu namorado.

No que diz respeito à literatura brasileira, ela infelizmente tem marcado menos presença, de uns para cá. Dos autores da atualidade, o único a conseguir certa ressonância é Paulo Coelho, que já teve alguns títulos incluídos na lista de best-sellers da revista Der Spiegel.

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