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Mais uma tentativa

(sv)3 de julho de 2003

Schröder afirma em pronunciamento oficial que a economia alemã "se movimenta". A oposição desconfiada rebate: "mas em que direção?"

Schröder após discurso sobre política fiscalFoto: AP

"Nós fizemos as contas certas", insiste o premiê alemão, defendendo as reduções de imposto que seu governo, apesar dos caixas falidos, pretende introduzir já em 2004, um ano antes da data antes planejada. "Empresas de porte médio irão pagar, já a partir do próximo ano, quase dez bilhões de euros a menos de impostos. Com isso damos, em tempos de crise, um claro sinal ao empresariado: menos impostos em troca de mais investimento e mais investimento em prol de mais empregos", anunciou um Schröder otimista.

Endividamento -

A questão é, no entanto, complexa: para poder reduzir os impostos como planejado, o governo federal terá que se endividar ainda mais. As dívidas a serem contraídas pelo ministro das Finanças, Hans Eichel, perante os bancos devem atingir a cifra de sete bilhões de euros, um caminho que, para a oposição, é definitivamente errôneo.

"O senhor sabe, senhor Eichel, que esse orçamento é um produto extraordinário de números manipulados e amenizados. Trata-se de uma contabilidade construída sobre um solo arenoso, que contém erros do começo ao fim", acusou Angela Merkel, presidente da União Democrata Cristã (CDU).

Estado social & economia moderna? -

Com o intuito de aliviar a longo prazo o orçamento, o governo pretende eliminar gradualmente os subsídios, implementando dessa forma a tão esperada reforma de todo o sistema social. Na combinação de redução dos impostos, o governo enxerga a receita para o crescimento econômico. "Nós fazemos reformas estruturais por uma razão fundamental: para que a Alemanha continue sendo um bom Estado social e ao mesmo tempo uma economia moderna, pois as duas coisas são inseparáveis", declarou Schröder.

Angela Merkel, presidente da União Democrata Cristã (CDU)Foto: AP

Oposição - A postura democrata-cristã, por sua vez, questiona o "movimento" que o premiê vê na economia do país. "A Alemanha está se movendo, mas para onde? O senhor realmente acredita que um clima de novos investimentos irá se instalar neste país, quando as pessoas têm que viver com essa insegurança?", alfinetou Merkel, da CDU.

Para ver suas reformas tanto do sistema financeiro quanto social implementadas, Schöder precisa do aval da oposição. Seu último pronunciamento foi ao mesmo tempo um pedido de cooperação para que seu pacote de mudanças seja aprovado. No entanto, a bancada democrata-cristã sabe que, se a reforma passar e surtir os efeitos desejados, os social-democratas irão propagar a quatro cantos sua autoria. Ou seja, apenas por essa razão não é de todo improvável que emperrem o processo.

Efeitos na UE -

Schröder afirma em seu discurso que a Alemanha "está apta a mudanças". Após três anos com uma economia estagnada e um aumento crescente do desemprego, é óbvio que o país tem que estar disposto a desviar o curso que segue. Mesmo porque um parco ou nulo crescimento econômico da Alemanha ecoa por toda a Europa: bem ou mal, o país continua sendo responsável por 30% de toda a produção dentro da UE. Se o carro alemão não engata, o europeu também começa a se arrastar.

Já a segunda afirmação de Schröder, de que o país "está em movimento", está talvez recheada de um otimismo excessivo. Até agora, empresariado e população vêm assistindo a uma série de eventos retóricos - a Comissão Harz, inúmeras sugestões para tornar o mercado de trabalho mais flexível - mas os resultados concretos ainda não puderam ser sentidos no dia-a-dia.

Dia D - Do que a oposição também não gostou foi da data escolhida a dedo por Schröder para defender seu pacote de medidas: exatamente nesta quinta-feira (03/07), o chefe de governo alemão depôs perante uma comissão parlamentar que apura um eventual "engodo" na última campanha eleitoral.

Schröder é acusado de ter omitido propositalmente dados relativos ao orçamento público, com o mero intuito de vencer as eleições. A Comissão Parlamentar de Inquérito ouviu cerca de 30 testemunhas desde dezembro último. Os resultados deverão ser debatidos pelo Parlamento no segundo semestre deste ano.

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