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Mais vigilância por vídeo nas estações de trens da Alemanha

Andreas Tzortzis (av)24 de agosto de 2005

Câmaras de vigilância em lugares públicos estão em alta na Europa, desde os atentados em Londres. Alemanha entra na onda, porém preocupada com a proporcionalidade das medidas: proteção contra o crime X proteção de dados.

Quando segurança pode ser demais?Foto: AP

Em breve as estações ferroviárias se tornarão os locais públicos mais vigiados da Alemanha. O ministro do Interior, Otto Schily,anunciou no início desta semana que pretende aumentar o nível de vigilância por vídeo nas estações do país, assim como o número de agentes de segurança patrulhando as plataformas.

Schily assegurou que a medida não é apenas uma reação aos atentados fatais em Londres, mas sim parte de uma estratégia de longo prazo. Esta também prevê um novo centro de segurança, onde oito policiais trabalharão em conjunto com os funcionários responsáveis da Deutsche Bahn, empresa que administra os transportes ferroviários do país.

"A segurança dos passageiros tem alta prioridade, especialmente em face à próxima Copa do Mundo de futebol na Alemanha", explicou o ministro responsável pela segurança interna da Alemanha.

Exemplo londrino

Os atentados a bomba de 7 de julho passado mataram 52 pessoas nos meios de transportes públicos em Londres. Nas semanas que se seguiram, diversas capitais européias prometeram aumentar a vigilância da esfera pública, num esforço para coibir a atividade criminosa e terrrorista.

Encorajadas pelo sucesso dos investigadores britânicos na identificação dos suspeitos dos atentados – com base nas imagens do circuito fechado de televisão instalado no metrô – metrópoles como Moscou e Roma prometem garantir melhor a segurança de seus cidadãos, aumentando o número e qualidade das câmaras de vigilância instaladas em suas estações de trânsito.

Apoio cauteloso

As intenções da Alemanha de fazer o mesmo têm sido saudadas tanto por organizações policiais como pelos especialistas em proteção de dados – até certo ponto.

Peter Schaar, comissário federal de Proteção de DadosFoto: dpa

"Especialmente nesta época de terrorismo, é preciso considerar a proporcionalidade das medidas", alertou Peter Schaar, comissário federal de Proteção de Dados, acrescentando: "A meta do terrorismo é mudar a sociedade e atacar as instituições democráticas".

O encarregado assegurou que nada tem contra os planos de Schily, contanto que estes se encaixem no presente sistema, que conta com o consenso da polícia e dos encarregados da proteção de dados. Em princípio, as imagens capturadas pelas câmaras em estações de trânsito são mantidas por 48 horas, antes de serem apagadas. Sob condições normais, este prazo basta para que sua função se cumpra.

De acordo com o ministro do Interior, na Alemanha, em 2004, 703 delitos foram registrados por câmaras, 546 suspeitos investigados e 411 dos crimes solvidos. Além disso, em 772 casos a polícia pôde intervir antes que o crime fosse cometido.

Policiais de verdade diante das câmaras

As organizações policiais rebatem que a vigilância por vídeo deveria ser expandida seletivamente. A Associação Alemã de Investigadores Criminais sugeriu que os conhecimentos da polícia e as estatísticas criminais sejam utlizados para determinar onde as câmaras seriam mais úteis.

"Apoiamos a expansão, mas não em todo lugar", declarou o porta-voz da organização. "O próximo passo tem que ser colocar policiais de verdade examinando as imagens fornecidas por essas câmaras e permitir-lhes agir quando um crime está sendo cometido."

No dia seguinte ao anúncio de Schily, membros do Partido Verde apelaram para que não se sacrifiquem as liberdades civis em nome da segurança. Silke Stokar, porta-voz para assuntos internos da bancada verde no Parlamento, criticou a vigilância secreta por vídeo, pedindo maior transparência.

Presença policial visível continua necessária

Embora Peter Schaar, que é também diretor-gerente da PrivCom, companhia especializada em proteção de dados, não se oponha às intenções do ministro Schily, ele acredita que reforçar o pessoal de segurança seria mais efetivo.

"Não queremos dar a falsa impressão de que a vigilância por vídeo resolva tudo. Mesmo que uma área esteja sendo observada, isso não significa que crimes não sejam possíveis, nem que a captura dos criminosos será automática. A presença visível dos agentes é mais efeitva do que esses olhos eletrônicos", concluiu o comissário federal.

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