Malásia prende mais dois por morte de Kim Jong-nam
16 de fevereiro de 2017
Mulher de nacionalidade indonésia e seu namorado são detidos sob suspeita de envolvimento no assassinato do irmão do ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Corpo será trasladado para Pyongyang.
Anúncio
As autoridades da Malásia confirmaram nesta quinta-feira (15/02) a prisão de mais dois suspeitos de envolvimento na morte de Kim Jong-nam, irmão mais velho do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, em Kuala Lumpur.
A polícia já havia confirmado a prisão de uma mulher indonésia, cuja identidade foi confirmada por Jacarta. A embaixada do país na Malásia pediu ao governo acesso à suspeita, identificada como Siti Aishah, de 25 anos, para lhe "fornecer assistência com o objetivo de assegurar seus direitos legais".
Mais tarde, o chefe de polícia local informou que o namorado de Aishah também foi detido pelas autoridades para "contribuir com as investigações".
Na quarta-feira, uma mulher de passaporte vietnamita foi detida no mesmo terminal do aeroporto onde Kim Jong-nam passou mal pouco antes de morrer. Sua imagem foi registrada pelas câmeras de segurança do aeroporto de Kuala Lumpur.
Imagens congeladas da gravação das câmeras de segurança divulgadas pela imprensa – confirmadas como autênticas pela polícia – mostram uma mulher vestida de saias e camiseta branca de mangas compridas estampada com os dizeres "LOL".
O vice-primeiro-ministro da Malásia, Ahmad Zahid Hamidi, informou que o corpo de Kim Jong-nam vai ser trasladado para a Coreia do Norte, atendendo a um pedido de Pyongyang.
Kim Jong-nam morreu nesta segunda-feira após de ter sido atacado por duas mulheres que jogaram um líquido em seu rosto num saguão do Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur.
No radar de Pyongyang
Ele é o primeiro filho do falecido ditador norte-coreano Kim Jong-il. Com cerca de 45 anos, chegou a ser considerado o melhor posicionado para substituir o pai à frente do regime.
A morte de Kim Jong-nam é a segunda de um membro da família que comanda a Coreia do Norte no regime de Kim Jong-un, depois da execução de Jang Song-Thaek, tio do ditador, em dezembro de 2013.
Fruto do casamento entre Kim Jong-il e a segunda mulher, a atriz Song Hye-rim, Kim Jong-nam emigrou à China em 1995 e vivia desde então entre Pequim e Macau, amparado pelo governo chinês e focado em investimentos.
Kim Jong-nam perdeu definitivamente a preferência do pai quando, em 2001, foi detido num aeroporto de Tóquio com um passaporte dominicano falso que pretendia usar para entrar no Japão e supostamente visitar o parque Disneyland.
Durante os últimos anos, os veículos de imprensa sul-coreanos especularam sobre supostas tentativas do regime de assassinar o primogênito de Kim Jong-il e, em 2012, informaram sobre a detenção de um suposto espião norte-coreano que teria confessado ter ordens para assassinar Kim Jong-nam na China.
Kim Jong-un estaria tentando fortalecer sua posição no poder diante da pressão internacional por causa do programa nuclear do país. Ele já teria determinado uma série de execuções.
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.