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Mali ganha apoio militar britânico e quase meio bilhão de dólares em ajuda

29 de janeiro de 2013

Em conferência na Etiópia, aliados prometem apoio logístico e financeiro para o combate aos rebeldes no país africano, que deve receber do Reino Unido mais centenas de soldados.

Foto: AP

Já no controle das cidades de Timbuctu e Gao e prestes a tomarem a igualmente importante Kidal, ainda em poder dos rebeldes, as tropas malinesas e francesas ganharam nesta terça-feira (29/01) mais dois trunfos na luta para retomar o norte do Mali. De uma conferência internacional na Etiópia, receberam a promessa de quase meio bilhão de dólares em ajuda e, de Londres, ouviram do governo britânico o compromisso de envio de mais algumas centenas de soldados para apoiarem a missão militar (Afisma) no país africano.

A contribuição financeira ficou estabelecida num encontro em Adis Abeba, que reuniu os países africanos e mais de 60 nações aliadas. O objetivo é que o dinheiro seja usado em logística, no treinamento de soldados malineses e no estabelecimento, após o fim da campanha militar, de uma missão de estabilização do país.

"O dinheiro ajudará a restabelecer a soberania e a integridade do Mali, pré-requisitos para uma estabilidade política duradoura", disse o ministro francês do Exterior, Laurent Fabius, durante a conferência. "E nós vamos ficar [no Mali] o tempo que for necessário. Precisamos ter certeza de que haverá uma boa transição entre a França e a Afisma."

Do total dos 455 milhões de dólares prometidos, a maior parte será forncecida pelo Japão (120 milhões). Entre os principais doadores estão também Estados Unidos (96 milhões), União Europeia (63 milhões) e União Africana (50 milhões).

O presidente em exercício do Mali, Dioncunda Traoré, aproveitou a conferência para defender a missão. "Sempre acreditamos que a ação militar deveria ser o último recurso, mas, neste caso, infelizmente parece ser a única opção", afirmou.

Tropas em Timbuctu: missão franco-malinesa passará a ter maior apoio militar britânicoFoto: dapd

Promessa de eleições

Traoré assumiu o poder de forma interina em abril, como parte de um acordo regional para restaurar a estabilidade no Mali, abalada por um golpe militar um mês antes. Desde então, o presidente é pressionado pela comunidade internacional a reeguer a ordem institucional no país.Durante a reunião na Etiópia, ele prometeu que, liberado o território das mãos dos rebeldes, convocará eleições livres até o fim de julho.

Também nesta terça-feira, o governo britânico anunciou o envio ao Mali de mais de 300 militares, que não participarão diretamente de combates, mas prestarão apoio à missão franco-africana. Atualmente, o Reino Unido tem 20 militares em território malinês. Outros 70 estão no vizinho Senegal, em missão de vigilância.

O anúncio do premiê David Cameron levou imediatamente a críticas no Parlamento britânico, onde deputados questionaram o risco do envolvimento do Reino Unido em um novo conflito, após a extensa e custosa participação na Guerra do Afeganistão.

"O Reino Unido tem o interesse claro de estabilizar o Mali e assegurar que o território não se torne um espaço sem governo, disponível para que a Al Qaeda e seus associados organizem ataques contra o Ocidente", defendeu o secretário de Defesa britânico, Philip Hammond, diante do Parlamento.

O principal temor do Ocidente é que o norte do Mali, uma vez controlado pelos rebeldes, se torne terreno fértil para a ação de grupos terroristas, como a Al Qaeda. Desde que o rebelde Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) proclamou unilateralmente a independência da região, em abril passado, grupos jihadistas assumiram o controle de várias áreas do território.

RPR/afp/dpa
Revisão: Francis França

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