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Malta acusa três homens por morte de jornalista

6 de dezembro de 2017

Daphne Caruana Galizia, morta em outubro em explosão de bomba, investigava ligação de políticos malteses com corrupção. Suspeitos se declaram inocentes das acusações, que envolvem homicídio e posse de material explosivo.

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Memorial para Daphne Caruana Galizia em BerlimFoto: Imago/C. Mang

Um tribunal em Malta acusou formalmente três homens nesta terça-feira (05/12) pelo assassinato da jornalista investigativa Daphne Caruana Galizia, morta em uma explosão em outubro passado.

Os acusados estão entre os dez suspeitos de envolvimento que haviam sido detidos pela polícia de Malta na véspera. Os outros sete foram libertados, mas seguem sendo investigados, informaram as autoridades. Eles entregaram seus passaportes e devem se apresentar à Justiça regularmente.

Os três principais suspeitos, todos com passagem pela polícia, são dois irmãos de 52 e 54 anos e um terceiro homem de 55 anos. Em audiência em Valeta nesta terça-feira, eles se declararam inocentes das acusações, que envolvem homicídio e posse de material explosivo. Não ficou claro se eles teriam agido sozinhos ou sob comando de alguém.

As autoridades informaram que chegaram aos suspeitos com ajuda do FBI, a polícia federal americana, por meio da triangulação de chamadas telefônicas realizadas no dia da morte da jornalista. Além disso, novos detalhes das investigações indicam que a explosão foi originada por uma bomba do tipo TNT controlada remotamente.

Galizia, de 53 anos, estava saindo de sua casa na cidade de Mosta, a menos de 15 quilômetros da capital maltesa, em 16 de outubro passado, quando uma bomba implantada em seu carro destruiu completamente o veículo.

O crime comoveu a opinião pública do país, levando o primeiro-ministro Joseph Muscat a pedir a colaboração internacional para esclarecer o assassinato. O líder acredita que as razões da morte "estão fora de Malta" e ofereceu um milhão de euros para quem fornecesse informações.

Autora de um dos blogs mais populares da ilha, Galizia revelou a participação de importantes figuras políticas maltesas nos chamados Panama Papers – escândalo mundial de corrupção que envolveu o uso de empresas para esconder dinheiro, divulgado em 2016 pela imprensa de vários países.

Entre os envolvidos estavam a mulher do primeiro-ministro, Michelle Muscat, o ministro da Energia do país e o chefe de gabinete do premiê, que teriam offshores no Panamá para receber dinheiro do Azerbaijão. Tanto Muscat como a primeira-dama negam as acusações.

Em seu blog, Running Commentary, Galizia expôs muitos casos de corrupção no país e, por vários deles, foi processada por difamação. Segundo a imprensa maltesa, a repórter havia prestado uma queixa na polícia duas semanas antes de sua morte afirmando estar recebendo ameaças.

À agência de notícias Reuters, uma amiga próxima de Galizia disse não acreditar que os três homens acusados pela Justiça nesta terça-feira estivessem entre os investigados pela jornalista. "Ela escrevia sobre autoridades do governo, políticos e homens ricos de negócios", lembrou.

Malta é uma pequena ilha no Mar Mediterrâneo, no sul do continente europeu, entre a Itália e a África. O país é um dos menores do mundo e possui cerca de 400 mil habitantes.

EK/ap/afp/rtr/dw

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