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Malta prende dez suspeitos de morte de jornalista

4 de dezembro de 2017

Daphne Caruana Galizia, morta após a explosão de uma bomba em seu carro, investigava ligação da classe política do país com corrupção. Assassinato da jornalista abalou a sociedade maltesa e preocupou a União Europeia.

Memorial para Daphne Caruana Galizia na cidade maltesa de Valetta
Memorial para Daphne Caruana Galizia na cidade maltesa de ValettaFoto: Getty Images/AFP/M. Mirabelli

A polícia de Malta prendeu dez suspeitos de envolvimento no assassinato da jornalista investigativa Daphne Caruana Galizia, informou nesta segunda-feira (04/12) o primeiro-ministro do país, Joseph Muscat, quase dois meses após ela morrer após a explosão de uma bomba em seu carro.

Todos os suspeitos detidos são de nacionalidade maltesa, e a maioria possui antecedentes criminais, disse Muscat. A polícia pode mantê-los sob custódia durante um período de 48 horas, no qual eles podem ser interrogados, formalmente acusados ou libertados. As prisões ocorreram em diversos locais da ilha no Mediterrâneo.

Leia também: Opinião: Malta é um caso para a União Europeia

O primeiro-ministro ressaltou que a operação policial ainda está em andamento. "As autoridades mantêm todas as áreas de interesse sob controle desde as primeiras horas desta manhã, e as buscas continuam", disse Muscat através do Twitter.

Segundo os investigadores, os homens detidos nesta segunda-feira são suspeitos de terem preparado a bomba que tirou a vida de Caruana Galizia, de 53 anos. A jornalista investigava possíveis casos de corrupção no país, além das atividades de traficantes de drogas, entre outros temas.

O primeiro-ministro não forneceu maiores detalhes sobre as investigações, ressaltando a necessidade de ser "extremamente cauteloso" em relação ao caso. Os investigadores malteses receberam o apoio do Escritório Europeu de Polícia (Europol) e do FBI.

A jornalista, morta no dia 16 de outubro, investigava também a relação da classe política maltesa, incluindo o primeiro-ministro e sua esposa, com o escândalo dos Panama Papers e outros casos de corrupção. Ela chegou a denunciar que estava sendo ameaçada de morte.

Muscat pediu a colaboração internacional para esclarecer o crime que comoveu a opinião pública do país. Ele acredita que as razões para o assassinato "estavam fora de Malta" e ofereceu um milhão de euros para quem fornecer informações.

Os filhos da jornalista, Matthew, Andrew e Paul, lançaram fortes críticas ao governo de Muscat, que consideram "mafioso". Eles exigem a renúncia do primeiro-ministro e de membros do alto escalão do governo que consideram responsáveis pela impunidade em relação aos crimes as irregularidades no país.

Caruana Galizia escrevia num blog bastante popular, no qual denunciava práticas de corrupção de políticos de diferentes partidos, chegando a acusar membros do governo e da oposição de atividades ilícitas e lavagem de dinheiro. Todos os acusados negaram as acusações. Nos nove meses que antecederam a sua morte, a jornalista foi alvo de 36 processos por calúnia e difamação.

A morte de Caruana Galizia abalou a sociedade maltesa e preocupou a União Europeia (UE) quanto à preservação do Estado de direito no país. Ao concluir uma missão de averiguação no país, um grupo de parlamentares europeus afirmou haver uma "percepção de impunidade" em Malta.

RC/efe/rtr

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