Mamães golfinhos usam fala de bebê com seus filhotes
28 de junho de 2023
Estudo mostra que fêmeas da espécie golfinho-nariz-de-garrafa alteram seu assobio característico ao se comunicarem com a prole.
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Um estudo publicado nesta segunda-feira (26/06) no jornal da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) revela que golfinhos fêmeas alteram o tom de seu assobio característico ao se comunicarem com seus filhotes.
Um grupo internacional de pesquisadores acompanhou por mais de três décadas 19 golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) do sexo feminino em Sarasota Bay, uma lagoa no estado americano da Flórida.
O golfinho-nariz-de-garrafa é a espécie de golfinho mais famosa no mundo e existe também no Brasil, em especial nas costas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O estudo mostrou que, assim como os humanos mudam a voz ao falar com bebês e crianças, usando uma entonação mais aguda e uma frequência mais lenta, as mamães golfinhos também atingem uma modulação mais alta e uma frequência mais espaçada ao se direcionarem a sua prole.
O assobio dos golfinhos é um sinal único e importante enviado aos seus pares, semelhante a chamar um indivíduo pelo próprio nome.
"Eles usam esses assobios para rastrear uns aos outros. Estão constantemente dizendo 'estou aqui, estou aqui'", explica uma das autoras do estudo, a bióloga marinha Laela Sayigh, da Woods Hole Oceanographic Institution, em Massachusetts.
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Microfones nos golfinhos
Para coletar os dados, os cientistas colocaram microfones nos golfinhos em vários períodos, registrando sons quando estavam na companhia de seus filhotes e quando estavam nadando sozinhos ou com outros adultos.
Filhotes de golfinhos ficam com suas mães por uma média de três anos em Sarasota, e os pais não desempenham um papel prolongado ou relevante no seu desenvolvimento.
"A mudança ocorreu com todas as 19 mães do estudo", aponta o biólogo Peter Tyack, da Universidade St. Andrews, na Escócia, também coautor do estudo.
"Este é um dado sem precedentes, absolutamente fantástico", afirma o biólogo marinho Mauricio Cantor, da Oregon State University.
O porquê de seres humanos, golfinhos e outros animais usarem a "fala de bebê" (baby talk) é incerto, mas cientistas acreditam que isso pode ajudar os filhos a aprender a pronunciar novos sons.
Estratégia usada por muitas espécies
Pesquisas que datam da década de 1980 sugerem que bebês humanos podem prestar mais atenção à fala com uma faixa de tom mais alto. Fêmeas de macacos-rhesus podem alterar suas chamadas para atrair e manter a atenção da prole, e os pássaros tentilhões-zebra elevam seu tom e diminuem suas canções para abordar os filhotes, talvez facilitando o aprendizado do canto.
"A adaptação da comunicação faz sentido para a espécie golfinho-nariz-de-garrafa, que tem uma vida longa e altamente acústica, na qual os filhotes devem aprender a vocalizar muitos sons para se comunicar", diz o ecologista comportamental Frants Jensen, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, coautor do estudo.
vg/as (AP, dpa)
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Foto: Soheil Soleimani
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Foto: Imago/Westend61
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Baleiês existe. O idioma que ficou famoso em "Procurando Nemo" tem até mesmo uma gramática. As baleias jubarte são conhecidas por cantar durante horas. Embora aves também façam isso, os mamíferos gigantes usam regras próprias. Assim como nós usamos verbos no presente ou no passado, elas combinam tons e frases e criam estrofes e melodias.
Foto: picture-alliance/dpa
Guaxinins decifradores
Guaxinins entendem mensagens rapidamente e têm ótima memória. Em uma experiência, animais foram colocados diante de 13 travas e conseguiram abrir 11 em menos de dez tentativas, incluindo aquelas com sistemas diferentes. Eles decodificaram o mecanismo e conseguiram lembrar o método três anos mais tarde.
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"Memória de elefante" não é só uma expressão. Eles se lembram de experiências vividas até 30 anos atrás e conseguem reconhecer algumas vozes. Num parque nacional no Quênia, os paquidermes reagem de forma diferente a pessoas da tribo Massai e Kamba. Eles ficam inquietos com os primeiros, porque sabem que eles caçam.
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Orangotangos precavidos
O orangotango é provavelmente um dos criminosos mais sofisticados do mundo animal. Aqueles que vivem perto de seres humanos costumam roubar secretamente rações de comida. Eles conhecem as consequências das suas ações, então apagam tudo o que aponta para o roubo – como palha espalhada ou as sementes caídas no chão.
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Papagaio consciente
O espécime mais famoso dos papagaios-cinzentos foi Alex, que conseguia diferenciar objetos, formas e cores. A ave, que já morreu, conhecia 150 palavras, mas não se tratava de uni-las sem lógica e indiscriminadamente. Quando não estava interessado em participar do treinamento, ele resmungava, por exemplo: "Eu vou embora". Em dias de mau humor do proprietário, dizia: "Sinto muito ".
Foto: Ute Walter
Cacatua paciente
A ave é capaz de planejar suas ações em passos sequenciais. Em um experimento, uma noz foi colocada dentro de uma caixa de madeira fechada com travas e parafusos. A cacatua resolveu o enigma sem ajuda – conseguiu até afrouxar os parafusos. Quando lhe ofereceram trocar a noz por outra, ela esperou alguns segundos para pensar se valeria a pena.
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Filhotes mimados
Tanto na anatomia quanto na bioquímica, macacos são muito parecidos conosco. Não é surpresa, então, que eles manipulem seus pares. Filhotes de macaco muitas vezes choram na presença de machos dominantes, mesmo que eles não lhes tenham feito nada. Por conta disso, macho-alfa se vinga do resto do grupo.
Muita gente acha que cada animal tem apenas uma técnica para caçar. Ledo engano. A aranha-saltadora sempre se reinventa de acordo com a situação. O pequeno aracnídeo é tão requintado que imita a presa capturada em sua teia ou dança como se fosse de outra espécie. Tudo para garantir a refeição do dia.