Mamografia deve começar aos 40, diz órgão de saúde americano
10 de maio de 2023
Nova orientação substitui indicação anterior que defendia início dos exames bienais somente aos 50 anos. Medida poderia prevenir até um quinto das mortes pela doença.
Anúncio
Todas as mulheres a partir dos 40 anos devem fazer mamografia a cada dois anos para detectar possível câncer de mama, em vez de somente a partir dos 50 anos, alertou nesta terça-feira (09/10) um influente órgão de saúde americano. A nova recomendação é uma medida simples que, segundo os especialistas, pode salvar milhares de vidas.
O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente da doença e a segunda causa mais comum de morte por câncer em mulheres nos Estados Unidos, matando cerca de 42 mil mulheres e 500 homens por ano, segundo dados oficiais. As mulheres negras têm 40% mais chances de morrer do que as mulheres brancas.
Segundo a Força-Tarefa de Serviços Preventivos (USPSTF, na sigla em inglês), um grupo de especialistas independentes nomeados pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo americano, a nova orientação pode evitar cerca de um quinto das mortes associadas ao câncer de mama.
Uma ciência "mais moderna e inclusiva"
A nova posição reverte uma indicação anterior feita em 2009 que aconselhava o início das triagens bienais somente aos 50 anos, a menos que as pacientes e seus médicos decidam que a triagem precoce é apropriada.
Naquela época, os benefícios da mamografia em mulheres na faixa dos 40 anos eram pequenos, aponta Carol Mangione, ex-diretora do USPSTF e atual chefe do Departamento de Medicina da Escola de Medicina David Geffen, na Universidade da Califórnia, especialmente se comparados com os danos potenciais. Entre eles, estariam, por exemplo, resultados falso-positivos, que levam a biópsias desnecessárias e, às vezes, a diagnósticos equivocados de câncer de mama.
"Muitas coisas mudaram desde então", afirma, citando o aumento nas taxas de câncer de mama em mulheres mais jovens, os avanços da mamografia digital e o desenvolvimento de melhores tratamentos.
"Uma ciência mais moderna e inclusiva sobre o câncer de mama em pessoas com menos de 50 anos nos permitiu expandir nossa recomendação anterior e encorajar todas as mulheres a serem examinadas a cada dois anos a partir dos 40 anos", disse a força-tarefa em comunicado.
Anúncio
Para quem vale a nova recomendação
Segundo o USPSTF, o benefício seria ainda maior para as mulheres negras, que geralmente têm câncer de mama mais agressivo e piores índices de sobrevida.
A recomendação do painel se aplica a mulheres cisgênero e pessoas designadas como mulheres no nascimento com risco médio de câncer de mama, incluindo aquelas com histórico familiar de câncer de mama e outros fatores de risco, como mamas densas.
Ela não se aplica a pessoas com histórico pessoal de câncer de mama, risco muito alto devido a certa predisposição genética ou com histórico de radioterapia de alta dosagem na região do peito em idade jovem ou lesão em biópsias anteriores. Essas pessoas devem consultar seu profissional de saúde para orientação individualizada sobre a triagem.
ip/bl (afp, reuters)
Evitando o câncer
Para pesquisadores, o câncer não precisa ser um destino incontornável. Eles sabem o que causa os tumores e dizem que cada um pode lutar para diminuir os maiores riscos da doença.
Foto: Getty Images
O destino nas próprias mãos
O diagnóstico de câncer sempre atinge o paciente de forma dura e inesperada. Porém, quase metade dos casos de câncer poderiam ser evitados. Cerca de um quinto dos tumores tem ligação com o fumo. A fumaça do tabaco pode gerar câncer de pulmão e muitos outros tipos de tumor. Fumar é a maior causa de câncer por responsabilidade própria, mas não é a única.
Foto: picture-alliance/dpa
Obesidade mortal
No segundo lugar da lista de maiores causadores do câncer está a obesidade por causa dos níveis altos de insulina no sangue. Eles aumentam o risco de quase todos os tipos de câncer, especialmente aqueles que atingem os rins, a vesícula e o esôfago. Mulheres obesas também produzem mais hormônios sexuais nos tecidos adiposos e podem ter maior predisposição para câncer de mama e no colo do útero.
Foto: picture-alliance/dpa
Largando o sofá
Pessoas que se movimentam pouco são mais suscetíveis a ter câncer. Estudos de longo prazo mostram que praticar esporte pode evitar o câncer. A atividade corporal diminui os níveis de insulina e impede a obesidade – e basta passear um pouco ou andar de bicicleta.
Foto: Fotolia/runzelkorn
Um brinde à saúde
O consumo de álcool pode causar câncer, suscitando tumores especialmente na região bucal, na faringe e no esôfago. A combinação de álcool e cigarro é mortal e pode multiplicar o risco de contrair câncer por cem. Por outro lado, tomar um copo de vinho por dia é considerado saudável, já que a medida estimula o sistema circulatório. Porém, é recomendado evitar ultrapassar essa quantidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Alimentos
Carne vermelha pode causar câncer no intestino. Ainda não se sabe o motivo exato, mas pesquisas mostram que existe uma relação clara entre a carne e a doença. A carne de vaca é especialmente perigosa, assim como a carne de porco – embora em menor medida. Consumindo carne vermelha, o risco aumenta 1,5 vez. A carne de peixe, por outro lado, pode prevenir o câncer.
Foto: Fotolia
Os perigos do churrasco
Ao grelhar a carne, podem surgir substâncias cancerígenas, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Em testes com animais, essas ligações químicas causam tumores. Estudos com seres humanos ainda não provaram o fenômeno de forma explícita. É possível que o problema esteja no consumo de carne em si e não na maneira de prepará-la.
Foto: picture alliance/ZB
Evitando o fast-food
Uma alimentação que contenha muitas frutas, legumes e fibras pode prevenir o câncer. Porém, estudos mostraram que uma alimentação saudável tem menos influência sobre o risco de contrair câncer que os especialistas suspeitavam. Ela diminui o risco apenas levemente, em cerca de 10%.
Foto: picture-alliance/dpa
Muito sol causa muitos danos
Os raios ultravioletas da luz do sol penetram no código genético e podem modificá-lo – o que pode causar alguns tipos de câncer de pele, como o carcinoma basocelular e melanomas. O protetor solar evita queimaduras, mas a pele bronzeada e mais escura já é um indício de que o corpo recebeu radiação demais.
Foto: dapd
Na medicina moderna
Os raios X prejudicam o patrimônio genético. Os danos de uma radiografia são mínimos, mas uma tomografia computadorizada deve ser realizada apenas quando há motivos importantes que a justifiquem. Já uma ressonância magnética é inofensiva. Também é preciso lembrar que o ser humano é alvo de radiações cancerígenas durante uma viagem de avião.
Foto: picture alliance/Klaus Rose
Infecções que causam câncer
O vírus do papiloma humano, conhecido como HPV ou VPH, pode desencadear câncer de colo de útero. Vírus de hepatite B e C chegam a gerar alterações nas células do fígado. A bactéria Helicobacter pylori (na foto) infecta a mucosa do estômago e pode causar câncer. Existe a possibilidade de vacinar-se contra muitas dessas infecções. A Helicobacter pylori pode ser combatida com antibióticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Melhores que a fama que têm
A pílula anticoncepcional pode aumentar levemente o risco de câncer de mama. Ao mesmo tempo, porém, ela diminui o risco de câncer nos ovários. Em suma, a pílula é mais benéfica do que danosa – ao menos no que diz respeito ao câncer.
Foto: Fotolia/Kristina Rütten
Sem garantias
Porém, mesmo tomando medidas para diminuir o risco de desenvolver câncer, não há garantia contra a doença. Metade dos casos de câncer no mundo têm origem genética ou são fruto da idade avançada. Especialmente os tumores no cérebro se desenvolvem sem influência externa.