Manaus decreta emergência após onda migratória venezuelana
8 de maio de 2017
Mais de 350 indígenas venezuelanos estão vivendo em condições precárias na cidade. Grupo foge da grave crise econômica. Prefeitura manauara deseja ajuda federal para ações emergenciais humanitárias.
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A prefeitura de Manaus decretou estado de emergência social devido à chegada centenas de indígenas venezuelanos na cidade e anunciou nesta segunda-feira (08/05) que vai solicitar ajuda federal junto ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
"O que nós queremos verdadeiramente é a inclusão do governo federal e do governo do Amazonas nas ações que têm como objetivo dar uma solução a curto prazo para o drama dos venezuelanos indígenas warao que estão em Manaus desde o início de dezembro do ano passado", afirmou o secretário municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos, Elias Emanuel.
De acordo com Emanuel, mais de 350 indígenas da etnia warao estão na cidade. O decreto de situação de emergência foi publicado na última quinta-feira e determina que a secretaria priorize ações emergenciais humanitárias e solicita que todos os órgãos e entidades municipais fiquem em alerta para atender às ações e atividades requeridas ou solicitadas pela pasta.
Os venezuelanos estão vivendo em condições precárias. A maioria está acampada na região da rodoviária. Os waraos sobrevivem na cidade da venda de artesanato e de doações.
Segundo Emanuel, uma das maiores preocupações é com a disseminação de doenças. A prefeitura já identificou casos de catapora e tuberculose entre os waraos e está oferecendo atendimento médico e vacinação.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, após atravessar a fronteira com o Brasil, os waraos teriam passado um tempo em Boa Vista, mas com dificuldade de conseguir alimentos resolveram seguir para Manaus.
Com a grave crise política e econômica na Venezuela, milhares de venezuelanos tem deixado o país. No Brasil, a principal porta de entrada é município de Pacaraima, em Roraima, que faz fronteira com a cidade de Santa Elena do Uiarén.
Apesar de não ser o principal destino dos venezuelanos, o Ministério da Justiça anunciou que de janeiro até a primeira semana de maio deste ano 8.231 venezuelanos pediram refúgio no país. O número ultrapassa o dobro de pedidos registrados em 2016, que ficou em 3.375.
CN/ap/lusa/abr/ots
A crise na fronteira com a Venezuela em imagens
Venezuelanos enfrentam situação de emergência em Roraima. Para escapar da fome e da pobreza, eles vivem na informalidade e de maneira precária no lado brasileiro.
Foto: DW/K. Andrade
Fronteira seca
Venezuelano cruza a fronteira sem passar pelo posto de fiscalização da Polícia Federal, em Pacaraima, no estado de Roraima. A região é de fronteira seca, ou seja, não há um rio que divide os dois países.
Foto: DW/K. Andrade
Abrigo para os índios
Indígenas venezuelanos da etnia Warao se abrigam no espaço da Feira do Passarão, em Boa Vista. Parte deles passa o dia vendendo artesanato e pedindo esmolas nas ruas.
Foto: DW/K. Andrade
Casa de imigrantes
A venezuelana Johandra Adabalo, de 23 anos, migrou de Ciudad Guayana para Boa Vista em setembro. Ela divide a casa onde vive com outros venezuelanos.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho informal
Jovem venezuelano tenta abordar motoristas na avenida Venezuela, em Boa Vista. Parte dos venezuelanos que chega a Boa Vista e não consegue trabalho formal passa os dias nos semáforos da capital, vendendo pão caseiro, morangos, garrafas d'água ou limpando vidros.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho pesado
Em Pacaraima, venezuelanos trabalham descarregando caminhão com alimentos que abastecem as lojas da cidade. Os caminhões vêm de Boa Vista, e os mantimentos são vendidos principalmente para comerciantes e famílias venezuelanas.
Foto: DW/K. Andrade
Bolívares venezuelanos
O comerciante brasileiro Ivanilton Barros de Santana (de boné), de 40 anos, usa máquina para contar o dinheiro venezuelano em sua loja, na cidade de Pacaraima.
Foto: DW/K. Andrade
Sem abrigo
Índia venezuelana da etnia Warao cozinha em terreno baldio, no centro de Pacaraima. Pelo menos 60 indígenas dormem nos arredores do terreno, ao lado da rodoviária, enquanto outras dezenas estão instaladas em outros pontos da cidade.
Foto: DW/K. Andrade
Cruzando a fronteira
Em meio à crise de desabastecimento na Venezuela, carreta com mantimentos prepara-se para cruzar o posto de fiscalização da Polícia Federal, na fronteira que divide Pacaraima e Santa Elena de Uairén.
Foto: DW/K. Andrade
Prostituição em Boa Vista
Prostituta venezuelana aguarda cliente no bairro do Caimbé, em Boa Vista. Muitas das prostitutas têm ensino superior, tinham outras profissões no país vizinho e, agora, trabalham nas ruas para conseguir comprar comida.
Foto: DW/K. Andrade
Abandono
Venezuelanos dormem na varanda de uma casa abandonada, no centro da cidade de Pacaraima. O governo de Roraima estima que 30 mil cidadãos do país vizinho tenham entrado e permanecido no estado desde 2015.