Manifestações pelo mundo marcam Dia Internacional da Mulher
9 de março de 2017
Dos EUA à Índia, mulheres vão às ruas defender seus direitos e questionar temas como desigualdade e violência de gênero. Greve geral é convocada em vários países. No Brasil, movimentos condenam reforma da previdência.
Anúncio
O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (08/03), foi marcado por protestos, marchas e paralisações em todo o mundo. Mulheres em vários países da América Latina e Europa foram às ruas trazer à tona temas como a desigualdade e a violência de gênero.
No Brasil, o movimento Marcha Mundial das Mulheres convocou protestos em dezenas de cidades, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo. Nas ruas, as brasileiras condenaram a violência contra mulher e a reforma da previdência e trabalhista e ainda defenderam a descriminalização do aborto.
Na capital paulista, a marcha saiu da Praça da Sé, mas houve manifestações em vários pontos da cidade. Uma delas chegou a fechar os dois sentidos da avenida Paulista. No vão do Masp, mulheres com cartazes e rostos pintados atenderam a um chamado internacional para uma greve geral.
Em Paris, milhares de mulheres se reuniram na Praça da República, num protesto dedicado à romancista turca Asli Erdogan, proibida de deixar a Turquia enquanto enfrenta um processo na Justiça por suposta propaganda terrorista. A escritora pode ser condenada à prisão perpétua.
Em Roma, o dia foi celebrado com assembleias, atos e greves em diversos setores públicos e privados, passando por transporte, educação e saúde. Centenas de mulheres se reuniram em frente ao famoso Coliseu, demandando igualdade salarial e mais cargos de chefia no mundo corporativo.
Também houve protestos em Madri, onde cerca de dez mil manifestantes foram à Praça de Cibeles, em frente ao prédio da prefeitura, dando especial ênfase para as vítimas da violência doméstica.
Em Moscou, um grupo de ativistas feministas foi detido após protestar dentro do complexo fortificado do Kremlin, com cartazes pelo fim do patriarcado. "Feminismo é nossa ideia nacional", dizia um deles, segundo a imprensa local. O 8 de Março é um feriado nacional na Rússia, mas é geralmente comemorado de forma mais tradicional, como presenteando as mulheres com flores.
As ucranianas, por sua vez, tentaram combater essa ideia. Em Kiev, cerca de mil pessoas foram às ruas clamar pelas origens feministas da data. "Desde o início, foi um dia para os direitos das mulheres, não um dia para flores", disse uma manifestante à agências de notícias AFP.
Em Varsóvia, milhares de polonesas se reuniram em frente à sede do governo, com cartazes que diziam "Meu corpo, minha escolha" e "O aborto é um direito da mulher", em protesto contra as propostas do governo de restringir acesso a anticoncepcionais e endurecer leis relativas ao aborto. Em apoio, atos de solidariedade ocorreram em pelo menos 49 países nesta quarta.
Manifestantes também foram às ruas na Índia, onde a desigualdade entre os direitos de mulheres e homens ainda é alarmante. Em frente ao Ministério das Mulheres e do Desenvolvimento Infantil, em Nova Délhi, estudantes condenavam, por exemplo, o toque de recolher imposto às mulheres no país.
Argentina, México, Turquia, Austrália, Bangladesh e Indonésia também registraram grandes protestos neste Dia Internacional da Mulher.
"Dia sem Mulheres"
Em Washington, centenas de pessoas, em sua maioria mulheres vestindo vermelho, se reuniram em frente à Casa Branca em protesto contra as políticas do presidente Donald Trump acerca do direito feminino. "Trump tem que sair" e "Isso é uma democracia", gritavam os manifestantes.
Os organizadores da Marcha das Mulheres, que levou cerca de três milhões de pessoas às ruas em janeiro em protesto contra Trump, convocaram para esta quarta-feira o chamado Dia sem Mulheres, pedindo para que as trabalhadoras tirem o dia de folga e mostrem sua força econômica na sociedade.
O manifesto, assinado por feministas históricas como Angela Davis e Nancy Fraser, inspirou mulheres em todo o mundo, levando a paralisações em mais de 50 países. Nos EUA, o protesto obrigou o fechamento de vários distritos escolares em estados como Virgínia, Maryland e Carolina do Norte, porque suas funcionárias decidiram aderir à greve.
EK/afp/ap/efe/rtr/ots
Dez mulheres que fizeram história
Ao longo da história, houve várias pioneiras, seja na ciência ou na luta pelo voto feminino e o direito à educação. Conheça algumas mulheres que se destacaram no seu tempo.
Foto: Hilary Jane Morgan/Design Pics/picture alliance
Primeira rainha-faraó
Após a morte de seu marido, o faraó Tutmés 2º, Hatschepsut assumiu o trono em 1479 a.C., como rainha-faraó tanto do Alto quanto do Baixo Egito. As duas décadas em que esteve no poder foram de paz e de prosperidade econômica. Seu sucessor, Tutmés 3º, no entanto, tentou apagar todos os vestígios da primeira rainha-faraó da história.
Foto: picture alliance/dpa/C.Hoffmann
Mártir francesa
Na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, Joana d'Arc, uma filha de camponeses de 13 anos, teve uma visão. Santos pediram a ela que salvasse a França e trouxesse Carlos 7º ao trono. Em 1430, ela foi presa durante uma missão militar. No julgamento, em que virou heroína da França, foi condenada a morrer na fogueira. Mais tarde, seria reabilitada e, em 1920, canonizada por Bento 15.
Foto: Fotolia/Xavier29
Catarina, a Grande
Com um golpe audacioso, Catarina 2ª derrubou o odiado marido do trono e se proclamou imperatriz da Rússia. Ela provou sua capacidade de governar ao dominar todo o território russo e liderar campanhas militares até a Polônia e a Crimeia. Graças a isso, Catarina é a única governante do mundo com o epíteto "a Grande".
Foto: picture alliance/akg-images/Nemeth
Monarca perspicaz
Quando Elisabeth 1ª ascendeu ao trono britânico, ela assumiua supremacia sobre um país em revolta. Ela acabou conseguindo apaziguar a guerra religiosa entre católicos e protestantes, e trouxe uma era de prosperidade ao império britânico. A cultura viveu seu auge com Shakespeare e os navios britânicos derrotaram a armada espanhola.
Foto: public domain
Feminista radical
Em 1903, Emmeline Pankhurst (1858-1928) fundou o movimento feminista no Reino Unido. Na luta para que as mulheres pudessem votar, fez greve de fome, incendiou casas e foi condenada. Em 1918, conseguiu que mulheres a partir dos 30 anos pudessem votar. Morreu em 1928, ano em que começou a vigorar na Inglaterra o sufrágio universal para as mulheres.
Foto: picture alliance/akg-images
Revolucionária alemã
Num tempo em que as mulheres ainda não podiam votar, Rosa Luxemburg estava à frente do revolucionário movimento social-democrático alemão. Cofundadora do movimento de esquerda Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha, tentou acelerar o fim da Primeira Guerra Mundial com greves em massa. Após a repressão da revolta espartaquista, em 1919, ela foi assassinada por militares alemães.
Foto: picture-alliance/akg-images
Grande pesquisadora
Marie Curie (1867-1934) foi uma das pioneiras na pesquisa da radioatividade, o que inclusive lhe rendeu um Nobel de Física, em 1903, mas também os sintomas da então ainda desconhecida doença provocada pela radiação. A descoberta dos elementos Rádio e Polônio lhe valeu o Nobel de Química em 1911. Após a morte do marido, Pierre, ela assumiu sua cátedra, tornando-se a primeira professora na Sorbonne.
Foto: picture alliance/Everett Collection
Diário revelador
"Sua Anne". Assim Anne Frank termina o diário que escreveu entre 1942 e 1944. Na última foto, a garota de 13 anos ainda sorri despreocupada. Dois meses mais tarde, em julho de 1942, ela se mudaria para o esconderijo em Amsterdã. Ali ela viveu na clandestinidade até ser deportada para Auschwitz, onde morreu em março de 1945. Seu diário é um dos mais importantes testemunhos do Holocausto.
Foto: Internationales Auschwitz Komitee
Primeira Nobel africana
"A primeira verde da África" escreveu um jornal alemão referindo-se a Wangari Maathai. Desde os anos 1970, ela se engajava tanto pelos direitos humanos quanto pela preservação do meio ambiente. Com a ONG Movimento Cinturão Verde ela plantou árvores para frear a desertificação. Em casa, no Quênia, ela muitas vezes foi ridicularizada. Mas, em 2004, seu trabalho foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture-alliance/dpa
Símbolo do direito à educação
Ela tinha 11 anos em 2009 quando falou à imprensa sobre os horrores do Talibã no Paquistão. Quando sua escola para meninas foi fechada, ela lutou pelo direito à educação. Em 2012, sobreviveu a um atentado à bala. Já recuperada, escreveu a autobiografia "Eu sou Malala". Em 2014, com 17 anos, ganhou o Nobel da Paz por defender os direitos de meninas e mulheres.