Em meio a crise econômica, maior onda de protestos em quase uma década coloca regime sob pressão. Tensão cresce com pelo menos 500 detenções e 13 mortes no país.
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Em meio a uma escalada da violência, os protestos entraram nesta segunda-feira (01/01) em seu quinto dia no Irã, desafiando a repressão e o alerta do regime de que manifestantes serão confrontados com "mão de ferro" se seguirem adiante.
Desde seu início, na quinta-feira, pelo menos 12 manifestantes morreram em confrontos com as forças de segurança. Nesta segunda, a imprensa estatal noticiou a morte de um policial, na cidade de Najafabad, região central do país.
O clima é de tensão em Teerã, com grande presença das forças de segurança nas ruas. O amplo aparato é resposta aos protestos de domingo, quando manifestantes chegaram a investir contra delegacias e postos militares em várias cidades do país. Só na capital, mais de 200 pessoas foram detidas até agora. Em todo o país, foram cerca de 500 detenções.
Num país em que regime e governo não necessariamente falam a mesma língua e defendem as mesmas ideias, observadores ainda tentam decifrar a natureza das manifestações, que pegaram de surpresa os líderes iranianos.
Os protestos são considerados os maiores desde a a revolta de 2009, quando uma série de manifestações tomou as ruas do país contra supostas fraudes eleitorais a favor do linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, logo se tornando um movimento de maior escala de contestação ao regime dos aiatolás.
Desta vez, os protestos tiveram inicialmente a inflação e o desemprego como alvo, mas logo ganharam tom político, com críticas ao presidente Hassan Rohani e ao líder supremo, Ali Khamenei. Não está claro, porém, se as manifestações, que acontecem por todo o país, tem uma reivindicação uníssona.
O Irã bloqueou o acesso a mídias sociais como o Instagram e a ferramentes como o Telegram no domingo, mas insistiu que foi uma medida temporária. Em contraste com protestos anteriores, o governo adotou um tom mais conciliatório desta vez – ao menos em relação a determinados grupos de manifestantes – vendo como legítimas algumas reivindicações no campo econômico.
"Os problemas do povo não são simplesmente econômicos: eles também querem mais liberdades", afirmou a parlamentares Rohani, que reclamou que a ala linha-dura do regime o impede de levar as reformas econômicas que planeja. "Este governo não tem tudo sobre seu controle"
Rohani assumiu para um segundo mandato em agosto, com promessas de revitalizar a economia, minada por sanções internacionais. Os investimentos estrangeiros estão em alta, mas o país continua a sobreviver, sobretudo, da venda de petróleo.
O desemprego entre jovens atingiu recentemente a marca de 40%. Muitas das sanções internacionais foram revogadas com o acordo nuclear de 2015, mas medidas unilaterais americanas contra transações financeiras com o Irã continuam a minar a economia e impedem a maioria dos bancos ocidentais de conceder crédito a iranianos.
O governo da Alemanha pressionou o Irã a respeitar o direito à manifestação pacífica e expressou preocupação com o número de mortos registrado nos protestos.
"Estou consternado com o desenvolvimento dos eventos no Irã e as informações sobre as vítimas", declarou em comunicado o ministro do Exterior e vice-chanceler alemão, o social-democrata Sigmar Gabriel.
Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu repetidas vezes apoio aos manifestantes no Irã – segundo ele um "grande povo reprimido durante muitos anos". O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chamou os manifestantes de bravos e heroicos e desejou que tenham "sucesso na nobre busca pela liberdade”.
Em sessão extraordinária, o Parlamento do Irã acusou Israel, Estados Unidos e Arábia Saudita de fomentarem os distúrbios gerados nas manifestações. O presidente Rohani, porém, afirmou que seria um erro ver os protestos como uma conspiração estrangeira.
RPR/ap/rtr/ots
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2017 em 17 imagens
Crise migratória, Da Vinci, ameaça nuclear, #Me Too e – como não? – Trump: esses são apenas alguns eventos de um ano cheio de momentos decisivos. Veja as melhores imagens de 2017.
Foto: Reuters/P. Noble
Destino incerto
Esta mulher rohingya sobreviveu à perigosa travessia do Golfo de Bengala num barco, fugindo da violência e repressão em sua terra natal, Myanmar. Agora na vizinha Bangladesh, seu futuro segue incerto, assim como o de 600 mil outros integrantes da minoria muçulmana que deixaram o país budista desde agosto. A ONU classifica a situação dos rohingya em Myanmar como "limpeza étnica".
Foto: Reuters/D. Siddiqui
Em pânico
Pai e filho tentam escapar do terror na cidade iraquiana de Mossul. Durante mais de três anos, o grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) controlou a cidade, assim como outros territórios no Iraque e na Síria. Nos últimos meses de 2017, os terroristas sofreram duras perdas. Desde julho, também o antigo reduto Mossul está novamente em poder do governo iraquiano.
Foto: Reuters/G. Tomasevic
Sangue frio
Sem se deixar abalar pelas sanções da Organização das Nações Unidas, o líder norte-coreano Kim Jong-un continuou testando seus mísseis em 2017. O sexto e, até agora, mais potente teste de armamento nuclear transcorreu em setembro. As tensões entre a Pyongyang e Washington se agravaram desde que análises mostraram que os mísseis da Coreia do Norte poderiam atingir o território dos Estados Unidos.
Foto: Reuters/KCNA
Libertados
Fim de uma era: sob pressão dos militares e do próprio partido, Robert Mugabe, de 93 anos, teve que abdicar da presidência do Zimbábue. O Parlamento nacional comemora. Desde a independência do país africano em relação ao Reino Unido, em 1980, ele se mantinha no poder à custa de fraudes eleitorais e violência.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
Condenado
O ex-general sérvio Ratko Mladić é responsável por um dos piores crimes de guerra cometidos desde a Segunda Guerra Mundial, ao mandar assassinar 8.300 bósnios na cidade de Srebrenica, em 1995. Depois de 16 anos escondido, ele foi preso e, em 2017, condenado à prisão perpétua pela Corte Internacional de Justiça. As esposas e familiares das vítimas não contiveram seu júbilo, ao escutar a sentença.
Foto: Reuters/D. Ruvic
Revoltosos
O presidente Nicolás Maduro tentou conter com canhões de água e violência policial os venezuelanos que protestavam contra o autoritarismo do governo. Em julho, ele destitui a Assembleia Nacional, dominada pela oposição centrista, e estabeleceu um parlamento alternativo. A crise econômica e humanitária da Venezuela perdura.
Foto: Reuters/C. Barria
Reprimidos
Após quase quatro anos de pausa, a oposição está de volta na Rússia. Através das redes sociais, o líder oposicionista Alexei Navalny mobilizou em março dezenas de milhares de russos a protestarem nas ruas contra a corrupção na presidência de Vladimir Putin. A polícia prendeu centenas de manifestantes.
Foto: Reuters/M. Shemetov
Segura de si
A atriz Rose McGowan foi uma das primeiras a denunciar publicamente o magnata hollywoodiano Harvey Weinstein por abuso sexual, desencadeando uma onda de indignação e demissões. Desde então, milhares de mulheres e homens vêm divulgando suas experiências com assédio e avanços sexuais, sob o hashtag #MeToo.
Foto: Getty Images/AFP/R. Laverty
"Fake"
"Intencionalmente falsas" foi como o presidente americano, Donald Trump, e seu então porta-voz, Sean Spicer, tacharam as notícias sobre o número de espectadores na posse do republicano – apesar das fotos provando haver muito mais gente presente quando Barack Obama assumiu o cargo, oito anos antes (dir.). Assim se lançava uma das inúmeras controvérsias deste menos de um ano de presidência Trump.
Foto: Reuters/L. Jackson (L) & S. Varias
Inflexíveis
O astro de futebol americano Colin Kaepernick foi um dos primeiros a se ajoelharem durante o hino nacional dos EUA, antes das partidas. Desde então, também para o time New England Patriots (foto), o gesto se transformou em manifestação de protesto contra a brutalidade policial e o racismo no país. E contra Donald Trump, que reagiu à inciativa simbólica com tuítes enraivecidos e ameaças.
Foto: Getty Images/J. Rogash
Cheios de ódio
Uma manifestação de extrema direita na cidade americana de Charlottesville, Virgínia, escalou quando um motorista investiu contra a multidão de opositores. O presidente Trump foi criticado por não condenar os ultradireitistas, preferindo falar de "violência dos dois lados". Dias mais tarde, diante da pressão pública e a contragosto, ele recuou.
Foto: picture-alliance/AP Photo/The Daily Progress/R. M. Kelly
Sorriso corajoso
A ativista britânica Saffiyah Khan ri na cara do líder da English Defence League (EDL), Ian Crossland, e se tornaum ícone da coragem civil contra a ultradireita. Numa passeata em Birmingham, Khan foi em socorro de uma mulher portando véu islâmico, que manifestantes de direita ameaçavam. A EDL é parte da onda populista, xenófoba e anti-islâmica que atravessa toda a Europa.
Foto: picture-alliance/empics/J. Giddens
Independente?
Uma semana após o referendo sobre a independência da Catalunha, jovens se manifestam em Barcelona pela unidade da Espanha. Antes, o governo em Madri tentara impedir com meios policiais a controvertida consulta popular sobre a independência catalã. Repetidamente, milhares têm ido às ruas, para se expressar contra ou a favor de uma divisão do Estado espanhol.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
De passagem
Os icebergs que boiam pela "Alameda dos Icebergs" no Canadá, em direção ao sul, são uma atração turística – e arautos do avanço contínuo da mudança climática global. Pois, mesmo que seja normal elas passarem pela costa da Terra Nova, todas as primaveras, as formações de gelo estão ficando maiores e mais numerosas, e chegam cada vez mais cedo. Os climatologistas estão apreensivos.
Foto: Reuters/J. Martin
Proibidos, expostos, lidos
O "Parthenon dos Livros" da artista argentina Marta Minujín foi foco de atração na mostra Documenta 14, na cidade alemã de Kassel. Decorando sua fachada, 67 mil livros que, em alguma parte do mundo, foram ou são proibidos. Ao fim, eles foram distribuídos entre os visitantes da exposição internacional de arte contemporânea. Pela primeira vez, partes da Documenta também foram expostas em Atenas.
Foto: Getty Images/T. Lohnes
Arte valiosa
Foi o maior preço já pago por um quadro: "Salvator Mundi" de Leonardo da Vinci (1452-1519) foi leiloado por 450 milhões de dólares. Com 45 cm x 65 cm, trata-se de uma das apenas 20 pinturas inequivocamente atribuídas ao gênio italiano. Segundo a casa de leilões Christie's, o comprador foi o Ministério da Cultura dos Emirados Árabes Unidos. A obra será exposta no novo Museu do Louvre em Abu Dhabi.
Foto: Getty Images/AFP/T. Akmen
Legendário
Durante anos o corredor americano Justin Gatlin foi rival de Usain Bolt (dir.). E não deixou de prestar homenagem ao jamaicano em Londres, na despedida deste do atletismo – depois de tê-lo vencido. Bolt ganhou nove medalhas olímpicas de ouro, sendo, até hoje, o único atleta a correr os 100 metros em menos de 9,6 segundos.