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Manifestantes pró-Rússia proclamam república soberana no leste da Ucrânia

7 de abril de 2014

Prédio da administração ucraniana é ocupado por separatistas, que proclamam república independente e pedem que a Rússia envie "contingente de paz" caso haja resistência.

Ativistas pró-Rússia diante de prédio da administração ucraniana em DonetskFoto: Alexander Khudoteply/AFP/Getty Images

Separatistas pró-Rússia na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, proclamaram a independência da região nesta segunda-feira (07/04), intensificando a pior crise entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria. A declaração foi feita depois de manifestantes pró-Moscou terem tomado, no domingo, prédios do governo em três cidades do leste: Donetsk, Kharkiv e Luhansk.

A ação foi classificada pelo governo ucraniano como mais uma tentativa da Rússia de semear a inquietação para legitimar uma possível invasão e divisão da Ucrânia.

O distúrbio em Donetsk começou quando cerca de 120 manifestantes pró-Moscou tomaram as instalações da administração regional na noite de domingo, exigindo a realização de um referendo para anexar a região à Rússia – assim como foi feito com a Crimeia no mês passado.

Num vídeo divulgado na internet, um homem não identificado leu, diante da bandeira da Rússia, um ato que determinava a independência da região, batizada de República Popular de Donetsk.

"Buscando criar um Estado popular, legítimo e soberano, eu proclamo a criação do Estado soberano da República Popular de Donetsk", afirmou o manifestante. De acordo com a agência de notícias Interfax, o grupo de separatistas disse que pretende realizar um referendo sobre a questão até 11 de maio.

No mesmo vídeo, o homem pede a ajuda do presidente russo, Vladimir Putin, caso o governo da Ucrânia resista à separação. "No caso de uma ação agressiva por parte das autoridades ilegítimas de Kiev, vamos apelar para a Federação Russa trazer um contingente de paz", afirmou o homem para cerca de 2 mil manifestantes que cercavam o prédio – alguns deles, armados.

O apelo segue a declaração feita por Putin no início da crise, quando o presidente justificou uma possível intervenção militar na Ucrânia para proteger russos vivendo no país.

O governo da Ucrânia reagiu, afirmando que a tomada de prédios estatais no leste do país é uma repetição do que aconteceu com a Crimeia antes do referendo de março, que "legitimou" a anexação do território autônomo pela Rússia.

"Está em andamento um plano contra a Ucrânia, sob o qual forças estrangeiras cruzarão a fronteira para confiscar o território do país", disse o primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk. "Nós não permitiremos isso."

Yatsenyuk ainda acusou a Rússia de orquestrar a tomada dos prédios estatais, afirmando ser parte de um plano para desestabilizar o governo ucraniano. "Esse cenário foi escrito pela Federação Russa e tem como único objetivo desmembrar a Ucrânia."

Sob vigia

Tropas russas continuam na fronteira com a Ucrânia. De acordo com a Otan, mais de 40 mil soldados russos estão mobilizados na região.

Depois do referendo que permitiu a anexação da Crimeia ao território da Rússia, diversas regiões ucranianas com grande presença de russos também manifestaram interesse de realizar votações do tipo, intensificando o temor de desintegração do país.

Os EUA e a União Europeia vêm trabalhando para conter a crise na região e anunciaram uma rodada de sanções à Rússia. Washington e Bruxelas também ameaçaram restrições mais duras caso soldados russos cruzem a fronteira com a Ucrânia.

Barricada erguida com pneus diante do prédio da administração local em DonetskFoto: Alexander Khudoteply/AFP/Getty Images

RM/afp/ap/rtr

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