Mantega defende "Pibinho" e descarta novas medidas de estímulo
29 de maio de 2013O primeiro balanço sobre o desempenho da economia brasileira neste ano ainda não reflete a retomada do crescimento tão esperada pelo governo. De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (29/05) pelo IBGE, no primeiro trimestre de 2013 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,6% com relação aos três meses anteriores.
Os números frustraram as expectativas de um crescimento próximo a 1%, especialmente depois de o Banco Central anunciar, há duas semanas, que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – uma espécie de "prévia do PIB" – havia sido de 1,04%. Ainda assim, após o anúncio do IBGE, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu o ritmo de crescimento e disse que o país começou o ano melhor do que havia iniciado 2012, quando a expansão na economia foi de apenas 0,2%.
"Agora houve crescimento a uma taxa muito mais elevada e com mais qualidade, porque o que mais cresceu foi o investimento, a formação bruta de capital fixo", garantiu Mantega, que considerou o PIB em linha com o cenário internacional. "Vários países desaceleraram seu crescimento neste primeiro trimestre, até mesmo a China. A economia internacional está atrapalhando a retomada do crescimento, mesmo dos países emergentes."
Segundo o ministro, as medidas de estímulo à economia adotadas nos últimos anos pelo governo Dilma Rousseff seguem produzindo resultados na economia.
"Os estímulos continuarão fazendo efeito. Temos um programa de desonerações, e isso continuará dando estímulos e aumentando a competitividade da economia brasileira", disse.
Aposta no investimento
Segundo o IBGE, o índice que calcula a variação dos bens de capitais das empresas subiu 4,6% entre janeiro e março e foi fundamental para ajudar a puxar o PIB, que atingiu 1,1 trilhão de reais no trimestre, para cima no período. Igualmente importante foi o desempenho do setor agropecuário, que cresceu 9,7% estimulado, sobretudo, por uma maior produtividade e pela recuperação da seca do ano passado.
Ao ressaltar a importância do "novo ciclo de investimentos" como atual estratégia para impulsionar a economia, Mantega destacou que o aumento nos bens de capital registrado agora se deveu especialmente ao que definiu como "conjunto de estímulos" dados pelo governo entre 2011 e 2012.
"E ainda não entrou em vigor o grande programa de concessões [entre elas as de rodovias e ferrovias] que o Brasil lançou, cujos investimentos serão feitos a partir das licitações a serem realizadas ao longo deste ano", ressaltou o ministro.
Há alguns meses o governo vem deixando de lado o estímulo ao consumo como medida para fazer crescer a economia. O consumo das famílias ficou praticamente estagnado entre janeiro e março deste ano com relação aos últimos três meses de 2012, registrando uma ligeira elevação de 0,1%. No primeiro trimestre de 2012, o aumento tinha sido de 1,2%.
"O baixo desempenho do consumo não preocupa o governo. É mais fácil recuperar o consumo do que o investimento", avaliou Mantega. "Nós não pretendemos fazer estímulos ao consumo."
Queda na exportação
O setor industrial, com uma retração de 0,3%, ajudou a minar o aumento do PIB. Os 2,1% negativos da indústria extrativa mineral são reflexo de um "adverso" cenário consumidor externo, segundo o ministro. Já a indústria de transformação, com alta de 0,3%, sofreu menos por depender mais do mercado interno.
A exportação brasileira apresentou uma significativa queda de 6,4% nos primeiros meses deste ano. O índice reflete em grande parte, segundo Mantega, a redução da exportação de petróleo brasileiro, graças a paradas técnicas feitas pela Petrobras. A baixa nos preços das commodities no mercado internacional também afetou o índice. No último trimestre de 2012, o Brasil registrou um aumento de 6,1% nas vendas ao exterior.
Do outro lado da balança, as importações no período cresceram 6,3%, capitaneadas pela compra de maquinaria e equipamentos, investimentos realizados pelo setor produtivo. O ministro destacou ainda que o governo não deve intervir na recente desvalorização do real, confiante de que a situação favoreça a indústria brasileira, aumentando sua competitividade no mercado.
Diante da frustração com o primeiro balanço econômico do ano, o governo já estuda rever a previsão de crescimento do PIB para 2013, atualmente em 3,5%.
''Certamente, nós vamos rever quando fizermos o próximo relatório bimestral e certamente será para baixo", disse Mantega.
Em abril, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) já havia revisado de 4% para 3% a perspectiva de expansão da economia brasileira para este ano. A média de aumento do PIB esperada para a região é de 3,5%. Também o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de aumento do PIB do Brasil de 3,5% para 3%.