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Maracanã se despede da Copa sem ver a Seleção, porém mais lendário

Rafael Plaisant14 de julho de 2014

Mais de seis décadas depois, maior templo do futebol brasileiro volta a receber uma final de Copa do Mundo e, apesar de não receber uma partida do Brasil, reforça seu caráter mitológico para o esporte.

Foto: WM-OK Brasilien

A despedida passou longe de ser melancólica. O adjetivo não combina com uma final de Copa do Mundo. Mas os cidadãos do país do futebol não escondem uma ponta de tristeza pelo fato de o mais lendário de seus estádios ter sido a única personagem brasileira da decisão deste domingo (13/07).

O Maracanã do trauma de 1950 – "o mais espetacular silêncio da história do futebol" –; do show Frank Sinatra em 1980 para 175 mil pessoas – "o maior momento da minha carreira" – e do milésimo gol de Pelé – "uma vitória ali vale por duas em qualquer outro estádio"– não viu a seleção brasileira na Copa de 2014.

Mas saiu da sua segunda final de Copa ainda mais mitológico. Não por ter testemunhado a derrocada da então atual campeã mundial Espanha perante o Chile (2 a 0). Ou a consagração do colombiano James Rodríguez, com um gol de placa na vitória sobre o Uruguai (2 a 0).

O gol de Gigghia na final de 1950

Mas por ter recebido mais uma final. E porque "homens passam, civilizações desaparecem e monumentos ficam", como disse Jules Rimet, então presidente da Fifa, em sua inauguração. Fica remodelado, é verdade. Desfigurado, dirão os críticos e seus frequentadores mais ferrenhos. Mas ainda sagrado para o futebol e o segundo ponto turístico mais visitado do Rio de Janeiro.

"Ainda que tenha mudado a arquitetura, o Maracanã continua a ser um templo sagrado do futebol. Parece o lugar ideal para se levantar uma taça", disse o alemão Thomas Müller, artilheiro da campanha do tetracampeonato alemão.

Pelo Maracanã passaram muitos dos grandes nomes do futebol desde 1950. Quem soube reverenciá-lo, como Zico, Garrincha e Pelé, virou ídolo em seus gramados. O estádio recebeu 129 jogos do Brasil, 87 deles em sua primeira metade de vida, quando ajudou a Seleção a construir sua identidade.

Alemães comemoram o gol da vitóriaFoto: Reuters

Sessenta e quatro anos após sua inauguração, o estádio que João Havelange disse que deveria ser implodido continua de pé. Ainda que não o suficiente para a ver a seleção brasileira campeã mundial em seus gramados. Mas, como disse Mário Filho, o jornalista que dá nome ao estádio, "acreditar no Maracanã é acreditar no Brasil".

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