Após anos de confrontação, ex-jogador argentino anuncia que assumirá uma função na entidade. Ainda não está claro o que ele vai fazer, mas El Pibe afirma que vai trabalhar por uma Fifa "limpa e transparente".
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O ex-jogador argentino Diego Maradona anunciou, nesta quinta-feira (09/02), que "é oficial" que ele trabalhará para a Fifa. Após anos de confrontação com o órgão que rege o futebol mundial, Maradona assumirá uma função na federação, mas ainda não está claro o que exatamente ele fará.
"Agora, sim, é oficial. Finalmente posso realizar um dos sonhos da minha vida, trabalhar por uma Fifa limpa e transparente, com pessoas que realmente amam o futebol. Obrigado a todos os que me encorajaram a enfrentar esse novo desafio", escreveu Maradona em seu perfil no Facebook. A breve mensagem, escrita em espanhol, italiano e inglês, foi acompanhada por uma foto do ex-craque argentino ao lado do presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino.
El Pibe afirmou que tem como objetivo contribuir para que a entidade se torne "limpa e transparente". Já a Fifa afirmou esperar que Maradona, de 56 anos, tenha um papel muito importante na promoção do futebol em todo o mundo. "Em reconhecimento a uma única e excepcional contribuição para o futebol, a Fifa está buscando a melhor forma de colaborar com Maradona", indicou um porta-voz. "Vamos assegurar que tenha um papel importante na promoção do futebol por meio de sua participação em projetos de desenvolvimento e o programa de lendas da Fifa."
Campeão da Copa do Mundo de 1986 com a Argentina, ex-capitão e ex-treinador da Albiceleste, Maradona esteve por anos em conflito com a Fifa, distribuindo duras críticas e chamando a entidade de máfia. Após a saída de Joseph Blatter da presidência, Maradona apoiou o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein e acusou Infantino de "traidor".
As diferenças entre El Pibe e o presidente da Fifa foram superadas depois que ambos se reuniram em Paris, em meados de junho. "Não, não tenho nenhum problema [com ele]", afirmou Maradona, em janeiro, após a festa anual da Fifa que elege o melhor jogador do mundo.
PV/efe/dpa
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.