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Marcado novo julgamento do ex-ditador egípcio Mubarak

3 de março de 2013

Já condenado à prisão perpétua, ex-líder voltará a responder por centenas de mortes durante a revolução no Egito. Em visita ao país, secretário norte-americano de Estado pede reformas econômicas ao governo no Cairo.

Foto: REUTERS

Está marcado para o dia 13 de abril o início do novo julgamento contra o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, acusado de participação no assassinato de manifestantes contrários a seu governo, em 2011. Segundo a agência estatal de notícias Mena, a corte de apelação também reabrirá os processos contra dois dos filhos de Mubarak, assim como contra seu ministro do Interior e principais assessores.

Com a saúde abalada, o ex-ditador de 84 anos recebe tratamento num hospital militar. Após quase 30 anos no poder, Mubarak foi forçado pelos militares a renunciar em 11 de fevereiro de 2011. Mais tarde foi detido e, após dez meses de processo, condenado à prisão perpétua no ano passado. Os juízes o consideraram corresponsável pela morte de mais de 800 manifestantes durante os 18 dias de revolução contra o regime.

Contudo, tanto a defesa quanto a promotoria pública apontaram diversas falhas no processo e apresentaram recursos a um tribunal de cassação. Por sua vez, muitos egípcios declararam-se decepcionados pelo fato de Mubarak não ter sido sentenciado por ordenar o massacre dos manifestantes. Em janeiro último, uma corte do Cairo deferiu o pedido de revisão.

Superação de diferenças

Encerrando sua viagem de dois dias ao Egito, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, exortou o governo no Cairo e a liderança militar a empreenderem reformas e a superarem os profundos rachas no país.

Em conversas com o presidente Mohamed Mursi e o ministro do Exterior Kamel Amr, Kerry enfatizou a importância das reformas econômicas. Estas seriam pré-condição para a concessão tanto de um crédito-reserva no valor de 4,8 bilhões de dólares, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), quanto do auxílio financeiro prometido por Washington.

"A melhor forma de assegurar a preservação dos direitos humanos e um sistema sólido de divisão de poderes é garantir uma participação política e econômica o mais abrangente possível", declarou o político democrata após encontro com Amr. Ele disse ainda que para decidir as questões urgentes, porém, é necessário que todos os envolvidos mostrem disposição em ceder.

Manifestantes associam Kerry a governo islâmico do EgitoFoto: Reuters

Protestos contra EUA

A visita do chefe da diplomacia norte-americana ao Egito foi ofuscada por arruaças e manifestações. No sábado, diversos oposicionistas – entre os quais o ex-candidato presidencial Hamdien Sabahi e o Prêmio Nobel da Paz Mohammed ElBaradei – recusaram uma oferta de diálogo com o secretário de Estado. Adeptos do partido liberal e o de esquerda protestaram contra a visita diante do Ministério das Relações Exteriores. Por motivos de segurança, a embaixada dos EUA ficou fechada neste domingo.

A oposição secular do Egito acusa Washington de apoiar a Irmandade Muçulmana, que ocupa o governo, mesmo com o grupo egípcio não atendendo às regras democráticas. Os oposicionistas conclamaram a um boicote das eleições parlamentares, que começam no dia 22 de abril.

John Kerry segue viagem para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar. Antes de partir para o Oriente Médio, o novo secretário de Estado dos EUA passou pelo Reino Unido, Alemanha, França e Turquia. Na próxima quarta-feira, Kerry retorna a Washington.

AV/rtr/ap/dpa/afp
Revisão: Mariana Santos

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