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Mares secos

21 de julho de 2009

Chegou-se a pensar que a Lua fosse habitada por espécies exóticas, que grandes mares cobrissem sua superfície. Mas o satélite de mais de 4 bilhões de anos ainda não tem moradores, e seus "mares" são secos como desertos.

Crateras na lua intrigam observadoresFoto: picture-alliance/dpa

O satélite natural da Terra parece velho: completamente cinza, tem a face marcada por rugas, manchas e cicatrizes. Vê-se que já passou por muita coisa em sua longa vida.

Mas, levando-se em consideração seus 4,5 bilhões de anos de idade, pode-se dizer que a Lua envelheceu com dignidade. Uma plástica está fora de questão, e tampouco é necessária: a cada quatro semanas, ela se cobre com um véu de escuridão, ficando invisível a partir da Terra.

A grande variedade de paisagens na superfície da Lua faz com que, vistas daqui, algumas áreas pareçam escuras, outras mais claras. Há quem vislumbre a imagem de um rosto; para outros, as marcas na Lua se assemelham a um coelho saltando.

Maria...

Ainda na época do astrônomo Galileu Galilei, os primeiros a observá-la pelo telescópio batizaram as zonas escuras de maria – "mares" em latim. Eles imaginavam imensos corpos de água ondulando na superfície daquele que os poetas denominavam "líquido planeta", habitado por espécies lunares muito especiais. Hoje, tudo isso é lenda: apesar de muitos astrônomos ainda se referirem a maria, está claro que a Lua é tão seca quanto um deserto.

Áreas escuras e claras: 'maria' e 'terrae'Foto: picture-alliance / All Canada Photo

A Lua é coberta por uma camada espessa de poeira, hoje completamente congelada. E o passado do satélite parece ter sido muito turbulento: assim como aconteceu com a Terra, em seu primeiro bilhão de anos de existência, a Lua foi exposta a um tremendo bombardeio. Destroços originados na formação dos planetas, meteoritos e asteróides inteiros colidiram brutalmente com sua superfície. Ainda hoje, as crateras são testemunhas desses impactos.

As crateras maiores foram gradualmente preenchidas com lava, proveniente do núcleo lunar extremamente quente. As manchas escuras do satélite são, na verdade, consequência dessa atividade vulcânica. As maria provavelmente se formaram há 3 bilhões de anos, quando o pior bombardeio de dejetos espaciais já passara. Isso explica por que há relativamente poucas crateras nas áreas mais escuras.

... e terrae

As regiões mais claras são chamadas de terrae, ou "terras altas" – por serem mais elevadas do que as maria. As amostras de solo coletadas pela missão espacial Apollo demonstram que já houve atividade vulcânica na Lua. É possível que a lava tenha alcançado a superfície através das rachaduras abertas pelo impacto de meteoritos nas crateras.

Os primeiros cientistas a observar a Lua deram às áreas escuras nomes fantasiosos, celebrando as condições supostamente paradisíacas do satélite terrestre: mar do júbilo, do néctar, da crise, das nuvens e também Mare Fecunditatis – mar da fertilidade.

A zona escura mais conhecida na parte mais próxima da Terra, o "olho direito" da face da Lua, é chamado Mare Tranquilitatis. Um nome obviamente equivocado, pois após 4,5 bilhões de anos a paz lunar seria definitivamente perturbada. Foi em 20 de julho de 1969, quando Neil Armstrong deu os primeiros passos no satélite. Justamente em pleno Mar da Tranquilidade.

Autor: Dirk Lorenzen
Revisão: Augusto Valente

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