Centenas de manifestantes se opuseram a ato extremista pelos 30 anos da morte de Rudolf Hess, vice de Hitler. Mais de mil ativistas conseguiram deter passeata, obrigando a uma mudança de rota. Polícia registrou prisões.
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Várias centenas de manifestantes de grupos de esquerda se reuniram em Berlim para
protestar contra uma marcha de neonazistas para lembrar os 30 anos da morte de Rudolf Hess, que fora vice de Adolf Hitler até sua captura pelas forças britânicas em 1941.
Cerca de 700 neonazistas participaram da passeata, que começou nos arredores da estação ferroviária do bairro de Spandau, em meio a reforçado esquema de segurança, que contou com cerca de mil policiais, destacados para evitar confrontos entre os dois grupos.
Mais de mil antifascistas conseguiram parar a marcha neonazista, obrigando a polícia a determinar uma mudança da rota originalmente planejada, sem que tenham ocorrido maiores tumultos, segundo um porta-voz da polícia. Houve, entretanto, confrontos isolados e foram realizadas algumas prisões.
Os radicais de direita pretendiam ir da estação até a Wilhelmstrasse, rua onde ficava a prisão para criminosos de guerra onde Hess esteve preso até seu suicídio, em 1987.
As autoridades alemãs autorizaram a marcha neonazista com base nas leis que garantem liberdade de expressão e de reunião, mas impuseram uma longa série de restrições como não usar símbolos proibidos na Alemanha, como suásticas, uniformes nazistas ou entoar slogans nazistas. Os extremistas também foram proibidos de glorificar a pessoa de Hess por imagens ou palavras, e só foram autorizados a levar uma faixa ou cartaz para cada 50 manifestantes.
Hess foi preso em 1941 depois de viajar de avião, sozinho, da Alemanha para a
Escócia com a intenção de negociar a paz com o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945 com capitulação incondicional da Alemanha nazista. Hess foi condenado à prisão perpétua nos julgamentos de Nurembergue, em que afirmou que não se arrependia de nada.
Ex-braço direito de Hitler e ex-vice-presidente do Partido Nazista, ele cometeu suicídio em uma prisão de Spandau em agosto de 1987, se enforcando com um fio elétrico aos 93 anos, sendo venerado até hoje pelos neonazistas como um mártir.
A prisão que hospedou Hess por 40 anos foi demolida por medo de que se tornasse um lugar de peregrinação para neonazistas. No local, foi erguido em um centro comercial.
As tentativas de políticos alemães de proibir a marcha em Spandau foram infrutíferas. "Eu gostaria de poder impor uma proibição, mas analisamos cuidadosamente (a situação jurídica) e constatamos que a ordem liberal e democrática infelizmente também vale para filhos da mãe", disse o secretário de Interior de Berlim, o social-democrata Andreas Geisel, em entrevista à estação de rádio pública alemã RBB.
MD/dpa/afp
Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.