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Belarus condena líder oposicionista a 18 anos de prisão

14 de dezembro de 2021

Tikhanovsky é considerado culpado por motins e incitação ao ódio. Preso após se candidatar contra Lukashenko, foi substituído pela mulher, Svetlana, que liderou protestos e teve que fugir do país após eleição.

Svetlana Tikhanovskaya com foto do marido, Serguei
Svetlana Tikhanovskaya com foto do marido, Serguei Foto: Vondrouš Roman/CTK/dpa/picture alliance

Um tribunal de Belarus sentenciou nesta terça-feira (14/12) a 18 anos de prisão Serguei Tikhanovsky, marido da líder da oposição belarussa Svetlana Tikhanovskaya, que vive exilada na Lituânia.

O ativista e youtuber Tikhanovsky galvanizou no ano passado um movimento de protesto sem precedentes contra o presidente belarusso, Alexander Lukashenko, chamado de "o último ditador da Europa".

Após um julgamento de seis meses a portas fechadas em um centro de detenção na cidade de Gomel, no sudeste do país, o tribunal considerou Tikhanovsky, de 43 anos, culpado de organizar motins e incitar o ódio social, entre outras acusações, informou o jornal estatal Sovetskaya Belarus.

Svetlana Tikhanovskaya criticou o veredicto contra seu marido. "O ditador vinga-se publicamente de seus oponentes mais fortes", escreveu ela no Twitter depois que seu marido foi condenado. "Enquanto esconde os presos políticos em julgamentos fechados, ele espera continuar a repressão em silêncio. Mas o mundo inteiro observa. Não vamos parar", acrescentou ela, em inglês.

Outros réus

Um dos cinco corréus de Tikhanovsky no caso, o político veterano Mikola Statkevich, de 65 anos, foi condenado a 14 anos. Statkevich desafiou Lukashenko nas eleições de 2010, mas foi condenado a seis anos de prisão. Libertado no início de 2015, ele foi impedido de contestar a votação de 2020.

Tanto Tikhanovsky quanto Statkevich estão sob custódia desde maio de 2020. Pouco se sabe sobre o julgamento, que começou em junho.

Outro réu de destaque, Igor Losik, de 29 anos, foi condenado a 15 anos de prisão. Ele havia sido detido em meados de 2020 e acusado de usar seu canal popular no aplicativo de mensagens Telegram para incitar tumultos.

Os outros três réus no caso são o blogueiro Vladimir Tsyganovich, bem como dois ativistas ligados a Tikhanovsky: Artyom Sakov e Dmitry Popov. Tsyganovich recebeu 15 anos de prisão, enquanto Sakov e Popov foram condenados a 16 anos cada.

Repressão

No poder desde 1994, Lukashenko vem reprimindo seus oponentes desde que protestos sem precedentes eclodiram após as eleições de 2020, cujo resultado não foi reconhecido pelo Ocidente.

O governo de Lukashenko prendeu ou forçou à fuga todos os seus oponentes mais proeminentes.

Tikhanovsky planejava concorrer contra Lukashenko nas eleições presidenciais de agosto de 2020 em Belarus, mas foi preso em maio, dois dias depois de declarar sua candidatura.

Sua mulher, Svetlana – sem experiência na política na época da prisão do marido – ocupou o lugar dele nas urnas e foi amplamente considerada como tendo vencido as eleições.

Durante a campanha, ela levou dezenas de milhares de pessoas às ruas. Os resultados oficiais, entretanto, deram a Lukashenko uma vitória esmagadora e sua reeleição para um sexto mandato. Isso gerou uma série de grandes protestos, o maior dos quais levou cerca de 200 mil às ruas da capital, Minsk.

O governo de Lukashenko lançou uma repressão violenta dos manifestantes, prendendo mais de 30 mil e agredindo brutalmente milhares.

"Continuarei defendendo quem amo"

Antes de o veredicto ser anunciado, Svetlana havia prometido continuar lutando pela libertação de seu marido. "Vou continuar defendendo a pessoa que amo e que se tornou o líder de milhões de belarussos", disse Tikhanovskaya em um vídeo postado nesta terça-feira no Twitter.

Nele, ela aparece sentada em frente a uma parede com desenhos de crianças. "Vou tentar fazer algo muito difícil, talvez impossível: aproximar o momento em que nos veremos em uma nova Belarus."

Ela acrescentou que qualquer veredicto seria "ilegal e não algo com o qual se possa fazer as pazes".

md (AFP, AP)