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Marielle morta por milicianos, diz secretário de segurança

14 de dezembro de 2018

Segundo o general Richard Nunes, milícia acreditava que atuação da vereadora poderia atrapalhar negócios ligados a grilagem de terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Crime completou nove meses nesta sexta-feira

Brasilien Die Politikerin Marielle Franco
Vereadora foi assassinada junto com o motorista Anderson Gomes na noite de 14 de marçoFoto: CMRJ/Renan Olaz

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, afirmou acreditar que a vereadora Marielle Franco (POSL) foi assassinada porque milicianos achavam que ela poderia atrapalhar negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro. A revelação foi feita numa entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. O crime completou nove meses nesta sexta-feira (14/12), ainda sem solução.

De acordo com o secretário, que assumiu o cargo em fevereiro após o presidente Michel Temer decretar intervenção na segurança pública do Rio, o homicídio já estava sendo planejado desde 2017. A vereadora foi assassinada junto com o motorista Anderson Gomes na noite de 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, no Centro do Rio. Eles foram baleados quando voltavam para casa, na Tijuca, após participar de evento na Casa das Pretas, na Lapa.

"Ela estava lidando em determinada área do Rio controlada por milicianos, onde interesses econômicos de toda ordem são colocados em jogo. No momento em que determinada liderança política, membro do Legislativo, começa a questionar relações que se estabelecem naquela comunidade, afeta os interesses daqueles grupos criminosos. [...] O que leva ao assassinato da vereadora e do motorista é essa percepção de que ela colocaria em risco naquelas áreas os interesses desses grupos criminosos", disse Nunes.

Ainda segundo o secretário, a milícia temia que o ativismo da vereadora levasse a "uma conscientização" dos habitantes da área sobre a posse da terra. "Isso causou instabilidade", no entanto "os criminosos superestimaram o papel que a vereadora poderia desempenhar", afirmou.

O secretário disse não ter ideia se será possível anunciar a prisão dos envolvidos até o fim do ano, quando termina a intervenção no estado. "O erro que não se pode cometer não é deixar de anunciar até 31 de dezembro. É anunciar precipitadamente, e essas pessoas virem a ser inocentadas por um inquérito mal concluído." Ele também acrescentou ser "provável" que alguns dos suspeitos já estejam mortos.

Na quinta-feira, agentes da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro lançaram uma operação na capital estadual e em outros municípios para cumprir mandados de prisão e apreensão contra suspeitos de ligação com a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

De acordo com o jornal O Globo, um dos alvos da operação é uma quadrilha especializada na clonagem de veículos, suspeita de ter clonado o veículo usado pelos assassinos da vereadora, não encontrado até hoje.

Ainda segundo o jornal, baseado na linha de investigação que aponta milicianos como os autores do crime por causa da disputa de terras na Zona Oeste, o Ministério Público pediu a expedição de mandados de busca e apreensão na casa do vereador Marcello Siciliano (PHS), em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio e em suas empresas. Ao Globo, o vereador negou qualquer ligação com o crime.

JPS/ots

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